Por princípio, não gosto desse termo “terceira idade”. Na verdade, eu o acho ridículo. Não há ordem para viver-se uma “idade”. Qual a idade de um natimorto, aquele ser que, mal acabou de nascer, sem passar por uma “mínima idade” sequer, sem ter inaugurado a vida, já se foi daqui?
Porque comemorar a velhice, com esse Dia do Idoso? Velhice é pra ser vivida, orgulhosamente vivida. Velhice não tem idade. Às vezes começa aos 15, ou aos 25, 30, sei lá. E às vezes, muitas vezes, nem começa. Velho é aquele que não morreu cedo, de susto de bala ou vício, como diria um cara que já foi “Novo Baiano” e hoje não passa de um“Velho Baiano” decadente e querendo mídia. Vejam o que tem dito a respeito desses marginais que se denominam “black blocks”.
Mas Caetano não liga pro ridículo, mesmo. Aliás, antes de apaixonar-se por “black blocks”, literalmente se apaixonou por surfistas, vide “Menino do Rio”. É da índole dele, fazer o que.. não vá o velho baiano me acusar de homofobia, por Jeová..
Mas Caetano não liga pro ridículo, mesmo. Aliás, antes de apaixonar-se por “black blocks”, literalmente se apaixonou por surfistas, vide “Menino do Rio”. É da índole dele, fazer o que.. não vá o velho baiano me acusar de homofobia, por Jeová..
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Certa vez, meio arretado da vida, com essa mania de juventude que velhos e velhas têm, escrevi um poema que está no meu livro de crônicas “Caçador de Lagartixas”, e que intitulei A MINHA IDADE.
Certa vez, meio arretado da vida, com essa mania de juventude que velhos e velhas têm, escrevi um poema que está no meu livro de crônicas “Caçador de Lagartixas”, e que intitulei A MINHA IDADE.
Uma amiga deste Blog, pra quem mandei o poema por e-mail, levantou uma hipótese de que se eu o publicasse aqui, a grita seria grande, porque o que tem de terceiridadista aqui, e eu declaro orgulhosamente que vou fazer 68 em dezembro, não tá no gibi…
Pois eu ouso e o publico agora. Quem não gostar que reclame ao Papa, ao Bispo ou ao espelho, hahahaA MINHA IDADE
Ei, você aí, por favor, pare!
com esse negócio de terceira idade,
essa mania de felicidade,
vendida em grupos de ocasião…
Deixe eu viver a minha experiência,
deixe-me em paz com minha consciência,
deixe-me ouvir meu velho coração…
Eu, não !
Eu, não !
não vou trocar os meus cabelos brancos
pela tintura de uma vaidade
que não resiste a alguns dias, só…
Prefiro
ter o defeito da dignidade
de olhar no espelho e me sentir eu mesmo
e de dizer: _ Meu velho, como andaste
por essas trilhas que tantos queriam
ter palmilhado (e só andaram a esmo!
Eu quero
olhar de frente para o meu passado
e a cada dia me sentir moldado
pela couraça da sabedoria
Desejo
que a corrente desse Rio/Vida
me leve à foz do Oceano Eterno
onde estaremos todos, Homens-Barco
Detesto
ser um parco homem teimoso
que luta contra a força do Destino.
Aceito o privilégio de ter tino
e tento, pra gostar da minha sorte
Tranqüilo quero me encontrar com a Morte
e dizer-lhe: – Irmã, tenha bom trabalho
Eu não serei mais um que te atrapalha;
milhões estão chorando atrás de mim.
Pois nós já compreendemos que é assim:
Os fracos têm medo de morrer
porque não têm juízo pra saber
que colhes o que é bom, o que é maduro
o resto tu espalhas num monturo
e deixas, pra depois vir recolher..
Pois é, não me falem dessa “mocidade”
forjada num clube de “terceira idade”
que aos tolos faz um jovem parecer
Eu vou me recolhendo ao coração
dentro de mim, somente eu, Mente-Cubículo
Com muita paz, sem me sentir ridículo
E com ternura, vou envelhecer.
-x-x-x-x-x-x
Ô MANIA DESGRAÇADA !
Eu num tulero a mania
de ter comemoração
Da mãe, do pai, do perdão
Da músga, da poesia
Doutor de adevocacia
Comemora dando xêxo
Tirando os garçon dos êxo..
Tem o dia da frevança
Amante, sogra e criança
Só farta o do quebra-quêxo
Já tem os dia dos santo
Dos casacudo também
Farta o dia do xerém
E tombém o do encanto
Inventa o dia do pranto
Para todo mundo chorar
Purque pra mode penar
Tem o dia dos finado
Dia bem malassombrado
É o dia do imbuá
Eu arresorvo esse caso
Inguinorando essas data
Botando tudo na lata
Jogando tudo num vaso
E se chegá cum atraso
O dia dos cafajeste
Eu quebro o rumo boreste
Pro rumo do pau da venta
Porque ninguém mais aguenta
tanto dia.. TÁ CA PESTE !
O que eu acho é que no ano
A gente tem todo dia
Pra saudar com alegria
O dia que tá chegano
Pois se a gente tem tutano
Pra guardá tanta lembrança
Num carece de imbuança
Nem de festa já marcada
Que só é comemorada
Mode nós inchê a pança…
pela tintura de uma vaidade
que não resiste a alguns dias, só…
Prefiro
ter o defeito da dignidade
de olhar no espelho e me sentir eu mesmo
e de dizer: _ Meu velho, como andaste
por essas trilhas que tantos queriam
ter palmilhado (e só andaram a esmo!
Eu quero
olhar de frente para o meu passado
e a cada dia me sentir moldado
pela couraça da sabedoria
Desejo
que a corrente desse Rio/Vida
me leve à foz do Oceano Eterno
onde estaremos todos, Homens-Barco
Detesto
ser um parco homem teimoso
que luta contra a força do Destino.
Aceito o privilégio de ter tino
e tento, pra gostar da minha sorte
Tranqüilo quero me encontrar com a Morte
e dizer-lhe: – Irmã, tenha bom trabalho
Eu não serei mais um que te atrapalha;
milhões estão chorando atrás de mim.
Pois nós já compreendemos que é assim:
Os fracos têm medo de morrer
porque não têm juízo pra saber
que colhes o que é bom, o que é maduro
o resto tu espalhas num monturo
e deixas, pra depois vir recolher..
Pois é, não me falem dessa “mocidade”
forjada num clube de “terceira idade”
que aos tolos faz um jovem parecer
Eu vou me recolhendo ao coração
dentro de mim, somente eu, Mente-Cubículo
Com muita paz, sem me sentir ridículo
E com ternura, vou envelhecer.
-x-x-x-x-x-x
E pra ninguém pensar o contrário, digo também -aproveitando o mote- o que penso dessa palhaçada de dias comemorativos:
Ô MANIA DESGRAÇADA !
Eu num tulero a mania
de ter comemoração
Da mãe, do pai, do perdão
Da músga, da poesia
Doutor de adevocacia
Comemora dando xêxo
Tirando os garçon dos êxo..
Tem o dia da frevança
Amante, sogra e criança
Só farta o do quebra-quêxo
Já tem os dia dos santo
Dos casacudo também
Farta o dia do xerém
E tombém o do encanto
Inventa o dia do pranto
Para todo mundo chorar
Purque pra mode penar
Tem o dia dos finado
Dia bem malassombrado
É o dia do imbuá
Eu arresorvo esse caso
Inguinorando essas data
Botando tudo na lata
Jogando tudo num vaso
E se chegá cum atraso
O dia dos cafajeste
Eu quebro o rumo boreste
Pro rumo do pau da venta
Porque ninguém mais aguenta
tanto dia.. TÁ CA PESTE !
O que eu acho é que no ano
A gente tem todo dia
Pra saudar com alegria
O dia que tá chegano
Pois se a gente tem tutano
Pra guardá tanta lembrança
Num carece de imbuança
Nem de festa já marcada
Que só é comemorada
Mode nós inchê a pança…
Um abraço pra todos e todas, de todas as idades e de todos os dias. E quem se sentir idoso ou garotão comemore a seu bel prazer mais um dia que estamos vivendo… “Vale aquele adágio popularíssimo: amanhã será tarde demais!”
Só isso.