domingo, 6 de fevereiro de 2011

CORDAS PARA QUE TE QUERO



Há entre pais e filhos, quase sempre, porque exceções também existem, uma relação de amizade, cumplicidade e entendimento tão grande que chega a beirar o sobrenatural. Entre os animais essa relação, intensa no início da vida da cria, desaparece quando chega a idade de separação e formação de nova prole. Aí passam a competir e se for o caso até de lutar pela posse do território ou pelo mando do grupo.   O inverso disso,  acho eu, é exatamente umas das características mais marcantes no gênero humano. Entre mim e meus filhos –e agora um neto também- não sei definir bem o que há: provavelmente, devido ao longo tempo em que dividimos o mesmo teto, passamos a advinhar os pensamentos e gostos uns dos outros e também, claro, seus temores, seus sofrimentos, suas conquistas, numa simbiose muito agradável e nunca invasiva dos terrenos privados, etéreamente demarcados e completamente respeitados, ao ponto de exaustão. Até na Música, que também e sempre nos uniu, somos muito parecidos, eu e Fred.  Só que ele dedicou-se mais ao solo das melodias que tocamos junto, ficando eu com a parte da harmonia. E assim temos dividido o prazer de tocar juntos, que era quase diário enquanto ele morou conosco. Agora longe, muito longe mesmo, em hemisférios opostos e separados por mais de 15 horas de vôo direto, se existisse, praticamente não tocamos mais.

E aí fica o que ficou tocado, ficam as lembranças das tardes de sábado ou domingo em que nós dividíamos o prazer da Música aqui no Recife. Ficam também as imagens que fiz em Redmond, em visitas que duraram menos do que gostaríamos. Fica o som gostoso que fazíamos no nosso “Chorando à toa”, na companhia de Enrico, com o chorinho e o frevo rolando solto nas tardes e manhãs dos domingos em Aldeia ou Casa Forte. Ainda bem que temos lembranças a dividir e compartilhar, também com os amigos. Choremos, pois... no bom sentido, claro !

STARS AND STRIPES FOREVER







Sou fascinado pela música de John Philip de Sousa.  Esse filho de imigrante português e mãe alemã compôs uma das mais belas páginas musicais para bandas militares, que tornou-se o segundo hino dos Estados Unidos da América.  Stars and Stripes Forever é uma marcha envolvente, vibrante e que nos leva a acreditar que a música realmente nos proporciona –por minutos- uma alegria incontida.  Assim como em “Ode à Alegria” (4° mov da 9ª. Sinfonia de Beethoven), é impossível ficar estático ou indiferente a uma marcha de Sousa.  Tenho como relíquia três arquivos em mp3 dessa já mais que centenária marcha: a primeira gravação da música, de 1897, um ano depois de composta, foi feita em cilindro de cera, pela Colúmbia Records; uma outra, de 1917, já em disco mecânico de 78 rpm e uma terceira gravação, esta digital, de 1997, com a Dallas Wind Symphony.  A primeira e a última vão aqui reproduzidas, juntamente com a fotografia desse Mestre da Música que soube como ninguém eternizar nos metais de uma banda marcial toda a energia e emoção em forma de som.