sábado, 12 de outubro de 2013

UMA FESTA DE TULIPAS (SEM TULIPAS)

As tulipas se esconderam com frio.. só deu pra ver 
essas amarelinhas aí..nem sei que nome têm
É logo aliiii.. daqueles "logo ali" de matuto, vocês sabem...mas vale a pena, pra quem gosta das tulipas.

De todas as cores, plantadas criteriosamente e expostas todos os anos num Festival muito bacana. Em 2009 estivemos por lá.

O mapa da mina, pelo Google


Mas, não demos muita sorte não.. O Festival começa logo no início da Primavera. Uma homenagem à Estação das flores.. 

Em 2009, porém, o frio não deixou que as tulipas se abrissem.  Só vimos tulipas de estufa, mas o passeio é lindo, um lugar de sonho.. Impossível não ficar deslumbrado.  Fred Filho havia me mandado  fotos maravilhosas de lá, feitas por ele, com os campos de tulipas alternando-se em cores as mais diversas: amarelas, vermelhas, azuis, roxas, brancas, bicolores, com as mais diversas combinações.
Um simpático moinho, pra combinar com a paisagem.

Essa foto aí é do site oficial da Roozen Garder

A fazenda que visitamos é uma das mais famosas do lugar: Roozen Garder.   Creio que os proprietários são descendentes de holandeses.  Um dos destaques é um moinho cercado de jardins por todos os lados. E fica bem próximo à fronteira do Canadá (Columbia Britânica), a pouco mais de uma hora de Vancouver.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

O DOM DA POESIA


Já falei aqui no Blog da amiga e parceira Claude Bloc. Vou falar de novo. 

E por que motivo?   Para mostrar a vocês o nosso terceiro trabalho, numa cantoria virtual.  São encontros poéticos que mantemos via internet, por email.  

Gosto muito desse desafio e cada vez que escolhemos um tema, ou um mote para desenvolver, sei que vem coisa boa da poeta do Cariri, que embora no nome e na filiação seja francesa, no nascimento e no coração é brasileira da gema, nordestina, cearense e caririzeira.

Dissertamos desta vez sobre a poesia, como Arte e como Dom.

Dom, sim, porque às vezes por mais que a pessoa tenha a técnica e a capacidade literária, falta-lhe a musicalidade, ou a rima fácil, o ritmo certo e a intimidade com os muitos modos de fazer poesia.  

Principalmente poesia dita "de cordel", com regras rígidas que não dão margem a frases soltas, a versos brancos e outras manobras literárias da poética dita moderna.

Na literatura de cordel, esse é o desafio.  Sem fugir ao tema, mantendo o estilo escolhido, versejar metrificando, rimando, dentro do ritmo próprio e da prosódia correta.

E quando isso acontece com uma parelha de cantadores, duelando com suas violas e violões, aí é que a coisa vira espetáculo.  

Aí é que vemos o valor da inteligência dos nossos repentistas sertanejos que muitas vezes aprenderam a ler em antigos folhetos de cordel já desgastados e amarelados pelo tempo, onde descobriam romances medievais, notícias históricas, enredos românticos ou políticos que vararam décadas e até hoje são lidos e relidos à luz de lampiões e candeeiros pelo Nordeste afora.

É desse dom que falamos.  Confiram e vejam se não temos razão!

Mote de Claude Bloc:
“A palavra pra mim é um brinquedo
Projetando as feições da alma humana.”

CB
Lamentei ter perdido a mocidade
Esse tempo de grande ilusão
Nos meus versos eu fiz a projeção
De viver alegria e liberdade
E se falo de amor, essa verdade
Eu já sei que é de mim que ele emana
Pois eu vivo a correr nessa gincana
Que deslizo no verso sem ter medo
A palavra pra mim é um brinquedo
Projetando as feições da alma humana.

FM 
Quando Deus fez o homem, Ele lhe deu
Ferramentas de grande utilidade
E os dons que ofertou à humanidade
São parcelas do Céu que prometeu
Transparências no véu que escondeu
Toda a Luz que da Sua face emana
É o Poder da bondade soberana
No princípio era o Verbo o Seu segredo
A palavra pra mim é um brinquedo
Projetando as feições da alma humana

CB
A Bondade de Deus é infinita
E entre os dons que nos deu, Eternidade
Vamos todos seguindo essa Verdade
Pois a alma da gente canta e grita
Sentimentos que a vida delimita
Mas de Luz nossa história se engalana
A Herdade Divina não engana
Nem relega o Homem ao degredo
A palavra pra mim é um brinquedo
Projetando as feições da alma humana

FM
Deus é bom, Deus é Pai, Sabedoria,  
E aos filhos protege e acalenta
Cada dia que passa, em mim cimenta
A Palavra que é carta de alforria
E a Verdade, mãe da Soberania
Derrotando o Mal que nos engana
Tem na voz a clareza espartana
Do Universo infinito e mete medo
A palavra pra mim é um brinquedo
Projetando as feições da alma humana

CB
Quando a vida parece não ter jeito
Quando o sonho se esconde no lamento
Vem de Deus nosso único alento
Que remove essa dor em nosso peito
E é d'Ele esse gesto tão perfeito
Que nos une e até mesmo nos irmana
Que nos livra dessa tristeza insana
Nos liberta e nos traça outro enredo
A palavra pra mim é um brinquedo
Projetando as feições da alma humana 

FM
Já louvamos a Deus, por necessário,
Pois é nossa primeira providência
E o fizemos com toda consciência
Pois de Deus é bem vindo este fadário
Para o homem não ser um perdulário
desses dons, é preciso qual chalana
Navegar manso rio de água plana
que da vida não esconde seu segredo
A palavra pra mim é um brinquedo
Projetando as feições da alma humana

CB
Pela terra deixei meu pensamento
Pelos ares a mais louca paixão
Descobri que o tempo é ilusão
E que a vida é também deslumbramento
Meu poema nasceu do movimento
E desliza do olhar pela pestana
E se esculpe com o fio da catana 
Pois o verso é mais breve que o levedo 
A palavra pra mim é um brinquedo
Projetando as feições da alma humana 

FM 
Da palavra o poeta é operário
No esforço pra construir seu verso
Extraindo a matéria do Universo
Seu motivo é cantar um canto vário
Sem ligar pr' o detalhe do salário
Tem seu gozo na estrofe que se explana,
E a  constrói feito molda a porcelana
Na alegria tão pura de um folguedo
A palavra pra mim é um brinquedo
Projetando as feições da alma humana

CB 
As palavras são contas de um rosário
Que rezamos com alma e sentimento
Pois revoam sem causar sofrimento
No rascunho do nosso dicionário
Não importa qual seja nosso erário
Se lidamos com a língua lusitana
Se moramos ao léu, numa choupana
Se pisamos em falso num lajedo
A palavra pra mim é um brinquedo
Projetando as feições da alma humana

FM
Já nem sei quando a minha Musa vem
Do Olimpo pra inspirar meu estro
sendo a vã sinfonia que eu orquestro
Eu me anulo no verso, eu sou Ninguém
E encaro essa vida com o desdém
De quem busca a razão que não profana 
ou que aceita a pobreza franciscana
com a ternura de quem perdeu o medo
A palavra pra mim é um brinquedo
Projetando as feições da alma humana

CB
Eu me inspiro no cheiro de uma rosa
No suspiro mais doce de uma flor
Nas procelas do mar, no trovador
Que deságua em verso sua prosa
Numa rima perfeita, tão cheirosa
Quanto um sonho de amor, feito nirvana
Delicado fervor, pureza lhana.
Ilustrando o sol com riso ledo 
A palavra pra mim é um brinquedo
Projetando as feições da alma humana 

FM
Toda a Glória é cantada em tom maior
Pra louvar tantos dons que recebemos
Construindo esse mundo que não vemos
mas sentimos vibrando em derredor
Sacrifícios aos pés do altar-mor
Desta vida que não mais nos engana
Um poema rimado não se empana
são quais uvas brilhantes num vinhedo
A palavra pra mim é um brinquedo
Projetando as feições da alma humana

 CB
O meu ritmo é sempre musical
Como um gesto de amor, em peito arfante
Como o som da viola mais vibrante
Que empolga e se cala no final
E conduz o poema em espiral
Como a brisa que sopra e se encana
E o som que do âmago emana
Provocando o mais íntimo arremedo
A palavra pra mim é um brinquedo
Projetando as feições da alma humana  

FM
Agradeço às Musas dadivosas
Ao meu lado, agindo docemente
Seu labor gracioso e inteligente
Inspirando-me com vozes tão sedosas
Seus cabelos em mechas olorosas
No dançar doce e lento da pavana
ao soar de uma flauta em meia-cana
A tal baile entreguei-me e ao seu enredo
A palavra pra mim é um brinquedo
Projetando as feições da alma humana.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

PERNAMBUCO MUSICAL - FÁTIMA MARINHO E MAESTRO DUDA

Maestro Duda, um ídolo pernambucano
Em paralelo a outras postagens musicais, vou iniciar aqui uma série sobre dois programas de rádio que durante seis meses mantive na FM101-Pacoland.

Um deles foi "Pernambuco Musical", uma revista sobre nossos ritmos, trazendo artistas e compositores do Recife e do Interior do Estado.  

Promovi muitos lançamentos de artistas da terra nesse programa, no curto espaço da sua existência, vez que a emissora comunitária saiu do ar, seis meses depois da nossa entrada em cena.  

Mas, nesse curto período tive muitas alegrias e divulguei bastante a música pernambucana. 

Ouçam agora um belo arranjo do Maestro Ademir Araujo (Formiga) na voz de Fátima Marinho, da música "Veneza Americana", de Nelson Ferreira e Ziul Matos, em ritmos de caboclinho, maracatu e frevo.  

Em seguida, "Vassourinhas", de Matias da Rocha, com a Orquestra do Maestro Duda e belas variações de guitarra, flauta e mais os naipes de metais e palhetas. Boa audição !

Fátima Marinho, a graça e autenticidade
de todos os nossos ritmos

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

MEMÓRIAS DO FSTUDIO - SAIA DO MEU CAMINHO !


Já mostrei por aqui vários cantores e grupos que tive o prazer de gravar no FSTUDIO.
Hoje trago um grupo de autêntico forró que tive o prazer de produzir.  Foi em 2002 e o conjunto se chamava GRUPO ASA BRANCA.  
Não sei se eles ainda estão na ativa.  Só sei que era uma família inteira, fazendo música puramente nordestina. O pai e a filha são os compositores, sanfoneiros e cantores, o filho e um tio fazem a percussão e vocais.  
Gonzaga Félix é o pai, Nilva do Acordeon, a filha.  Severino, o filho e Rafael Félix, irmão de Gonzaga.  Tive a honra de participar tocando violão e agogô.
A faixa que trago hoje para vocês é uma que eu gosto, em especial.  E que cabe muito bem no atual momento político. O nome da música é "Cai Fora!".  Acho que muita gente gostaria de oferece-la aos políticos brasileiros ora em posição de mando.
A música fala em traição e "mafiagem", coisas mais do que comuns na atual conjuntura brasileira. Ouvidos atentos à mensagem de Gonzaga e ao seu sotaque sertanejo pesado, às vezes difícil de entender. O ritmo é contagiante: típico forró de latada, como a gente chama.  Daqueles de levantar poeira no chão de terra batida Eu disse: o cabra é autêntico mesmo e não faz concessão a esses e erres. Ouçam, dancem e balancem à vontade. 


terça-feira, 1 de outubro de 2013

DIA DO IDOSO E OUTRAS CONSIDERAÇÕES SOBRE "A TERCEIRA IDADE"


Por princípio, não gosto desse termo “terceira idade”. Na verdade, eu o acho ridículo. Não há ordem para viver-se uma “idade”. Qual a idade de um natimorto, aquele ser que, mal acabou de nascer, sem passar por uma “mínima idade” sequer, sem ter inaugurado a vida, já se foi daqui?

Porque comemorar a velhice, com esse Dia do Idoso? Velhice é pra ser vivida, orgulhosamente vivida. Velhice não tem idade. Às vezes começa aos 15, ou aos 25, 30, sei lá. E às vezes, muitas vezes, nem começa. Velho é aquele que não morreu cedo, de susto de bala ou vício, como diria um cara que já foi “Novo Baiano” e hoje não passa de um“Velho Baiano” decadente e querendo mídia. Vejam o que tem dito a respeito desses marginais que se denominam “black blocks”. 
Mas Caetano não liga pro ridículo, mesmo. Aliás, antes de apaixonar-se por “black blocks”, literalmente se apaixonou por surfistas, vide “Menino do Rio”. É da índole dele, fazer o que.. não vá o velho baiano me acusar de homofobia, por Jeová..

***

Certa vez, meio arretado da vida, com essa mania de juventude que velhos e velhas têm, escrevi um poema que está no meu livro de crônicas “Caçador de Lagartixas”, e que intitulei A MINHA IDADE.
Uma amiga deste Blog, pra quem mandei o poema por e-mail, levantou uma hipótese de que se eu o publicasse aqui, a grita seria grande, porque o que tem de terceiridadista aqui, e eu declaro orgulhosamente que vou fazer 68 em dezembro, não tá no gibi…
Pois eu ouso e o publico agora. Quem não gostar que reclame ao Papa, ao Bispo ou ao espelho, hahaha

A MINHA IDADE

Ei, você aí, por favor, pare!
com esse negócio de terceira idade,
essa mania de felicidade,
vendida em grupos de ocasião…
Deixe eu viver a minha experiência,
deixe-me em paz com minha consciência, 
deixe-me ouvir meu velho coração…

Eu, não ! 
não vou trocar os meus cabelos brancos
pela tintura de uma vaidade
que não resiste a alguns dias, só…
Prefiro
ter o defeito da dignidade
de olhar no espelho e me sentir eu mesmo
e de dizer: _ Meu velho, como andaste
por essas trilhas que tantos queriam
ter palmilhado (e só andaram a esmo!

Eu quero
olhar de frente para o meu passado
e a cada dia me sentir moldado
pela couraça da sabedoria

Desejo
que a corrente desse Rio/Vida
me leve à foz do Oceano Eterno
onde estaremos todos, Homens-Barco

Detesto
ser um parco homem teimoso
que luta contra a força do Destino.
Aceito o privilégio de ter tino
e tento, pra gostar da minha sorte
Tranqüilo quero me encontrar com a Morte
e dizer-lhe: – Irmã, tenha bom trabalho
Eu não serei mais um que te atrapalha;
milhões estão chorando atrás de mim.
Pois nós já compreendemos que é assim:
Os fracos têm medo de morrer
porque não têm juízo pra saber
que colhes o que é bom, o que é maduro
o resto tu espalhas num monturo
e deixas, pra depois vir recolher..

Pois é, não me falem dessa “mocidade”
forjada num clube de “terceira idade”
que aos tolos faz um jovem parecer
Eu vou me recolhendo ao coração
dentro de mim, somente eu, Mente-Cubículo
Com muita paz, sem me sentir ridículo
E com ternura, vou envelhecer.

-x-x-x-x-x-x

E pra ninguém pensar o contrário, digo também -aproveitando o mote- o que penso dessa palhaçada de dias comemorativos:

Ô MANIA DESGRAÇADA !

Eu num tulero a mania
de ter comemoração
Da mãe, do pai, do perdão
Da músga, da poesia
Doutor de adevocacia
Comemora dando xêxo
Tirando os garçon dos êxo..
Tem o dia da frevança
Amante, sogra e criança
Só farta o do quebra-quêxo

Já tem os dia dos santo
Dos casacudo também
Farta o dia do xerém
E tombém o do encanto
Inventa o dia do pranto
Para todo mundo chorar
Purque pra mode penar
Tem o dia dos finado
Dia bem malassombrado
É o dia do imbuá

Eu arresorvo esse caso
Inguinorando essas data
Botando tudo na lata
Jogando tudo num vaso
E se chegá cum atraso
O dia dos cafajeste
Eu quebro o rumo boreste
Pro rumo do pau da venta
Porque ninguém mais aguenta
tanto dia.. TÁ CA PESTE !

O que eu acho é que no ano
A gente tem todo dia
Pra saudar com alegria
O dia que tá chegano
Pois se a gente tem tutano
Pra guardá tanta lembrança
Num carece de imbuança
Nem de festa já marcada
Que só é comemorada
Mode nós inchê a pança…

Um abraço pra todos e todas, de todas as idades e de todos os dias. E quem se sentir idoso ou garotão comemore a seu bel prazer mais um dia que estamos vivendo… “Vale aquele adágio popularíssimo: amanhã será tarde demais!”
Só isso.