sexta-feira, 29 de julho de 2011

IVO DIODATO E CARLINHOS DE SERTÂNIA - ARTESÃOS PERNAMBUCANOS


Cerâmica de Ivo Diodato
Um Artesão competente, que também é poeta e grande figura humana é o Ivo Diodato. Nascido e criado em Tracunhaém, terra de grandes ceramistas, destacou-se no meio de tantos com um trabalho criativo e belo.  Inspirado no famoso quadro de Tarsila do Amaral, "O Abaporu", criou suas figuras com grandes pés e sem um rosto definido, que chamam a atenção pelo colorido sóbrio, em cores terrosas, que valorizam a essência da cerâmica.

Comunicativo, para rimar com Ivo, Diodato prestou-me um curto, mas valoroso depoimento.  Interesante no seu trabalho é que, no sentido oposto à vertente natural da maioria dos artesãos de Tracunhaém, que seguem a linha do conhecido santeiro Zezinho, de traços barrocos e rebuscados, Ivo Diodato, nas suas linhas mais puras e nas suas cores mais sóbrias, conquista de imediato, um público variado, plural. No vídeo e na foto, uma amostra desse grande Artista pernambucano. 

Retirantes


Carlinhos é o seu nome.. Menino novo, mas competente.. Aprendeu com os Mestres artesãos de sua terra Sertânia e mostrou que aproveitou bem a lição.. Encontrei Carlinhos em seu box na última FENEARTE e solicitei dele um depoimento para o Blog, que me concedeu com a sua característica simpatia e humildade.  O som do vídeo ficou um pouco prejudicado pelo barulho intenso de milhares de pessoas circulando pelo Centro de Convenções de Pernambuco, num dos derradeiros dias da grande Feira de Artesanato.  Mas acho que valeu a pena trazer a arte de Carlinhos para enriquecer esta página do Blog.
Arte extraída do sofrimento

Eu tinha ficado de voltar, para comprar a ele um par de retirantes (a escultura em madeira que é sua especialidade), uma peça de linhas simples mas muito belas que retrata bem o sofrimento do nordestino no flagelo da seca.. Destinar-se-ia a presentear meu filho, que vou visitar nos EEUU, durante o mês de Agosto vindouro e parte de Setembro.. Terminei afastando-me do local, e de box em box, concluindo minha visita à Feira, sem ter voltado para comprar-lhe o artesanato.  Mas resolvi o problema, adquirindo duas peças do mesmo Artista, desta vez na Casa da Cultura, ontem.. Nossa homenagem a mais um artista de valor desta terra de tantos valores..


Acesse aqui o vídeo:
http://www.youtube.com/fredcrux1#p/u/1/sI4GkKNZPKo



quinta-feira, 28 de julho de 2011

MEUS AMIGOS ANIMAIS (3)

Jacaré-Pantanal Norte


Flamingos - Foz do Iguaçu
Beija-flor  - Foz do Iguaçu
 Prossigo na série, trazendo mais amigos super racionais, vindos de várias latitudes do Brasil, cada um deles com uma história pra ser contada, com suas cores para serem relembradas, com a emoção do momento de fotografá-los sendo acrescida à admiração que eu sempre tive por eles, pela Natureza que tanto respeitam e para a qual não damos a mínima atenção, na maior parte do tempo.  Aliás, só nos lembramos deles, muitas vezes, quando servidos em algum prato.  Até nesse momento não lhes damos o valor que merecem.. e ainda nos chamamos de racionais?
Tucano - Foz do Iguaçu


Dourado - Bonito (MS)
Ouriço-cacheiro- Japaratinga (AL)

segunda-feira, 25 de julho de 2011

A HISTÓRIA DA MULHER QUE VIROU PÓ

I
Eu vou contar pra vocês
Uma história deprimente
Da mulher que virou pó
Numa vida inconsequente
Procurou felicidade
Em drogas e aguardente
E bebeu de fazer dó
Sem valorizar a voz
Que Deus lhe deu de presente

II

Winehouse, o sobrenome
Da cantora inglesa AMY
Ganhou fama pelo mundo
Fez sucesso, foi reclame
Ganhou montes de dinheiro
Mas torrou tudo ligeiro
No haxixe e na maconha
Heroína e cocaína
Numa vida sem-vergonha

III

Bebia de tudo muito
Pouco pra ela não vale
Cantava cambaleando
E vinha se aguentando
De um ano para cá
Desceu tanto na ladeira
Fazendo tanta besteira
Drogou-se até abusar
E agora virou caveira

IV

Por isso digo a vocês                                              
Não tem drogado sem culpa
Um jovem que se vicia
Não pode inventar desculpa
(Eu não sei, eu não sabia..)
Sabia sim, seu babaca
Porque conselho não ouvia
Buscando só o barato
Daquela falsa euforia

V

Tem barato bem melhor
Pra você achar o rumo
De uma vida bacana
Equilibrada, no prumo
Não vá atrás de "caneiro"
Não fume, pratique esporte
A resposta vem ligeiro
Você se sente mais forte
E estará entre os primeiros

VI

Uma vida sem o vício
Seja lá que vício for
Não é assim tão difícil
Aprenda a se dar amor
A cuidar de você mesmo
Estude, seja decente
Se lhe chamam de "quadrado"
Não ligue, prossiga em frente
Você será premiado !



Recife 25.07.11
Fred Monteiro

O HILLMAN VERDE (para Pedrinho, Renato e Ana Paula)

- UMA HOMENAGEM PÓSTUMA AO MEU QUERIDO IRMÃO PEDRO AUGUSTO -

Pedro Augusto é o segundo no sentido anti-horário, entre
Zé Araújo e eu , todos três de óculos)
Verde claro.. Por baixo da pintura recente, uma cor indeterminada. Talvez houvesse sido branco... ou creme, quem sabe?  Afinal o carrinho tinha seus mais de 20 anos de idade, naqueles distantes dias de 1968. 

Mas fora o que o Pedrão, nosso empresário, também conhecido como "Meu Pezinho" ou "45, Forma Larga", considerou o seu primeiro troféu.  Andava, não andava?  Se bem que ficasse mais tempo paraado, teimosamente bronqueado com essas coisas que costumam dar em carrinhos velhos, de compradores inexperientes:  carburadores vazando ou entupidos; bobinas esquentando ou falhando; bateria descarregada, quase sempre; a lista, vocês sabem, é interminável..

O resultado era o esperado: muitas horas de empurrão, poucas de efetiva locomoção.  Mas, fazer o que?  Foi o primeiro carro próprio de um dos componentes dos Tártaros.  E tinha  até rádio !!  Ah, que rádio !!!!
Pedrão entre Zé Araújo(no contrabaixo) e eu atrás, (no órgão elétrico)
Sem gozação, o rádio valia tanto quanto o carro.  Ou mais.. Aliás, em matéria de som,  pouco deixava a desejar, comparativamente a um rádio ou radiola domésticos.  Agudos perfeitos, graves redondos, chegamos a ouvir nele, inúmeras vezes, pelas ondas sonoras da Rádio Tamandaré, programa "Músicas na Passarela", os dois grandes sucessos dos Tártaros.

O Pedrão se lixava para reclamações quanto ao desempenho do  Hillman, mas ficava furioso se alguém reclamava do som do rádio.  Tanto que considerava um elogio e ria com vontade do alto do seu metro e noventa, quando alguém (e não faltava quem) dizia jocosamente:

- Pedrão, compra um carro pra botar nesse rádio !!!!

(do meu livro de crônicas "Tártaros, os Seis do Recife")

sábado, 23 de julho de 2011

MINHAS DUAS MÃES


Quem chega no meu estúdio de gravação não pode deixar de ver este simples porta-retratos em cima da minha mesa de trabalho.  E sempre pergunta, extasiado com a  beleza dessas duas mulheres: Quem é essa criança tão linda?  Quem é esta senhora tão bela?

Eu, orgulhoso, dou sempre a mesma resposta, mesmo que já a tenha dado centenas e centenas de vezes, nos mais de 10 anos que o retrato está lá:  - São minhas mães !!  -????  Mães ?!  Mãe só tem uma.. E eu, rápido e mais orgulhoso ainda:  - Mas sou um privilegiado ! Eu tenho duas.. Minha mãe natural é a pequenininha.. Maria.. Ela teria hoje 87 anos, não tivesse voltado ano passado, para encontrar meu Pai, que também se foi.  Maria, minha mãe, estava nesta foto com dois aninhos, apenas..

Mas esta senhora que a segura nos braços, esta senhora de sóbrio semblante, olhos carinhosos e uma meiguice sem par, também é minha mãe..  Criou Maria e ajudou-a a criar todos os seus 13 filhos, o terceiro dos quais sou eu, seu afilhado.  Dedé era o seu nome.. De batismo e documentos, era Maria Josefa da Conceição.   Palmarense, como meu pai Frederico, nascida e criada no Engenho Barra do Dia..  Teria hoje seus 118 ou 120 anos, não sei bem ao certo; tinha aproximadamente a idade da minha avó Maria Anna.

Nunca vi criatura mais meiga e amorosa que Dedé.. Não me lembro, em todo o tempo que convivi com ela, de uma palavra amarga, de uma frase ríspida. Era minha madrinha de batismo e minha protetora em todas as molecagens que eu aprontava.. Defendia-me a  toda hora e escondia os meus mal-feitos.  Ensinou-me a gostar do frevo e do maracatu.. E em sua homenagem, compus um maracatu que foi vitorioso no Festival de Músicas Carnavalescas da Prefeitura, no ano 2001.   Chama-se "Estrela do Poço" e vocês podem ouví-lo no player abaixo..

Dedé era devota de Yemanjá e ao mesmo tempo muito católica nas suas devoções a Nossa Senhora da Saúde, que tem sua capela multicentenária no nosso bairro do Poço da Panela. Sonho com ela, tanto quanto sonho com Maria.  Elas devem estar trocando receitas celestiais e quando  um dia eu for encontrá-las tenho a certeza que vai ter uns bolinhos de goma maravilhosos me esperando por lá...




quinta-feira, 21 de julho de 2011

CORAL CANTO DA BOCA - PARTE FINAL

Aqui a terceira e última parte do Show do Coral Canto da Boca e convidados, no Teatro da UFPE, ano 2000. Neste final apoteótico, duas músicas belíssimas: Penas do Tiê, numa interpretação conjunta dos Corais Canto da Boca e Meninos de São Caetano acompanhados pela Camerata Studio de Música e o conhecido frevo "Três da Tarde", de Lídio Macacão, uma das marcas registradas do nosso Carnaval, interpretada pelos dois Corais com acompanhamento da Camerata e de fração da Orquestra dos Meninos de São Caetano.

Um final de Show realmente inesquecível, aplaudido de pé por uma platéia que lotou o Teatro e jamais esquecerá, temos certeza, aquela noite de Música, Alegria e Emoção!

CORAL CANTO DA BOCA - SEGUNDA PARTE - SHOW UFPE/2000

Atendo a pedidos para postar em sequência partes do vídeo do Show do Coral Canto da Boca, Meninos de São Caetano e Camerata Studio de Música, no Teatro da UFPE, no ano 2000.  Nesta segunda parte, "Poema de Natal", "Yemanjá-Otô", com solo de Hamilton Florentino e a antológica e muito aplaudida "Feira de Caruaru", de Onildo Almeida. Curtam e revivam esse maravilhoso espetáculo, proporcionado pelo Canto da Boca e seus convidados !

terça-feira, 19 de julho de 2011

CORAL CANTO DA BOCA E MENINOS DE SÃO CAETANO-PARTE 1

Tenho guardados comigo excelentes momentos da cultura da nossa Cidade, do nosso Estado.    Seria eu muito egoísta não viesse aqui dividí-los com vocês e se não o fiz antes, foi por absoluta falta de tempo e de organização mesmo.. 

Por isso inventei este Blog e por isso venho trazendo -em meio a memórias pessoais, musicais, de vídeos e fotos, etc-  esse acervo que pode não ser tão imenso assim, mas que certamente terá enorme importância para os amigos e amigas focalizados em tantos momentos de puro prazer musical, como o que apresento hoje aqui.. 

Estive revendo vídeos de algum tempo atrás e escolhi dentre eles um show beneficente, capitaneado pelo Maestro Nelson Almeida que convidou -além do seu Coral Canto da Boca, da Universidade Federal de Pernambuco- a Orquestra dos Meninos de São Caetano, do Maestro Mozart Vieira e a Camerata Stúdio de Música.

Destaquei alguns números que postarei por aqui em oportunidades diversas, devido ao limite de tempo para arquivamento no YouTubem e tamanho dos arquivos. Nesta primeira parte, veremos a Orquestra dos Meninos  de São Caetano executando "Algodão", de Zé Dantas e Luiz Gonzaga, cantando "Jesus Sertanejo" de Janduhi Finizola e novamente tocando "Aquarela do Brasil", de Ari Barroso.  

Finalmente o Coral Canto da Boca, juntamente com os Meninos de São Caetano, interpretam "Velas do Mucuripe" de Fagner e Belchior... O show é do ano 2000 e foi realizado no Teatro da UFPE.  Curtam o vídeo (os prezados leitores) e relembrem esse belo momento (os participantes do Canto da Boca e dos demais grupos convidados).

domingo, 17 de julho de 2011

TATIANA, O FREVO

Minha filha Tatiana se parece comigo em quase tudo.. Na beleza ela está a anos-luz de distância (à frente, claro !). Um dia, querendo homenageá-la (não sei se consegui) escrevi pra ela um frevo-de-rua (instrumental) e logo que tive a oportunidade, quando fui convidado a participar  de uma coletânea do Cemcape-Centro da Música Carnavalesca de Pernambuco, prontamente encomendei o arranjo do mesmo ao Maestro Duda.

A gravação, feita no estúdio Estação do Som, esteve a cargo da Orquestra de Duda, com solo do famoso Mestre Bandolinista Marco César, um dos maiores instrumentistas do bandolim brasileiro.  Orquestra afinadíssima, solo perfeito, a música para a minha Musa Tatiana vem agradando -graças a Deus- a muita gente que conhece da matéria.

Fiz essa música pensando em gravá-la um dia com uma balalaika, já que o nome de minha filha é um popular nome de origem russa (para equilibrar a balança aqui de casa que tem dois Fred (nomes de origem anglo-americana) uma Edla (de origem alemã) e Enrico (de origem italiana), hehe..

Como o instrumento mais parecido com uma balalaika aqui no Brasil é o bandolim, o Professor Marco César traduziu em colcheias e semicolcheias a minha intenção.   E como o fez !  Ouçam a gravação original, que consta do CD "O tema é Frevo-Pesquisa" fev/mar-1998, faixa 16, produção CEMCAPE, direção musical e arranjos MAESTRO DUDA.

sábado, 16 de julho de 2011

JOSÉ DAVI DA SILVA - DE ALFAIATE A ESCRITOR


José Davi é simples, até humilde,  nessa sua simplicidade calada e tímida.  Mas é um homem de sete instrumentos: nascido em Canhotinho(PE) em 1926 não teve, como nós da cidade grande, muita condição financeira para desenvolver seus inúmeros dotes empreendedoristas, artísticos e literários. Formou-se em Pedagogia e Relações Públicas, já adulto de meia-idade.  Desde a infânica e adolescência exerceu diversas profissões.  Foi aprendiz de alfaiate, oficial alfaiate e chegou a ter por muito anos a sua própria alfaiataria. 
Músico (sax-tenorista) da Banda da sua cidade, desenvolveu posteriormente suas habilidades de compositor e tem cerca de 100 obras escritas, mais de 20 gravadas.  Esforçado e inquieto, Davi foi correspondente de dois grandes jornais da Capital, enviando regularmente notícias da sua terra para o Recife.  Escritor de vários livros, tem planos para o futuro, tendo já vários digitalizados e prontos para publicação.  Exemplo de esforço e luta pela vida, José Davi prossegue nas suas tarefas múltiplas, representando um exemplo para a sua, para a nossa e para gerações futuras. No video, um depoimento prestado e no áudio um dos seus muitos frevos já gravados, "Saudade do Passado", com a Banda da Polícia Militar de Pernambuco, gravação do FStudio para o CEMCAPE-Centro da Música Carnavalesca de Pernambuco, realizada em dezembro de 2008.


Acesse aqui o vídeo : http://www.youtube.com/fredcrux1#p/u/5/Wkwj4dPU06o

Acesse aqui a música:

quarta-feira, 13 de julho de 2011

O 15 DE BONITO NO TROVÃO DO BACAMARTE




Manhã do dia de São João (24-06-11) no Bonito Plaza Hotel.. Pelas 9,30 da manhã, somos presenteados com uma visita sui-generis: o Batalhão 15, dos Bacamarteiros de Bonito, com sua Banda de Pífano e sanfona à frente, entra desfilando com dezenas de bacamarteiros, vestindo o tradicional uniforme de sarja azul, chapéu de couro e bacamartes reluzentes nos ombros.
A música alegre se espalha pelo ambiente e começa uma bem ensaiada marcha, repleta  de evoluções coordenadas, numa manifestação de disciplina própria do grupo.  São homens, mulheres e crianças, cientes da importância da cultura que representam: a tradição do bacamarte no sertão nordestino, em especial de Pernambuco é secular.

O Comandante Euclides Paiva, defensor intransigente dessa cultura observa a tudo e a todos, com o zelo de quem gosta do que faz e do que vê.  O entusiasmo aflora no seu sorriso calmo e na sua voz pausada.  Concedeu-me esse depoimento esclarecedor (VÍDEO ABAIXO), que diz tudo sobre o "15 de Bonito" e a tradição do bacamarte.  Logo em seguida, começam os disparos, verdadeiros ribombos de trovão.. A cada tiro, a banda festeja e o público aplaude, entusiasmado.

Ao final de tudo ainda recebi outro inestimável presente do Comandante e amigo Euclides: um exemplar do livro desse grande pesquisador e folclorista Olimpio Bonald Neto, "Bacamarte, Pólvora e Povo", que recomendo com todo entusiasmo.  Trata-se de uma análise histórico-sociológica dessa manifestação profundamente entranhada no viver do nosso matuto e que merece todo o nosso apoio.  Viva São João, viva o bacamarte e viva o Batalhão 15 de Bonito !



Mais sobre a cultura do bacamarte aqui: http://bonitobacamarte.blogspot.com/
Agradeço ao Wagner Wilker, blogueiro amigo, que mantém o Blog Bonito Bacamarte pelo uso das 
fotos que usei nesta matéria.




terça-feira, 12 de julho de 2011

CIGANOS POR OPÇÃO

Esta é a parte mais trabalhosa..
Nem me lembro mais como começou a minha atração pela Natureza e pelas viagens.  Escrevi sobre isso numa crônica do livro "Caçador de Lagartixas" - Acampamento frustrado.  Qualquer dia desses vou postar um resumo dessa minha primeira aventura campista.  Mas, o certo é que, durante cerca de 20 anos, entre 1975 e 1995, acampei com minha esposa e filhos pelo Brasil, percorrendo quase todos os Estados entre o Espírito Santo e o Maranhão, incluindo os estados centrais (Goiás, Minas e Distrito Federal.. ainda não existia o Tocantins). 
Depois, é só partir pro abraço !
Fizemos viagens longas, de 5.000 a 8.000 quilômetros, outras menores, em que pioneiramente conhecemos lugares que hoje são "atrações turísticas" e que anos atrás não constavam de qualquer guia turístico mais badalado.  No começo, acampava entre Pernambuco, Alagoas e Paraíba.  Depois todo o Nordeste foi visitado, raramente dormindo em alguma pousada, principalmente entre 1985 e 1990, quando comprei um "trailler", que era nossa casa ambulante.

No trailer tudo era mais tranquilo...conforto demais cansa 
Para rebocar essa mini-casa comprei o único carro grande da minha vida: um Chevrolet Opala Comodoro 2.5, grande bebedor de gasolina, mas que valia por muitas duplas de cavalos fortes para rebocar minha diligência moderna.

Depois de 5 anos nesse conforto todo, bateu a saudade das barracas e voltei à minha "sina" cigana, fazendo então belas e inesquecíveis viagens aos Estados mais distantes.

De toda essa aventura campista eu, Edla e os filhos guardamos recordações registradas em mais de mil fotos e dezenas de horas de vídeo, sempre revistos em família, no que chamamos "sessão-maratona" das viagens maravilhosas que fizemos por esse Brasil imenso.

sábado, 9 de julho de 2011

DE IBIMIRIM PARA O VATICANO: A ARTE DE MANOEL SANTEIRO



Sagrada Família
Nesse Brasil/Continente as coisas acontecem sem que tomemos conhecimento delas,   a não ser que sejamos interessados pelo assunto, principalmente quando esse assunto é Cultura.   Não é muito difícil explicar: muitos de nós consumem Cultura como se fosse um objeto qualquer.. 

É comum comprarmos um quadro ou uma escultura, somente pelo aspecto físico que eles apresentam, importando-nos mais como ficarão nos nossos planos de decoração  da casa, sem nos ligarmos em toda uma história que envolve aquele produto.



O consumismo utilitarista/imediatista tem-nos levado a isso.  Nem procuramos pensar  que, por trás daquela obra de arte existe um processo de criação, uma história de vida, de luta, de aprendizado.  
Anjos

Mas ficamos muito orgulhosos quando sabemos que um artista da nossa terra é reconhecido, ganha um prêmio, é divulgado em grandes centros ou até em outros países do mundo.  Por isso considero muito importante divulgarmos nossos artistas.  De todas as formas, por todos os meios.  Mesmo quando eles já nem precisam tanto dessa divulgação.. 

Como é o caso de Manoel Santeiro.  Este escultor, de Ibimirim, sertão de Pernambuco, começou o seu aprendizado com Mestres que já dominavam a arte.  Hoje é reconhecido, como ele próprio fala, neste depoimento, por ter sido o escolhido para atender a um pedido do então Presidente da República Fernando Henrique Cardoso, de presentear o Papa João Paulo II  com uma imagem da primeira Santa católica brasileira, a Santa Paulina.  Aliás, ele já está indo, pela segunda vez, compor a galeria de imagens sacras do Vaticano, com uma imagem de São Bento, para o Papa Bento XVI, a pedido do Governador Eduardo Campos.
Frei Damião

Vida longa a todos os grandes escultores da Arte Sacra pernambucana e brasileira, em especial aos Santeiros de Ibimirim !

terça-feira, 5 de julho de 2011

CAMINHÃO DE MADEIRA E BOI DE BARRO

Num tempo em que não havia vídeo-game, televisão, celular, computador e tudo o que é novidade tecnológica de hoje, em que até os meninos de 5 anos já têm seu próprio notebook e passam metade da vida navegando nos orkuts, messengers, googles e wikipedias da vida, a gente bem que se virava da melhor maneira para se divertir, e como.

Até faltaria tempo pra coisas mais importantes, se a mãe da gente não estivesse de olho no relógio, controlando e dividindo bem o tempo da gurizada, a fim de que não se atrasassem nos estudos.

Diogo, meu neto, mantendo a tradição (no caminhão de madeira,
o detalhe dos saquinhos de mantimentos)
A escola era sagrada e por nada nesse mundo se faltava a uma aula. Os horários de estudo eram prioritários e ninguém saía da mesa de estudo sem ter feito o "dever de casa".

Depois dessa maratona de aprendizado, aí sim, estávamos liberados para a brincadeira... e como brincávamos.

A maior parte do tempo eram os jogos de temporada: havia "tempo" de pião, de bola de gude, de empinar papagaio, mas tinha coisa que rolava o ano todo.   

"Barra a barra", "ferrinho", "pelada", "caubói" (os sulistas sempre sofisticando, chamavam "mocinho e bandido").  Dependendo da rua ou do bairro, esses nomes mudavam, mas não tanto.

Um autêntico "boi de barro"
No mais, menina brincava de boneca e menino só não brincava disso. Se bem que, nos famosos "batizados de boneca" a gente aparecia na hora do lanche, quando as meninas faziam uns refrescos, preparavam uns bolinhos, uns docinhos.. aí a gente se chegava e logo depois partia, dizendo que ia pro trabalho.

Se tinha uma brincadeira que eu gostava, era de fazer frete. Isso mesmo... montei minha própria empresa de transporte de quintal, no dia em que Mãezinha me trouxe, da feira de Casa Amarela, um caminhão de madeira.

Não era muito sofisticado, mas tinha começo, meio e fim, isto é: rodas, cabine e carroceria.

Vovó Anna, vendo um dia meu entusiasmo em transportar, tanto areia de quintal, como os boizinhos de barro da minha "fazenda", situada no canto do muro, nos fundos do terreno, resolveu aperfeiçoar minha transportadora. E na sua santa paciência, costurou umas três ou quatro dezenas de saquinhos de algodão cru contendo arroz, feijão e farinha... de verdade ! E ainda escreveu, em nanquim, o conteúdo de cada saquinho.   Aquilo era a glória para mim !

Quando eu carregava o caminhão me sentia um comerciante rico, distribuindo mercadoria valiosa, pra lá e pra cá. Entre o portão da frente, onde ficava meu "armazém" e a "fazenda" lá no fundo do quintal, onde pastavam meus bois de barro, havia 30 metros de distância, em linha reta.  Mas quem queria linha reta, aqui? O percurso total era duas ou três vezes maior, arrodeando a casa toda e fazendo curvas a todo instante, para dar mais emoção e justificar o valor do frete: uma notas de papel de caderno do meu banco particular, pagas a mim mesmo.  Afinal, comerciante, transportador e fazendeiro que era, senti também a necessidade de me tornar banqueiro, ora!

sexta-feira, 1 de julho de 2011

LENÇÓIS MARANHENSES - PARAíSO BRANCO


Marcas dos nossos pés nas areias dos Lençóis
Cenário de deserto.  Dunas imensas, milhares delas em meio a um areal branco, a perder de vista. Uma ou outra palmeira quebra a monocromia da paisagem.  Mas, de repente, uma lagoa azul; mais adiante, outra verde claro e um pouco mais à frente, mais uma, desta vez cor de esmeralda, quase inconcebível no meio de tanta brancura.






Lagoa esmeralda nos Lençóis




A brisa forte e constante, ameniza o calor do sol escaldante e da areia quente sob os pés descalços.   E seguimos, nômades de espírito, tuaregs voluntários, no esforço de subir e descer tanta duna, mas usufruindo do prazer de sermos livres naquele espaço sagrado e quase intocado.



Beco da Catarina Mina - S.Luís






A viagem a este paraíso começou em São Luís do Maranhão, de tantas tradições, azulejos e casario original : restos europeus, nesse pedaço pré-amazônico do Brasil.  Marcas de Portugal, França e África, amalgamadas no sotaque nordestino de ser e de viver.



De São Luís a Santo Amaro, não são dois altares e um corredor… Não !  É muita estrada (de asfalto e de muita areia em meio ao capoeiral) até cruzarmos um braço de rio e aportarmos na Pousada Águas Belas, um lugar de paz e simplicidade à beira do rio.


Um jipão no meio da travessia







Dali começamos, num jipão 4 x 4, nossas incursões pelas dunas e lagoas.  Um deslumbramento só e centenas de fotos para eternizar esses momentos incríveis. E seguimos para Barreirinhas, no outro extremo do Parque Nacional.  Outras visões incríveis do lugar..  a beleza selvagem dos passeios pelo Rio Preguiças é imperdível.







Comunidades de descendência indígena ou quilombola, lidando com suas memórias ancestrais, materializadas no artesanato da palha do buriti e nas casas de farinha.  Pequenas vilas, alheias ao burburinho do mundo e do tempo. Atins,  Caburé, Mandacarú, Vassouras...Uma vida repetida por décadas a fio, como se os séculos estivessem congelados nesse isolamento compulsório em meio a areia e água, areia e palmeiras, areia e luz, areia e trevas.... areia e areia e areia e areia......

Vila de Mandacaru  - (coresia L.Shimabukuru)

Estar na rede ... não tem preço ! - Lá nos Lençois e rede é essa !
Tambor de crioula - S.Luís




Azulejos de Alcântara-(cort. L.S.)