segunda-feira, 3 de outubro de 2011

KENNETH COOPER E A CORRIDA NA TERCEIRA IDADE


Cascading em Alto Paraíso-GO
Quando eu corri minhas primeiras Maratonas (ao todo completei oito treinamentos específicos de 4 meses cada (numa média de 275 km mensais em cada um deles), eu prometi a mim mesmo que correria maratonas até pelo menos uns 80 anos de idade.

Um belo dia, num passeio pelas prateleiras de uma livraria (outro dos meus esportes ), deparei-me com o mais novo livro (naquela época) de Kenneth Cooper versando entre outras coisas, sobre o esporte na chamada “terceira idade.”
Recomenda Cooper uma freiada na intensidade e qualidade dos exercícios a partir de certa idade.  Fiquei meio furioso: afinal de contas, o nosso guru estava contra-indicando a corrida?  Um contrasenso, no meu entender.


Hoje, mais maduro, vejo que Cooper (como sempre) está coberto de razão.
A corrida depois dos 50, 60 anos, pode ser uma fonte de problemas também.. Aliás (palavras do Mestre Cooper),: “Isso varia conforme a idade. As pessoas na faixa dos 30 anos devem ter uma rotina dividida em 80% de exercícios aeróbicos e 20% de condicionamento de músculos. Aos 40, a proporção deve ser de 70% de corrida e 30% de musculação. O ideal é fazer um programa pessoal de treinamento de forma que se aumente, com o passar dos anos, o tempo destinado ao condicionamento muscular e se diminua a carga de exercícios aeróbicos. Aos 60 anos, essa relação deve ser de 55% de exercícios aeróbicos e 45% de musculação, segundo as pesquisas que realizamos.

Remo no Lago Paranoá, Brasília-DF
E, ainda, sobre o risco enorme que o exagero no exercício pode ocasionar (e tem ocasionado, sempre, riscos inclusive de morte na prática do esporte), uma constatação do criador do método aeróbico: “Mas as pessoas comuns devem estar atentas aos sinais de alerta que o corpo emite, para não se machucar. É melhor não ir além do limite, porque isso pode prejudicar as articulações. Em 1989 concluímos estudos que mostram que os benefícios obtidos com uma caminhada em ritmo acelerado são quase idênticos aos que se consegue com uma corrida. Se você caminhar 3,2 quilômetros em trinta minutos, três vezes por semana, irá reduzir o risco de ataques cardíacos, derrames e câncer em 58%. Só isso já é suficiente para aumentar sua expectativa de vida em seis anos. Os ganhos com corridas são pouco maiores. Por isso, se você não é um atleta, não vale a pena arriscar.

É por essas e outras (e também por ter perdido dois excelentes amigos corredores que ao exagerar na dose faleceram em pleno exercício de corrida) que posso assegurar que caminhadas diárias em um ritmo mais acelerado por 45 minutos; natação e ciclismo, tudo de forma compatível com a idade, trarão muito mais benefício para quem passou dos 55 ou 60 anos, que maratonas e supermaratonas que muitas vezes nos lesionam e até mesmo nos incapacitam em definitivo, um risco muito mais frequente do que se imagina.   Nestes quase 29 anos de prática diária de corrida, natação e ciclismo, nunca sofri qualquer lesão mais grave que uma dor de canela ou na panturrilha e nunca dei  folga para a preguiça.


Trilhas em Alto Paraíso-GO
 Ao todo, segundo meus diários de corrida, devo ter corrido, nesses anos o suficiente  para mais do que uma volta em torno do Equador: uns 48 mil quilômetros.   E não estou mais contando caminhadas, que adotei a partir dos 58 de idade até hoje.  Apenas em raras ocasiões motivadas por trabalho ou viagens, deixei de correr ou caminhar e nadar por alguns dias. 
E assim, garanto que já esqueci aquela promessa de correr maratonas até os 80 anos de idade.  Tudo tem seu tempo, tudo tem seu preço, essa é a lei...