domingo, 20 de fevereiro de 2011

CINEMA EM CASA - O CINE MONTEIRO

Totó, em Cinema Paradiso
  
É difícil para mim externar minhas emoções em público.  O que não quer dizer que eu não as externe.. pelo contrário. Emociono-me com alguma facilidade e o cinema é para mim um agente facilitador ou desencadeador desse estado de alma. Mas não sou um cinéfilo chorão, não... Para chegar às lágrimas é preciso alguma carga de emoção que as faça valer. Como, por exemplo, a história terna e saudosa de um filme que tem tudo a ver comigo: Cinema Paradiso, filme autobiográfico do italiano Giusepe Tornatore. A história de Totó, garoto amante dessa Arte maravilhosa me comoveu profundamente.  Vi-me, naquela fita, transportado no tempo dos meus dias de criança em Casa Forte, nas matinês do Cinema Luan e nas sessões improvisadas de cinema que eu fazia na nossa casa.  
cena do seriado Flash Gordon

A sessão de cinema tinha público certo: um monte de irmãos pequenos de todas as idades. Mas, às vezes, contava com o honorável e prestigioso público formado pelos irmãos mais velhos e (glória total!) até mesmo dos nossos pais.  Aprendi,  não sei se com um colega de escola ou em algum volume do “Tesouro da Juventude”, a fazer um arremedo de projetor de cinema: uma lâmpada transparente oca, cheia de água, servia de lente de projeção. O tal engenho funcionava movido a luz do sol, dirigida ao projetor por um espelhinho redondo, que não podia faltar em qualquer bolso de calça de menino daquele tempo, junto ao pente “Flamengo” de ‘matéria-plástica’.   

Roy Rogers e seu cavalo Trigger
 
O projetor era uma caixa de madeira com a figura de um leão gravada a fogo e os dizeres: ‘Matte Leão: já vem queimado’. Dois retângulos cortados a canivete, um atrás, outro na frente. No meio da caixinha, a lâmpada oca e cheia d’água, isto é: a lente de projeção. Botava na frente da lente , em posição invertida tudo o que era possível projetar: papel celofane de ‘confeitos’ da Renda Priori & Cia., de várias cores e sabores, desenhos feitos com tinta nanquim sobre celofane, recortes de letras e figuras que eu vazava em papel com tesoura ou gilete... eram os créditos de abertura e o famoso letreiro “the end”.
Ah.. do meio para o fim da sessão havia a grande atração, a fita principal: pedaços de filme que eu achava no lixo do Cine Luan e colecionava com todo carinho. Tinha cenas de Flash Gordon, Rock Lane, Hopalong Cassidy, Zorro e Tonto, o outro Zorro e o Tenente Garcia, Sansão e Dalila, Jornal da Tela, Carlitos, O Gordo e o Magro, A ilha misteriosa, até mesmo da Paixão de Cristo ainda em preto-e-branco. Enfim.. tudo quanto era sobra de filme que eu achasse na caixa de lixo do Cinema ia para a coleção particular do Cine Monteiro, a melhor sala de cinema que eu operei e frequentei na minha infância.
No final da sessão, Dedé (nossa segunda mãe), providenciava um lanche para premiar o bom comportamento da plateia que, aliás, batia palmas e assoviava demais, quando aparecia na tela de lençol a palavra FIM, ou melhor THE END !
(Do meu livro de crônicas "Caçador de Lagartixas", Ed.do Autor, impr. pela Editora Livro Rápido - Elógica, Recife, 2008)

DUDA, SETENTA ANOS DE FREVO !


Duda e Hugo Martins, no FSTUDIO

                                                                          
Este ano tem o Carnaval do Recife tem um homenageado especial : o Maestro Duda. Goianense, começou a tocar ainda menino na Banda Saboeira de Goiana-PE. Gênio musical, maestro, arranjador e exímio saxofonista, Duda é um ícone da Música Pernambucana e brasileira. Reconhecido nos quatro cantos do Mundo como um dos maiores arranjadores para música de metais de todos os tempos, Duda é a simpatia personificada, conservando ainda seu sotaque matuto e sua risada franca.



Duda e Mida, sua esposa, com Fred Monteiro
no Bloco Flor da Vitória Régia
Não cabe, nesse espaço tão modesto, traçar uma biografia do Maestro Duda e tentar mostrar um mínimo que seja da sua valiosa Obra Musical. Há cinco anos atrás, compus, em sua homenagem, um frevo-de-bloco exaltando seus 70 anos de idade, que denominei “ Duda, Setenta Anos de Frevo”. O arranjo é do Maestro Ademir Araújo (Formiga), outro grande músico, arranjador, compositor e amigo. Participei também com meu banjo, junto aos excelentes músicos de Ademir e um coro formado por Rosaura Muniz, Sevy Nascimento e Margarete Cavalcanti. Esta música está presente na seleção anual do Centro da Musica Carnavalesca de Pernambuco-CEMCAPE (O tema é frevo – pesquisa).

Ouçam e aplaudam junto comigo este grande pernambucano, o Maestro Duda !


Duda mixando uma gravação no FSTUDIO