segunda-feira, 16 de julho de 2012

O TEMPO... AH, O TEMPO, ESSE CARA COMPLICADO !


Eu digo e muita gente não acredita. Eu nasci pra viver noutro tempo, juro...

No tempo em que a gente tinha tempo de fazer o próprio pão, plantar o próprio milho,  cultivar o próprio alimento.
Mas não posso mudar o rumo do tempo.

Sou um saudosista? Nem sei, tenho certeza de que aproveito o máximo da vida de agora e me interesso por tudo quanto o presente e o futuro me trazem de bom.

Escrevo minhas memórias não porque queira obstinadamente retornar ao passado, fugindo de um presente hostil, às vezes, ou de um futuro mais do que incerto, como sempre foram todos os futuros de ontem e anteontem.

O futuro só é agradável e só não mete medo quando ele já aconteceu, virou passado.
Até mesmo enquanto ele está acontecendo, no presente, nos traz, ou pode nos trazer, na sua fração de futuro imediatamente antecedente, um risco, uma decepção, uma dor.

Agradável, então, é viver o presente imediatamente posterior ao que está sendo vivido, ora porque já está passando, ora por conta do prazer daquele exato instante.
No duro, no duro, o tempo é um só.  É o tempo vivido, passado, atual, presente, ou vindouro e incerto, futuro.  E nós no meio desse turbilhão temporal, sentindo:  saudade, prazer, angústia.

O último filme de Woody Allen, "Meia noite em Paris" que ainda ontem assisti, e que assistirei muitas vezes mais, fala exatamente sobre esses sentimentos. Tal qual a serpente "Ouroboros", dos ocultistas, mordendo a própria cauda, Woody, na sua perspicácia de emérito observador dos tempos, mata a charada com imagens belíssimas da Cidade-Luz.

E o seu autobiográfico personagem chega, ao final da estória consciente do valor do seu tempo. Enveredou tanto pelos meandros do "dejà-vu" que resolveu por si mesmo a equação da vida.
E vocês talvez me perguntem, agora: o que tem essas fotos a ver com o tempo?



Tem sim, eu insisto.  Quem sabe, com uma espiga de milho idêntica a essa quantos ancestrais nossos fabricaram o seu pão rústico, ou mataram sua fome com frutos nascidos da sua primitiva horta?



Em tempo: como é de hábito afirmar em letreiros de final de filme, as espigas, compradas na feira de Casa Amarela, não sofreram qualquer dano, injúria ou mau-trato. Foram degustadas cozidas, em forma de pamonha e também de canjica, no último dia de São João.  Os tomates-cereja fazem parte do nosso pequeno jardim de apartamento e são doces e deliciosos.  Os pãezinhos foram a base do lanche da tarde e da ceia do mesmo dia. Estavam uma delícia e também deixaram saudade...