sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

POENTE


O ano agoniza.
Cai, desfalecido, céu abaixo, amortecendo a queda num colchão de nuvens.
Da minha janela eu observo tudo.
Saudade dos momentos bons, também dos momentos tristes.
Duas faces da mesma moeda, duas texturas diversas da mesma massa que nos modela: sentimentos.  Sentimentos, o motor dos humanos. Animais, dizem alguns, também os têm.
Mas, penso eu, não tão exacerbados quanto os humanos (os seres e os sentimentos).
E, apesar de tudo, o ano agoniza.
Vai embora, aos pouquinhos, sem pensar na gente.
Cumpre sua rotina.  Amanhecer, anoitecer, amanhecer, anoitecer, amanhecer..
O ano resume-se em cada dia que lhe cumpre existir.
Amanhece a primeiro de janeiro, anoitece a trinta e um de dezembro.
E agoniza. E agonizamos nós, solidários.
Cada dia nos acrescendo bons e maus momentos. 
Não maus de todo.
Tristes, apenas.  Tristes momentos de que temos até saudade.
Cada dia, sua agonia. Cada dia, um fio de cabelo branco, um segundo que se foi.
Desperdiçado, algum.  Aproveitado, outro.
Todos passando, todos desfalecendo, todos agonizando.
Negro, o céu agora.  Em repouso mortal.  Para ressuscitar em janeiro.
Sob o barulho dos fogos, sob o clarão do Ano Novo.



9 comentários:

  1. Magro você é INCRÍVEL!...cada vez se supera mais na sua eloquência, na minha modesta maneira de observar. Parabéns!!!
    Aproveito o espaço pra te perguntar: Como conseguir um exemplar de: "Tártaros, os seis de Recife"?...enquanto não consigo, fico roendo que nem "Cachorro Velho".(risos)
    Fraternal abraço! meu irmão, amigo e camarada!
    Walter Neves

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  2. Walter, meu querido irmão Tártaro.. Já pensei em mandar imprimir alguns exemplares do livrinho. Muita gente mesmo me pede isso desde que eu fiz aquela tiragem fantástica de 6 exemplares no computador doméstico, hehehe. Foi um pra cada um de nós e um pro Raimundo Carrero. Depois disso até esqueci o dito cujo, que está sendo republicado aos poucos aqui no Blog. O problema de livro em papel, além do custo, é o trabalho pra gente "se livrar" deles hehehe.. Estou pensando em inverter a coisa. Fazer uma edição digital e quem quiser pegar de graça em PDF, inclusive a capa, e manda imprimir numa gráfica rápida. É uma idéia ..

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  3. Então...festejemos enqto não agonizamos junto com o ano que se vai...
    :*
    Tati

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  4. Que poema perfeito, Fred! Resumiu tudo o que estou sentindo agora e que não encontrava explicação.

    Beatriz Aloise

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  5. Bondade sua, Beatriz.. A beleza e a perfeição que o Criador nos transmite com uma paisagem destas, todas as tardes, são os valores desta vida. E também a certeza de que -mesmo se nós não estivermos presentes para admirar futuras tardes ou manhãs assim- outros seres estarão para louvá-la.

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  6. Lindo texto, tio, nos veremos no Natal ou somente no ano de 2012??? Beijo grande!

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  7. Que lindo, Fred! Duvido que meu "textinho" tenha inspirado tudo isso. rs. Lindo mesmo, diz muito do que eu queria dizer. abraço.

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