Com o Mestre Capiba, apresentando a ele o disco da Orquestra Cibernética do Frevo |
Hoje me dei conta que o tempo está voando. Pelo menos para mim. Um dia desses, 1994, recomecei uma carreira que havia interrompido por força da necessidade de trabalhar na segunda profissão que escolhi. Larguei a primeira, aposentando-me aos 30 anos de serviço e abracei a segunda (que é a do coração...) Fui ser músico e também compositor. Músico de estúdio, é verdade. Não tinha mais pique para tocar à noite, nem levar a vida agitada incompatível com quem tinha quase cinquenta anos e uma família pra dar conta. Nesse embalo, criei meu próprio estúdio de gravação, e nele dava conta de tudo: produzia discos, tocava diversos instrumentos (toda uma base orquestral era feita por mim mesmo, com piano, violão, baixo, percussão, cavaquinho, viola de 10, banjo tenor..) Fazia também arranjos musicais e até cantava minhas próprias músicas e às vezes (quando solicitado, a de outros compositores). Nessa levada, passaram-se 18 anos. Chegaria aos vinte de bom grado, não houvesse saturado dessa rotina, agravada com os terríveis deslocamentos no trânsito infernal do Recife e também o excesso de concorrência com mini-estúdios domésticos, que aos poucos foi tirando o mercado dos estúdios pequenos e de médio porte. Mas, não me arrependo de nada dessas quase duas décadas de atividade musical. Fiz centenas de novas amizades e gravei de tudo. De música popular pernambucana (frevo, forró, maracatu, ciranda) a samba, choro, dobrados e o que mais aparecesse. Inclusive rock e música gospel. Trilhas sonoras de vídeos e filmes, de peças teatrais, também fiz algumas. Enfim, foi muito trabalho duro. Mas no meio disso tudo, tinha ainda que divulgar o meu próprio trabalho de compositor e nisso me ajudou demais o amigo HUGO MARTINS, da Rádio Universitária. Com ele na batuta do seu tradicional programa "O Tema é Frevo" gravei algumas séries " A Música de..." e ali contei a história de cada uma das minhas composições carnavalescas, já que o programa era temático, sobre o carnaval pernambucano. Não pretendo aqui desfilar todas elas. Seria enfadonho demais para vocês, eu acho. Mas, a título de registro de como a coisa funcionava, posso mostrar agora dois trechos desse programa do Hugo. Escolhi duas músicas que gosto muito. Uma delas de um disco que marcou época em 1997, por ter sido uma novidade bem tecnológica em matéria de gravação de frevos. Faz parte do CD "Cibernética do Frevo", nome que dei à minha Orquestra virtual, com instrumentos sampleados de computador.
As pastorinhas do Bloco Flor da Vitória-Régia, com Tatiana, minha filha, levando o nosso flabelo |
Esse disco foi muito bem aceito pelo público carnavalesco e me deu grandes alegrias (e também provocou alguma polêmica entre os mais conservadores, que viam nessa Orquestra Cibernética uma ameaça aos seus empregos, uma robotização da Música... coisa que nunca aconteceu, de fato).
Ouçam, então, as escolhidas: Coração Recifense, frevo-canção semifinalista do V Recifrevo, gravado pela Cibernética do Frevo, com vocal de Ivanildo Silva. E em seguida, de uma compilação de músicas que fiz e chamei de "Memória Musical", o frevo-de-rua Seu Bita Mais Elisa, uma homenagem a Beethoven e sua musa Elise.
CORAÇÃO RECIFENSE
SEU BITA MAIS ELISA