quarta-feira, 4 de maio de 2011

15 ANOS DA ORQUESTRA CIBERNÉTICA DO FREVO






Ouçam aqui O TOM É ESSE,  de Fred Monteiro Filho

Lourival Oliveira
Em Setembro de 1996 tive uma idéia que somente consegui realizar em inícios de 1997. Era o embrião do que eu chamava do meu projeto do "frevo cibernético". As dificuldades de produção musical nessa época, para quem fazia música popular no Recife eram imensas.  O preço dos estúdios era proibitivo.Havia pouquíssimos estúdios de gravação no Recife, diferentemente de hoje, quando justamente a abertura  para mesas de gravação e softwares de edição musical digital multiplicaram por mil as possibilidades de qualquer músico ter seu próprio home-studio e assim gravar em casa mesmo, na maior parte dos casos, as suas músicas. O uso do computador na música expandiu as fronteiras da criação e da possibilidade material e econômica de gravarmos nossos trabalhos sem mais aquela dependência total dos grandes estúdios.  Até hoje conservo o meu pequeno estúdio digital e nele tenho produzido trabalhos de certa relevância no contexto da música pernambucana, em especial do frevo-de-bloco. 
Capiba
Maestro Duda
Gostaria de dividir com vocês, neste espaço, na ocasião em que comemoro os 15 anos da CIBERNÉTICA DO FREVO um dos trabalhos que inclui no primeiro CD do gênero, que eu tenha conhecimento.  É o frevo-de-rua que vocês podem ouvir aí em cima, de autoria do meu filho, o excelente compositor Fred Monteiro Filho.  O arranjo é de Edson Cunha e o arranjo sinfônico das cordas é do meu filho caçula, também músico e compositor Enrico Monteiro. CIBERNÉTICA DO FREVO foi totalmente digitalizado desde a capa até todos os instrumentos tocados no disco.
A capa também foi uma criação digital em 3D


Somente as vozes dos cantores e cantoras são humanas, nesse cd, fato que causou apreensão entre os músicos locais, coisa facilmente superada e explicada em várias entrevistas que concedi a jornais, rádios e emissoras de tv, à época.   Aberto o caminho, desde então, o uso dos computadores em estúdios de gravação tornou-se não somente uma necessidade.. Foi uma imposição mesmo!    A qualidade inegável do som digital começou a transparecer, e o que era  um instrumento rudimentar no meu disco pioneiro, tornou-se, com o tempo, mais sofisticado com a modernização cada vez mais evidente dos samplers, do instrumental de estúdio, dos  softwares, enfim, de toda a parafernália eletrônica que hoje substitui pesadas e caríssimas mesas de gravação analógica, colunas de gravadores de fita e seus respectivos sincronizadores, módulos de efeito volumosos, etc.   Sei que estou levantando ou reacendendo um debate que se instalou entre os que adotam a gravação digital como padrão, sejam meus contemporâneos ou gente que aderiu mais tardiamente à novidade..   Há sempre os saudosistas do gravador de rolo de fita desde os antigões de apenas uma ou duas pistas, com fitas magnéticas de 8 mm, aos antigões de 4 , 8 ou 20 pistas com aquelas largas fitas magnéticas de 2 polegadas que partiam, enrolavam e davam tanta dor de cabeça na hora da edição e montagem das matrizes.  Da mesma maneira, há saudosistas que ainda lutam contra o som digital de altíssima definição, preferindo os bolachões de vinil ou os discos de acetato e cera de carnaúba em 78 rpm..  Eu os respeito, ouço sem discutir as suas manifestações acerca da "quentura" do som analógico e  fico calado, somente pensando em ouvir, depois daquela conversa toda um bom cd sem chiados.. (E, aqui pra nós, eles também, no silêncio das suas salas, não hão de querer ouvir um disco chiado, não.. a não ser que sejam fánaticos mesmo !)  Aliás, prefiro os vinis e 78 rpm já remasterizados digitalmente, porque na verdade, desde pequeno nunca fui fã de uma audição musical  em  que  a  chiadeira do disco  superasse  aquele  "pianíssimo"  delicado de um violino num solo plangente de um certo trecho de uma Sinfonia.