sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

POENTE


O ano agoniza.
Cai, desfalecido, céu abaixo, amortecendo a queda num colchão de nuvens.
Da minha janela eu observo tudo.
Saudade dos momentos bons, também dos momentos tristes.
Duas faces da mesma moeda, duas texturas diversas da mesma massa que nos modela: sentimentos.  Sentimentos, o motor dos humanos. Animais, dizem alguns, também os têm.
Mas, penso eu, não tão exacerbados quanto os humanos (os seres e os sentimentos).
E, apesar de tudo, o ano agoniza.
Vai embora, aos pouquinhos, sem pensar na gente.
Cumpre sua rotina.  Amanhecer, anoitecer, amanhecer, anoitecer, amanhecer..
O ano resume-se em cada dia que lhe cumpre existir.
Amanhece a primeiro de janeiro, anoitece a trinta e um de dezembro.
E agoniza. E agonizamos nós, solidários.
Cada dia nos acrescendo bons e maus momentos. 
Não maus de todo.
Tristes, apenas.  Tristes momentos de que temos até saudade.
Cada dia, sua agonia. Cada dia, um fio de cabelo branco, um segundo que se foi.
Desperdiçado, algum.  Aproveitado, outro.
Todos passando, todos desfalecendo, todos agonizando.
Negro, o céu agora.  Em repouso mortal.  Para ressuscitar em janeiro.
Sob o barulho dos fogos, sob o clarão do Ano Novo.