Não representa algo didático, longe de mim essa pretensão. Apenas e tão somente uma forma de mostrar a turistas e amantes do nosso Carnaval, essas duas vertentes do Maracatu, às vezes tão confundido nas suas diferentes origens: o Maracatu-Nação, ou de baque virado, vindo da tradição africana, representando o cortejo alegre e vibrante das Coroações dos Reis do Congo e o Maracatu-Rural, ou de baque solto, contendo elementos formadores da raça brasileira: os africanos representados pelo casal real, damas do paço, princesas e calungas; os indígenas, pelos caboclos de pena e de lança; os europeus, pelas figuras do bumba-meu-boi, originado nas tradições lúdico/carnavalescas da Ilha da Madeira e relembrando o auto de Mateus e Catirina da partilha do boi. Tudo isso ponteado e dramatizado pelos nossos trabalhadores da lavoura canavieira da Zona da Mata Norte, em especial, com cantos (loas) tirados de improviso pelos mestres das "sambadas" de maracatu e repetidos, dolentemente, por toda a "corte".
Espetáculo bonito de se ver e de se dançar, nas noites do período carnavalesco no Recife ou nos "encontros" em Nazaré da Mata, onde dezenas de agremiações anualmente se apresentam, o Maracatu Nação, urbano, concentrou-se em bairros populares do Recife e Olinda, com sede nos terreiros de Candomblé onde permanece a mística dos seus rituais e a tradição das suas Nações originais. O Maracatu da Nação Elefante, o da Nação do Leão Coroado, o da Estrela Brilhante, são exemplos disso e remontam a mais de dois séculos. Grupos estilizados de origem recente, como A Nação Pernambuco e Cabra Alada vêm mantendo, principalmente entre o público jovem, danças e cânticos das antigas Nações Africanas.