No camping, à véspera da Maratona da Paraíba |
Existe um blog direcionado a corredores de rua, mantido pela revista Veja e escrito por um jovem professor de educação física. Deve ter uma boa aceitação, vez que é vinculado a uma das maiores e mais conceituadas revistas brasileiras, da qual, aliás, sou assinante.
Decepcionado pela falta de resposta a um comentário meu (sinal de que o jovem mestre não é lá muito de aceitar críticas, mesmo fundamentadas, reproduzo-o aqui no meu blog.
Muitos dos meus leitores por certo discordarão de mim. Não sei se o professor sequer vai tomar conhecimento deste post agora publicado, mas com certeza, como todo blogueiro, leu e (como alguns avessos ao princípio da livre opinião dos seus leitores) deve ter meditado sobre ele. E achado por bem jogá-lo na lixeira virtual. Julguem vocês mesmos se tenho ou não razão em rebater semelhante afirmativa (ao que tudo indica, feita com certa revolta – vide o ponto de exclamação na manchete. A propósito, o título do tal artigo era “PRATICAR CORRIDA: ISSO JÁ FOI MAIS BARATO ! “
Com minhas desculpas antecipadas ao jovem colunista, este foi o artigo mais ridículo e sem fundamento que li na minha vida de corredor de rua.
Chegando na I Maratona do Recife |
Referir-se à corrida como esporte caro é no mínimo um contrasenso. Creio que o post visa a despertar polêmica mesmo, senão vejamos: a corrida é o ÚNICO esporte que você pode praticar sozinho, a qualquer hora do dia ou da noite, em qualquer lugar, de qualquer cidade ou região do mundo. Desde que você esteja vestindo (pra não ser preso por nudismo) um mero calção, até mesmo descalço você pode correr sem malefícios maiores para a saúde. Desde que esteja bem alimentado (o que não significa entupir-se de “produtos para corredores” e líquidos miraculosos que não chegam aos pés da boa e velha água potável, você pode correr a vida toda e gerar saúde para si mesmo e estimular seus semelhantes a fazerem a mesma coisa. O que ocorre, meu caro, é que querem tornar a corrida um esporte comercial, que rende lucros inimagináveis para fábricas, produtores de qualquer coisa vendável a uma multidão de “corredores da moda”, gente que quer correr porque hoje correr é chique, dá status e aumenta a sensação de prestígio na sociedade. Estou falando, agora, dessa corrida fashion, com academias promovendo seus "personal trainers" e outros berloques completamente desnecessários à atividade. Quem quiser correr, a qualquer hora pode simplesmente levantar-se da cadeira, colocar um pé à frente do outro e iniciar o movimento mais antigo que o homem realiza desde que se pôs sobre duas pernas e ergueu a coluna. Sou corredor há exatos 29 anos e um mês. Ajudei a fundar um clube de corredores aqui no Recife, o CORRE, defendo a corrida como atividade básica e não como esse “esporte” de que o nobre colunista fala, com medalhinhas, chips, tênis que valem fortunas, “maratonas” de 5 quilômetros e que ainda admitem “revezamento”.. Tenham dó ! Acho que a “popularidade” da corrida não interessa à atividade física mais básica, mais barata, mais popular, mais simples, tanto que era praticada pelos pré-históricos, quando saiam das suas cavernas para correr atrás da caça ou entravam nelas pra fugir dos predadores. Se o enfoque de corrida que tem a sua coluna é esse, perdão: entrei na caverna errada ! Grande abraço e boas corridas… de verdade...não corridinhas sociais !