segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

O BOLICHE DO NATAL

Natal na Praça de Casa Forte-dezembro 2007


(no áudio, Luiz Bordon e " A Harpa da Cristandade", um disco que marcou nossos Natais)


  Ainda havia uma certa novidade em torno da figura do Papai Noel, que começava a aparecer por essas bandas nordestinas, onde antes imperava a tradição lusitana do Presépio e do Pastoril, que tão bem se adaptaram ao gosto pernambucano.

  Uma aura de mistério envolvia o velhinho de barbas brancas, faces rosadas e óculos de aro, com suas renas e seu trenó mágico.

  As lojas, em dezembro, pleno verão nordestino, ficavam brancas da neve de algodão, cheias de pinheiros de outras florestas, que nem sequer se assemelhavam às nossas casuarinas ou às araucárias sulistas.

  Mas se ele veio parar por aqui, fazer o que?.. Já havia, vê-se, uma antecipação à chamada "aldeia global", hoje uma realidade incontestável, que a tantos agrada e a tantos não.

  Meu pai, como todos os outros da época,  a partir de então adotou a moda de presentear à meia-noite do dia 24 de dezembro, e àquela hora, esgueirava-se nas sombras do quarto das crianças e debaixo de cada cama deixava um pacote de presente.

  Num desses Natais, eu então com 4 anos, ganhei um jogo de boliche.


Natal na Praça de Casa Forte-dezembro 2007
Na minha visão de menino, não era um boliche qualquer. Todo de madeira torneada, pintado a mão, tanto as garrafinhas quanto as bolas. Foi o primeiro presente que ganhei de que me recordo com nitidez.

  Inesquecível, meu boliche. Brinquei muito com ele, nas tardes em que -preso à agonia da asma- ficava em casa, enquanto meus irmãos saiam a passear com Dedé, nossa segunda-mãe, minha madrinha de batismo.

  Aquele boliche, singelo e contido, mas honesto e colorido, como são os bons brinquedos, muito me ajudou a superar o "cansaço" provocado pela asma e eu quase tinha pena dos "soldadinhos" pintados nas garrafas quando os atingia em cheio com as bolas vermelhas e azuis