terça-feira, 24 de dezembro de 2013

LILI MARLENE - UMA CANÇÃO QUE TODOS AMAM

"Tantas Lilis" é o nome de um frevo-de-bloco que escrevi para o Bloco Carnavalesco Nem Sempre Lili Toca Flauta, fundado e mantido pelo meu amigo Gerson Victor e família. 

Esse é um dos Blocos mais queridos do Carnaval recifense, juntando milhares de pessoas todos os anos, no seu desfile sempre incerto de horário e local de saída (justamente para evitar a superlotação nas ruas, à maneira do Galo da Madrugada.)
A turma do Lilly no ensaio..Um sai-não-sai já tradicional...

Querido por todos, "Lili", como é carinhosamente chamado, é uma alegria só.

Querida por todos, no mundo todo, é também a canção alemã, que virou meio francesa, chamada "Lili Marlene", ou Lili Marlènne, Lili Marlen, ou Lili Marleen, no original.

Lili Marleen foi escrita em 1915, durante a Primeira Guerra Mundial, e publicada sob o título "Canção de amor de um jovem Sentinela", em 1937, sendo gravada em 1939 pela cantora alemã Lale Andersen com o título " A garota sob a lanterna".
Tornou-se popular entre as tropas de ambos os lados em combate (ligados ao "Eixo" ou aos "Aliados"), pela intensa divulgação feita pela Rádio Belgrado, durante a invasão da Iugoslávia, em 1941.

Cartaz de época
Além da gravação de Lale Andersen, tornaram-se antológicas as feitas pela grande atriz e cantora Marlene Dietrich e pela Banda Alemã da "Panzergrenadierdivision", além da francesa Suzy Solidor e da americana Connie Francis, dentre muitas outras de outras partes do mundo. 

Trago então, para apreciação de vocês uma versão especial, de Lale Andersen, gravada em três línguas, (inglês, francês e alemão) e a gravação da Banda da divisão Panzer.  Ouçam-nas, em conjunto aqui:


Muito curiosa também, é a gravação feita pelo músico ambulante Jean Marie que corre o mundo com o seu realejo mecânico tocando e cantando canções francesas. Essa gravação que trago dele está num CD que comprei ao mesmo, numa apresentação ao ar livre na Rua das Flores, em Curitiba, em 1996.  Vale a pena ouvir todas as versões, para entrar no clima universal desta canção. Aqui, a de Jean Marie:

Jean Marie et son limonaire
Quanto à minha intervenção carnavalesca, quem tiver a curiosidade de conhecê-la, trago-a também, como se encontra incluida no CD que gravei do Bloco "Nem Sempre Lily toca flauta" há algum tempo atrás, gravada por mim (parte instrumental) e por Tatiana, minha filha, Naara Santos e Eliane Ribeiro, cantoras amigas, que participavam do Coral do nosso Bloco.  Ouçam aqui:


E qual a razão desse "post", perguntariam os curiosos?  Além, muito além, do aspecto histórico e musical, digo a vocês: é que não há nada tão imbecil, desumano ou desnaturado que uma Guerra.  Principalmente quando o conflito atravessa as fronteiras e toma ares de uma insanidade universal.  Exatamente o contrário do que o que ocorreu com essa música (Lily Marlene): universalizou-se pelo seu aspecto de melodia terna, de lembrança melódica que não tem nada a ver com ódio, luta e sangue.



sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

AS MÚSICAS DO BLOCO FLOR DA VITÓRIA-RÉGIA (2)


Com Getúlio e sua filha Alessandra, nos carnavais da vida
Dando sequência à série inciada terça-feira passada, trago hoje uma música que cantamos bastante nos nossos desfiles. É uma parceria minha (letra) com Getúlio Cavalcanti (música).  Foi gravada no CD "O Som dos Blocos", que produzi em conjunto com o Bloco Eu Quero Mais, de Olinda. Um disco que fez muito sucesso na época e que até hoje toca nos programas carnavalescos da Rádio Universitária, de Hugo Martins (O tema é frevo) e Miriam Leite (O Bloco está na rua). Com Orquestra e Coral Vitória Régia, na época formado por Henny, Tatiana, Dalila, Dulce, Adeilda, Edla, Eunice, Fátima, Leone, Mida, Naize e Valdênia. Arranjo do Maestro Duda.

Eis a letra:

Cigarras de Casa Forte
Por que sumistes da Praça?
Já vai tão distante o tempo
Em que cantavas com graça
Nas ruas da minha infância
Relembro teus madrigais
Nos galhos das pitombeiras
Dos cajueiros e trapiás

Cigarras, quanta saudade!
Daquelas tardes dolentes
Das noites de serenata
Luares resplandescentes
Se agora eu choro a mágoa
De ter perdido teus ais
Me consolam as pastorinhas
Que acalentam meus carnavais
(Nas proezas de Flor da Lira
Vitória-Régia e Eu Quero Mais)

A música vai aqui:

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

ESTAMOS DE VOLTA !

Na Rua da Aurora, com o compositor Heleno Ramalho, de branco, à direita

Quase dois meses de férias.  Mas quase três anos no ar.  Valeu a pena parar, para fazer um balanço e descansar vocês.  Estamos de volta, a partir de hoje. E com um assunto que talvez interesse a todos os que acompanharam o nascimento e a trajetória do Bloco Flor da Vitória-Régia.  Em setembro passado, o Bloco completou 15 anos de fundação. E oito de recesso.  Como o Carnaval já se aproxima, talvez valha a pena reviver esses oito anos de atividade, do primeiro desfile, em fevereiro de 1999, ao último, no Carnaval de 2005.  
Ano que vem também completará 15 anos a maior festa dos Blocos líricos do Recife, a "Aurora dos Carnavais", idealizada pelo Poeta Romero Amorim.  O nosso Bloco recebeu um convite da organização para participar, como um dos 3 blocos que inauguraram a festa, no ano 2000.
O Bloco Flor da Vitória Régia foi agraciado pelos compositores carnavalescos do Recife com 16 marchas de bloco (ou frevos-de-bloco, se preferem).  Acho que é um dos campeões, nesse sentido. Prova do quanto foi (e é) querida a nossa agremiação.
Instado por um amigo (e perseguidor do Bloco, também), listei hoje pela manhã todas essas músicas.  E a partir de agora, duas vezes por semana, às terças e sextas-feiras, vou transcreve-las aqui no Blog e no Jornal da Besta Fubana,  Para evitar "protecionismos", seguirei a ordem alfabética das canções.
Assim, vai abaixo a primeira delas: 

A CURVA DO RIO
(Heleno Ramalho)
Interp.:  Orquestra Vitória-Régia e Coral Meus Amores

Chega, vem cantar saudade
Ó pastora amada, 
Que já vai meu dia
Canta, que o tempo é breve
e passa mais leve
Se tem alegria
Quando me abraçar a noite
com aquele açoite 
De adeus final
Lembra da Vitória-Régia
A flor mais vistosa
Do meu carnaval

É bonito ver o Bloco a resplandecer
O luar de Casa Forte e a minha inspiração
Se a curva lá do rio me faz reviver
Mais uma lembrança acorda
Batendo nas portas do meu coração


sábado, 12 de outubro de 2013

UMA FESTA DE TULIPAS (SEM TULIPAS)

As tulipas se esconderam com frio.. só deu pra ver 
essas amarelinhas aí..nem sei que nome têm
É logo aliiii.. daqueles "logo ali" de matuto, vocês sabem...mas vale a pena, pra quem gosta das tulipas.

De todas as cores, plantadas criteriosamente e expostas todos os anos num Festival muito bacana. Em 2009 estivemos por lá.

O mapa da mina, pelo Google


Mas, não demos muita sorte não.. O Festival começa logo no início da Primavera. Uma homenagem à Estação das flores.. 

Em 2009, porém, o frio não deixou que as tulipas se abrissem.  Só vimos tulipas de estufa, mas o passeio é lindo, um lugar de sonho.. Impossível não ficar deslumbrado.  Fred Filho havia me mandado  fotos maravilhosas de lá, feitas por ele, com os campos de tulipas alternando-se em cores as mais diversas: amarelas, vermelhas, azuis, roxas, brancas, bicolores, com as mais diversas combinações.
Um simpático moinho, pra combinar com a paisagem.

Essa foto aí é do site oficial da Roozen Garder

A fazenda que visitamos é uma das mais famosas do lugar: Roozen Garder.   Creio que os proprietários são descendentes de holandeses.  Um dos destaques é um moinho cercado de jardins por todos os lados. E fica bem próximo à fronteira do Canadá (Columbia Britânica), a pouco mais de uma hora de Vancouver.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

O DOM DA POESIA


Já falei aqui no Blog da amiga e parceira Claude Bloc. Vou falar de novo. 

E por que motivo?   Para mostrar a vocês o nosso terceiro trabalho, numa cantoria virtual.  São encontros poéticos que mantemos via internet, por email.  

Gosto muito desse desafio e cada vez que escolhemos um tema, ou um mote para desenvolver, sei que vem coisa boa da poeta do Cariri, que embora no nome e na filiação seja francesa, no nascimento e no coração é brasileira da gema, nordestina, cearense e caririzeira.

Dissertamos desta vez sobre a poesia, como Arte e como Dom.

Dom, sim, porque às vezes por mais que a pessoa tenha a técnica e a capacidade literária, falta-lhe a musicalidade, ou a rima fácil, o ritmo certo e a intimidade com os muitos modos de fazer poesia.  

Principalmente poesia dita "de cordel", com regras rígidas que não dão margem a frases soltas, a versos brancos e outras manobras literárias da poética dita moderna.

Na literatura de cordel, esse é o desafio.  Sem fugir ao tema, mantendo o estilo escolhido, versejar metrificando, rimando, dentro do ritmo próprio e da prosódia correta.

E quando isso acontece com uma parelha de cantadores, duelando com suas violas e violões, aí é que a coisa vira espetáculo.  

Aí é que vemos o valor da inteligência dos nossos repentistas sertanejos que muitas vezes aprenderam a ler em antigos folhetos de cordel já desgastados e amarelados pelo tempo, onde descobriam romances medievais, notícias históricas, enredos românticos ou políticos que vararam décadas e até hoje são lidos e relidos à luz de lampiões e candeeiros pelo Nordeste afora.

É desse dom que falamos.  Confiram e vejam se não temos razão!

Mote de Claude Bloc:
“A palavra pra mim é um brinquedo
Projetando as feições da alma humana.”

CB
Lamentei ter perdido a mocidade
Esse tempo de grande ilusão
Nos meus versos eu fiz a projeção
De viver alegria e liberdade
E se falo de amor, essa verdade
Eu já sei que é de mim que ele emana
Pois eu vivo a correr nessa gincana
Que deslizo no verso sem ter medo
A palavra pra mim é um brinquedo
Projetando as feições da alma humana.

FM 
Quando Deus fez o homem, Ele lhe deu
Ferramentas de grande utilidade
E os dons que ofertou à humanidade
São parcelas do Céu que prometeu
Transparências no véu que escondeu
Toda a Luz que da Sua face emana
É o Poder da bondade soberana
No princípio era o Verbo o Seu segredo
A palavra pra mim é um brinquedo
Projetando as feições da alma humana

CB
A Bondade de Deus é infinita
E entre os dons que nos deu, Eternidade
Vamos todos seguindo essa Verdade
Pois a alma da gente canta e grita
Sentimentos que a vida delimita
Mas de Luz nossa história se engalana
A Herdade Divina não engana
Nem relega o Homem ao degredo
A palavra pra mim é um brinquedo
Projetando as feições da alma humana

FM
Deus é bom, Deus é Pai, Sabedoria,  
E aos filhos protege e acalenta
Cada dia que passa, em mim cimenta
A Palavra que é carta de alforria
E a Verdade, mãe da Soberania
Derrotando o Mal que nos engana
Tem na voz a clareza espartana
Do Universo infinito e mete medo
A palavra pra mim é um brinquedo
Projetando as feições da alma humana

CB
Quando a vida parece não ter jeito
Quando o sonho se esconde no lamento
Vem de Deus nosso único alento
Que remove essa dor em nosso peito
E é d'Ele esse gesto tão perfeito
Que nos une e até mesmo nos irmana
Que nos livra dessa tristeza insana
Nos liberta e nos traça outro enredo
A palavra pra mim é um brinquedo
Projetando as feições da alma humana 

FM
Já louvamos a Deus, por necessário,
Pois é nossa primeira providência
E o fizemos com toda consciência
Pois de Deus é bem vindo este fadário
Para o homem não ser um perdulário
desses dons, é preciso qual chalana
Navegar manso rio de água plana
que da vida não esconde seu segredo
A palavra pra mim é um brinquedo
Projetando as feições da alma humana

CB
Pela terra deixei meu pensamento
Pelos ares a mais louca paixão
Descobri que o tempo é ilusão
E que a vida é também deslumbramento
Meu poema nasceu do movimento
E desliza do olhar pela pestana
E se esculpe com o fio da catana 
Pois o verso é mais breve que o levedo 
A palavra pra mim é um brinquedo
Projetando as feições da alma humana 

FM 
Da palavra o poeta é operário
No esforço pra construir seu verso
Extraindo a matéria do Universo
Seu motivo é cantar um canto vário
Sem ligar pr' o detalhe do salário
Tem seu gozo na estrofe que se explana,
E a  constrói feito molda a porcelana
Na alegria tão pura de um folguedo
A palavra pra mim é um brinquedo
Projetando as feições da alma humana

CB 
As palavras são contas de um rosário
Que rezamos com alma e sentimento
Pois revoam sem causar sofrimento
No rascunho do nosso dicionário
Não importa qual seja nosso erário
Se lidamos com a língua lusitana
Se moramos ao léu, numa choupana
Se pisamos em falso num lajedo
A palavra pra mim é um brinquedo
Projetando as feições da alma humana

FM
Já nem sei quando a minha Musa vem
Do Olimpo pra inspirar meu estro
sendo a vã sinfonia que eu orquestro
Eu me anulo no verso, eu sou Ninguém
E encaro essa vida com o desdém
De quem busca a razão que não profana 
ou que aceita a pobreza franciscana
com a ternura de quem perdeu o medo
A palavra pra mim é um brinquedo
Projetando as feições da alma humana

CB
Eu me inspiro no cheiro de uma rosa
No suspiro mais doce de uma flor
Nas procelas do mar, no trovador
Que deságua em verso sua prosa
Numa rima perfeita, tão cheirosa
Quanto um sonho de amor, feito nirvana
Delicado fervor, pureza lhana.
Ilustrando o sol com riso ledo 
A palavra pra mim é um brinquedo
Projetando as feições da alma humana 

FM
Toda a Glória é cantada em tom maior
Pra louvar tantos dons que recebemos
Construindo esse mundo que não vemos
mas sentimos vibrando em derredor
Sacrifícios aos pés do altar-mor
Desta vida que não mais nos engana
Um poema rimado não se empana
são quais uvas brilhantes num vinhedo
A palavra pra mim é um brinquedo
Projetando as feições da alma humana

 CB
O meu ritmo é sempre musical
Como um gesto de amor, em peito arfante
Como o som da viola mais vibrante
Que empolga e se cala no final
E conduz o poema em espiral
Como a brisa que sopra e se encana
E o som que do âmago emana
Provocando o mais íntimo arremedo
A palavra pra mim é um brinquedo
Projetando as feições da alma humana  

FM
Agradeço às Musas dadivosas
Ao meu lado, agindo docemente
Seu labor gracioso e inteligente
Inspirando-me com vozes tão sedosas
Seus cabelos em mechas olorosas
No dançar doce e lento da pavana
ao soar de uma flauta em meia-cana
A tal baile entreguei-me e ao seu enredo
A palavra pra mim é um brinquedo
Projetando as feições da alma humana.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

PERNAMBUCO MUSICAL - FÁTIMA MARINHO E MAESTRO DUDA

Maestro Duda, um ídolo pernambucano
Em paralelo a outras postagens musicais, vou iniciar aqui uma série sobre dois programas de rádio que durante seis meses mantive na FM101-Pacoland.

Um deles foi "Pernambuco Musical", uma revista sobre nossos ritmos, trazendo artistas e compositores do Recife e do Interior do Estado.  

Promovi muitos lançamentos de artistas da terra nesse programa, no curto espaço da sua existência, vez que a emissora comunitária saiu do ar, seis meses depois da nossa entrada em cena.  

Mas, nesse curto período tive muitas alegrias e divulguei bastante a música pernambucana. 

Ouçam agora um belo arranjo do Maestro Ademir Araujo (Formiga) na voz de Fátima Marinho, da música "Veneza Americana", de Nelson Ferreira e Ziul Matos, em ritmos de caboclinho, maracatu e frevo.  

Em seguida, "Vassourinhas", de Matias da Rocha, com a Orquestra do Maestro Duda e belas variações de guitarra, flauta e mais os naipes de metais e palhetas. Boa audição !

Fátima Marinho, a graça e autenticidade
de todos os nossos ritmos

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

MEMÓRIAS DO FSTUDIO - SAIA DO MEU CAMINHO !


Já mostrei por aqui vários cantores e grupos que tive o prazer de gravar no FSTUDIO.
Hoje trago um grupo de autêntico forró que tive o prazer de produzir.  Foi em 2002 e o conjunto se chamava GRUPO ASA BRANCA.  
Não sei se eles ainda estão na ativa.  Só sei que era uma família inteira, fazendo música puramente nordestina. O pai e a filha são os compositores, sanfoneiros e cantores, o filho e um tio fazem a percussão e vocais.  
Gonzaga Félix é o pai, Nilva do Acordeon, a filha.  Severino, o filho e Rafael Félix, irmão de Gonzaga.  Tive a honra de participar tocando violão e agogô.
A faixa que trago hoje para vocês é uma que eu gosto, em especial.  E que cabe muito bem no atual momento político. O nome da música é "Cai Fora!".  Acho que muita gente gostaria de oferece-la aos políticos brasileiros ora em posição de mando.
A música fala em traição e "mafiagem", coisas mais do que comuns na atual conjuntura brasileira. Ouvidos atentos à mensagem de Gonzaga e ao seu sotaque sertanejo pesado, às vezes difícil de entender. O ritmo é contagiante: típico forró de latada, como a gente chama.  Daqueles de levantar poeira no chão de terra batida Eu disse: o cabra é autêntico mesmo e não faz concessão a esses e erres. Ouçam, dancem e balancem à vontade. 


terça-feira, 1 de outubro de 2013

DIA DO IDOSO E OUTRAS CONSIDERAÇÕES SOBRE "A TERCEIRA IDADE"


Por princípio, não gosto desse termo “terceira idade”. Na verdade, eu o acho ridículo. Não há ordem para viver-se uma “idade”. Qual a idade de um natimorto, aquele ser que, mal acabou de nascer, sem passar por uma “mínima idade” sequer, sem ter inaugurado a vida, já se foi daqui?

Porque comemorar a velhice, com esse Dia do Idoso? Velhice é pra ser vivida, orgulhosamente vivida. Velhice não tem idade. Às vezes começa aos 15, ou aos 25, 30, sei lá. E às vezes, muitas vezes, nem começa. Velho é aquele que não morreu cedo, de susto de bala ou vício, como diria um cara que já foi “Novo Baiano” e hoje não passa de um“Velho Baiano” decadente e querendo mídia. Vejam o que tem dito a respeito desses marginais que se denominam “black blocks”. 
Mas Caetano não liga pro ridículo, mesmo. Aliás, antes de apaixonar-se por “black blocks”, literalmente se apaixonou por surfistas, vide “Menino do Rio”. É da índole dele, fazer o que.. não vá o velho baiano me acusar de homofobia, por Jeová..

***

Certa vez, meio arretado da vida, com essa mania de juventude que velhos e velhas têm, escrevi um poema que está no meu livro de crônicas “Caçador de Lagartixas”, e que intitulei A MINHA IDADE.
Uma amiga deste Blog, pra quem mandei o poema por e-mail, levantou uma hipótese de que se eu o publicasse aqui, a grita seria grande, porque o que tem de terceiridadista aqui, e eu declaro orgulhosamente que vou fazer 68 em dezembro, não tá no gibi…
Pois eu ouso e o publico agora. Quem não gostar que reclame ao Papa, ao Bispo ou ao espelho, hahaha

A MINHA IDADE

Ei, você aí, por favor, pare!
com esse negócio de terceira idade,
essa mania de felicidade,
vendida em grupos de ocasião…
Deixe eu viver a minha experiência,
deixe-me em paz com minha consciência, 
deixe-me ouvir meu velho coração…

Eu, não ! 
não vou trocar os meus cabelos brancos
pela tintura de uma vaidade
que não resiste a alguns dias, só…
Prefiro
ter o defeito da dignidade
de olhar no espelho e me sentir eu mesmo
e de dizer: _ Meu velho, como andaste
por essas trilhas que tantos queriam
ter palmilhado (e só andaram a esmo!

Eu quero
olhar de frente para o meu passado
e a cada dia me sentir moldado
pela couraça da sabedoria

Desejo
que a corrente desse Rio/Vida
me leve à foz do Oceano Eterno
onde estaremos todos, Homens-Barco

Detesto
ser um parco homem teimoso
que luta contra a força do Destino.
Aceito o privilégio de ter tino
e tento, pra gostar da minha sorte
Tranqüilo quero me encontrar com a Morte
e dizer-lhe: – Irmã, tenha bom trabalho
Eu não serei mais um que te atrapalha;
milhões estão chorando atrás de mim.
Pois nós já compreendemos que é assim:
Os fracos têm medo de morrer
porque não têm juízo pra saber
que colhes o que é bom, o que é maduro
o resto tu espalhas num monturo
e deixas, pra depois vir recolher..

Pois é, não me falem dessa “mocidade”
forjada num clube de “terceira idade”
que aos tolos faz um jovem parecer
Eu vou me recolhendo ao coração
dentro de mim, somente eu, Mente-Cubículo
Com muita paz, sem me sentir ridículo
E com ternura, vou envelhecer.

-x-x-x-x-x-x

E pra ninguém pensar o contrário, digo também -aproveitando o mote- o que penso dessa palhaçada de dias comemorativos:

Ô MANIA DESGRAÇADA !

Eu num tulero a mania
de ter comemoração
Da mãe, do pai, do perdão
Da músga, da poesia
Doutor de adevocacia
Comemora dando xêxo
Tirando os garçon dos êxo..
Tem o dia da frevança
Amante, sogra e criança
Só farta o do quebra-quêxo

Já tem os dia dos santo
Dos casacudo também
Farta o dia do xerém
E tombém o do encanto
Inventa o dia do pranto
Para todo mundo chorar
Purque pra mode penar
Tem o dia dos finado
Dia bem malassombrado
É o dia do imbuá

Eu arresorvo esse caso
Inguinorando essas data
Botando tudo na lata
Jogando tudo num vaso
E se chegá cum atraso
O dia dos cafajeste
Eu quebro o rumo boreste
Pro rumo do pau da venta
Porque ninguém mais aguenta
tanto dia.. TÁ CA PESTE !

O que eu acho é que no ano
A gente tem todo dia
Pra saudar com alegria
O dia que tá chegano
Pois se a gente tem tutano
Pra guardá tanta lembrança
Num carece de imbuança
Nem de festa já marcada
Que só é comemorada
Mode nós inchê a pança…

Um abraço pra todos e todas, de todas as idades e de todos os dias. E quem se sentir idoso ou garotão comemore a seu bel prazer mais um dia que estamos vivendo… “Vale aquele adágio popularíssimo: amanhã será tarde demais!”
Só isso.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

CORAÇÕES DE MELÕES E DE BATATAS

No tempo do iê-iê-iê, do twist e do hully-gully, todo mundo dançava "La Bamba". E um dos ídolos daquela época, que fez sucesso cantando "La Bamba", foi Trini Lopez, cantor texano, nascido em Dallas, de ascendência mexicana.  
Outro grande sucesso de Trini Lopez, foi uma música de ritmo bem latino, bem marcado e que ele cantava como ninguèm: "Corazón de Melón".

Lembrei-me ontem dele e de sua " Coração de Melão ", num prosaico lugar e exercitando uma tarefa bem prosaica, também: comprar frutas e verduras num supermercado.

Estava escolhendo minhas hortaliças quando, na gôndola das batatas fiquei surpreso com um exemplar de formato especial. Um coração, em forma de batata inglesa.


A primeira coisa que me ocorreu foi fotografá-la. Ah, bendita tecnologia dos smartphones que nos permite filmar e fotografar em alta definição o que vier pela frente!

E assim o fiz.  Fotografei aquele espécime para mim raro. Uma batata-coração. Perfeita, com todas as curvas que formam o famoso símbolo do amor, da paixão..

Coloquei-a em cima do carrinho, junto a couves e tomates, coentros e cebolinhas, e ainda na gôndola, recostada a uma bela abóbora (que prefiro chamar de jerimum, em nordestinês legítimo).  

Aí, ocorreu-me uma segunda e importante ação.  Já tinha colocado a batata-coração dentro do saquinho, junto com suas irmãs tão comuns, mas resolvi que isso não era justo.


Afinal, ela era uma batata especial, estava ali para ser mostrada e apreciada por todos. Por que negar aos outros o prazer e a surpresa de ver, de tocar, uma filha especial da natureza?   

Sem o mínimo arrependimento, e com o senso de cumprir o meu dever para com os demais, devolvi a "batata-coração" à sua gôndola, mas não sem antes avisar ao encarregado da Seção que havia ali uma batata nascida para ser estrela, para ser sucesso.  

E assim foi.  Espero que a tenham deixado por lá, bem à vista dos frequentadores daquela Supermercado.  Quem sabe alguns corações humanos não se tenham também tocado para a necessidade do Amor nesses dias tão carentes dele...

E, de presente para vocês, as fotos da fugaz e amorosa estrela, ao som de Trini Lopez cantando "Corazón de Melón".


quarta-feira, 18 de setembro de 2013

GALOPANDO NO REPENTE



Trago hoje mais um folheto de cordel, em parceria com a poeta amiga Claude Bloc, do Crato_CE, escritora, pintora, fotógrafa e sobretudo uma pessoa sensível às coisas do sertão, do seu Cariri.  Já falei aqui da Claude, e para os que ainda não conhecem a sua poesia, renovo o convite agora .
E dentro do estilo "martelo agalopado", fizemos essa parceria em torno de temas mais subjetivos, falando de música, poesia e sentimento.
O mote "E assim vou vivendo de improviso, para um dia não morrer de repente", assim foi glosado:

Fred Monteiro (FM)
 1.
Desisti e guardei minha viola
bem guardada, pra não me arrepender
Pois confesso, cansado de sofrer,
nesse afã a saudade deita e rola
Quase nada hoje em dia me consola
Mais do que escrever diariamente
Eu agora estou sendo coerente
no caminho escolhido com juízo
"E assim vou vivendo de improviso
para um dia não morrer de repente"

Claude Bloc (CB)
 2.
Na sacola guardei a minha lida,
No silêncio, guardei meu coração
Num poema secreto a emoção
De viver a saudade sem guarida
Sonhos tolos bordados pela vida
Nos retalhos de luz bem transparente
Alegria que passa tão silente,
Vai embora sem dar nenhum aviso
"E assim vou vivendo de improviso
para um dia não morrer de repente"

FM
 3.
Minha lira calou, emudeceu
E Euterpe então me abandonou
A Estrela da Tarde se apagou
Foi chegando a noitinha e fez-se o breu
Um silêncio profundo aconteceu
quando a lua surgiu incandescente
um torpor foi nublando a minha mente
e ao calar-me, fiquei tão indeciso
"E assim vou vivendo de improviso
para um dia não morrer de repente"
  
CB
4.
A saudade sentida se escondeu
Numa concha de estrelas, ao luar
No silêncio a aurora foi cantar
Exaltando um amor que já foi seu
E o poeta cansado adormeceu
Dedilhando uma música plangente
Que revira essa tristeza da gente
E acende o amor se for preciso
"E assim vou vivendo de improviso
para um dia não morrer de repente"
  
FM
5.
Nesta vida o cansaço fez seu preço
e a resposta ao esforço diário
sem apreço ao suor do operário
que na luta relembra o seu começo
Atitudes banais que não mereço
são desprezo por tal esforço ingente
Não se pode quedar indiferente
apagou-se o motivo do sorriso
"E assim vou vivendo de improviso
para um dia não morrer de repente"
  
CB
6.
O sorriso é sempre o brilho primeiro
No olhar e na vida do operário
Se a chama se apaga do cenário
O esforço esmorece bem ligeiro
E as horas desandam do ponteiro
De um relógio calado, displicente
Que só atrasa e sai pela tangente
Mas sorrir é o destino que eu viso
"E assim vou vivendo de improviso
para um dia não morrer de repente"
  
FM
7.
Se o sorrir faz a vida mais feliz
Eu esqueço minhas adversidades
vou passando a borracha nas saudades
retomando aquilo que eu mais quis
e pra tudo que é bom eu peço bis
da tristeza  não vou ser dependente
volto a ser um sujeito paciente
me livrando de qualquer prejuízo
"E assim vou vivendo de improviso
para um dia não morrer de repente"
  
CB
8.
A saudade é a força dos remidos
Faz fogueira no nosso coração
E transforma a nossa emoção
Num balão que remexe os sentidos
Relembrar o que houve em tempos idos
É sofrer outra vez  impunemente
É morrer um pouquinho,  tão somente
E jurar que amar não é preciso
"E assim vou vivendo de improviso
para um dia não morrer de repente"

FM
9.
Sendo a vida, afinal, grande mistério
Só me resta vivê-la com coragem
Enfrentar seus meandros na viagem
Aprendendo ao sabor do seu império
Respeitando o sublime Magistério
A lição vai-se tornando patente:
Ou me torno um aluno obediente
Ou assumo essa falta de juízo
"E assim vou vivendo de improviso
para um dia não morrer de repente"

CB
10.
Esta vida é feita de engrenagens
Que nos ligam a outros elementos
E nos somam milhões de sentimentos
Que transbordam e parecem até miragens
Desenhando os sonhos com as imagens
De projetos que vêm à nossa mente
Cada passo se torna diferente
Quando um gosto se mantém impreciso
"E assim vou vivendo de improviso
para um dia não morrer de repente"

FM
11.
Eu tentei ser leal às teorias
Mas na escola da vida eu aprendi
que no simples trinar de bem-te-vi
o que existe é mais que melodias
eles cantam assim todos os dias
e eu fico feliz por tão somente
escutar esse canto e de repente
eu esqueço a razão pois não preciso
"e assim vou vivendo de improviso
para um dia não morrer de repente"

CB
12.
Eu me rejo por essa sinfonia 
Que em silêncio, absorvo em plena paz
E num sopro, a saudade já me traz
O solfejo embalado em melodia
Numa pauta desenho a harmonia,
Esses ecos da nota mais dolente
Que me tocam como a brasa mais quente
No calor de um poema interciso
"e assim vou vivendo de improviso
para um dia não morrer de repente"
  
FM
13..
É a Música a mais mimosa Musa
que encontrei nesta vida peregrina
Musicar sua estrada é minha sina
e quem come esse mel não se lambuza
Mas se alguém deste doce não abusa
Viverá um sorriso eternamente
Ao cantar pela vida, simplesmente
Antecipa na Terra o Paraíso
E assim vou vivendo de improviso
Para um dia não morrer de repente

CB
14.
Só a música embala a alegria
De viver tal e qual manda o destino
E liberta o teu sonho de menino
Como o sol pontilhando a sinfonia
Nessas claves de pura melodia
Que a alma carrega docemente
Tudo isso germina da semente
Que desdobra esse verso tão conciso
E assim vou vivendo de improviso
Para um dia não morrer de repente








quarta-feira, 11 de setembro de 2013

MARATONAS, BURACOS E CALÇADAS

Corrida da Fogueira-Chegada
Faz quase 31 anos (a serem completados em 1° de abril, o meu "dia da verdade"), comecei a correr e nunca mais parei.
Sempre corri sozinho e pela rua. Hoje tenho corrido também em esteira, em ambiente climatizado, no conforto do meu Condomínio.
Gostar, não gosto muito, não...  Mas fazer o que, quando o calor está insuportável, a segurança das cidades grandes em níveis abaixo da crítica, as ruas esburacadas, lesionando qualquer tatu, quanto mais um corredor ou andarilho? 
Conheço  esta cidade como a planta dos meus pés.  
Esta e muitas outras em que constumava ir com uma frequência obsessiva, como João Pessoa, por exemplo.
Mas o Recife nunca teve tão poucos metros quadrados por buraco.  Sim, é isso mesmo...O Recife de hoje, tem ruas de buracos alternadas por algum asfalto.  As calçadas...calçadas ??, o que é isto mesmo?  
Ah.. sim.. aquele lugar onde os camelôs, pequenos comerciantes, mendigos e lixo de toda natureza, têm prioridade e cuja "manutenção", dizem os códigos municipais, é da competência dos donos de imóveis, uma lenda urbana que as Prefeituras teimam em conservar e manter acesa, mesmo que seja muito simples fazer o serviço e cobrar, com multa generosa, no carnê do IPTU do indigitado e relaxado proprietário de um bem que, paradoxalmente, é sinônimo de "passeio público"...   Durma-se com um buraco desses !!!
Em João Pessoa corri, muitas e muitas centenas de quilômetros, em treinamento. Lá também corri os meus primeiros 25 quilômetros, experimentando, fazendo uma pré-estreía, nas Maratonas de 42,2 km.  
Falei a distância para especificar o que hoje anda muito confuso.  
Maratona é Maratona, corrida rústica, ou corrida de rua, é corrida de rua, de qualquer distância.
Corrida da Fogueira-Chegada
Maratona é aquela distância que ficou famosa com a corrida de 40 quilômetros feita pelo soldado Fidípedes, da planície grega de Maratona até a cidade de Atenas.  
Distância essa que foi aumentada em quase 200 metros (mais precisamente em 195 metros) para que a corrida das Olimpíadas realizadas em Londres em 1908,  terminasse no balcão do Palácio Real.
Ah, o colonialismo britânico mudando a História !
Hoje, o pomposo e temido nome da prova mais extensa e desgastante do Atletismo é que está desgastado pelo uso excessivo e equivocado, francamente utilizado para corridas com a distância de alguns metros a alguns quilômetros.  
Esta desinformação é também incentivada por fabricantes de todas as bugingangas passíveis de serem criadas por "gênios do esporte": bebidas energéticas milagrosas, meias para pressurização das pernas, sapatos turbinados, "saltadores e voadores", que aumentam suas passadas sem o menor esforço,  luvas para os pés, a serem utilizadas pelos que acham que correr "descalço" traz algum benefício na performance.  Descalço ?  mas.... e as tais meias-luvas ?!!
I Maratona da Jaqueira- km.27
Enfim.. tudo é motivo para "iniciar" mais "corredores", mesmo que a mania dure alguns dias apenas, no máximo uns poucos meses e raramente, uns poucos anos, em que correrão a passos de cágado alguma "Maratona de Revezamento" com algumas equipes de 8 "maratonistas" se revezando em distâncias (cômodas como prestações) de 5 km, o último deles correndo a "fenomenal" marca de 7.195 metros.  A Glória, enfim, para o mais vagaroso dos corredores de rua dos novos tempos. Todos serão, logicamente "emedalhados" e fotografados para a posteridade e ganharão uma camiseta alusiva à prova máxima do Atletismo. 
E Fidípedes, esquecido,  estará rindo com todos os seus ossos...

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

MINI-TRIATHLON, POR QUE NÃO?

Na linha de chegada, em primeiro lugar
na categoria "Veteranos-acima de 35 anos"
Eu tinha 42.
Vocês devem ter notado que eu passo muito tempo sem postar nada sobre exercício e esporte.  Às vezes tenho até vontade de suprimir esse marcador. Mas, como sempre tem alguém interessado, vou mantendo.

E para os interessados, surgiu-me agora a vontade de falar sobre um esporte pouco praticado e muito menos disputado, ainda: Triatlhon.   Essa reunião de três esportes que se combinam de forma extraordinária tem tudo o que uma pessoa precisa para movimentar todos os músculos do corpo, mesmo, senão vejamos.

Na natação usamos muito mais os membros superiores do corpo, ficando as pernas -num trabalho de mais resistência que velocidade- encarregadas de manter o equilíbrio e direção do nadador; em seguida, no ciclismo, os membros superiores são menos utilizados, e o trabalho das pernas fica mais evidente, embora facilitado pelos mecanismos da bicicleta (principalmente se têm câmbio ajustável); finalmente, na corrida, usam-se indistintamente pernas e braços, claro que com muito mais esforço para os membros inferiores. 

É, portanto, atingido um grau de uso máximo dos nossos membros e -ainda assim- com uma dinâmica particular para cada um deles.

Antes de mais nada, por que acontece essa espécie de "medo" de correr o triathlon?  Creio que a modalidade amedronta até os mais destemidos maratonistas.  E sem a mínima razão. 

Ocorre que convencionou-se que o IRONMAN (que na verdade é uma prova de -podemos chamar assim- Super-Triathlon e tem doses cavalares para qualquer atleta de excelência.  São 3.800 metros de natação no mar, 180 quilômetros de bicicleta e 42,2 de corrida, ou seja, uma Maratona (o que por si mesmo é uma prova massacrante.)

As distâncias do Triathlon Olímpico não são assim tão impossíveis, para quem está em boas condições físicas.  Compreendem 1.500 metros de natação, 40 quilometros de bicicleta e 10 de corrida. 

Observem que a proporção entre as provas é de 1,5 / 40 /10.  Se quisermos correr essa prova com toda segurança nos nossos treinamentos iniciais para o triathlon olímpico, podemos atribuir qualquer distância observando essa proporção.  Foi assim que eu sempre treinei, quando me preparei para o único triathlon da minha "carreira" de desportista. 
Um diploma conquistado a duras penas. Não havia medalhas
para veteranos (a partir dos 35 anos) porque imaginaram
que nós não terminássemos a prova.
Como já publiquei, aqui mesmo no blog, participei de uma prova promovida pelo Exército Brasileiro, em Olinda, 1988, cujas distâncias foram simplificadas, justamente para tentar popularizar o esporte.  Corremos então 750 metros de natação, 15km de bicicleta e 7 de corrida, ou seja um meio-triathlon.

E por que não começarmos com 15, 20 ou 30 % de um triathlon olímpico ? Somente para testar e passar a gostar (ou não) do esporte?

Por isso tudo, resolvi que, pelo menos um dia na semana, vou praticar novamente essa modalidade tão divertida. Comecei, neste feriado de 7 de setembro, com pouco mais de 15% das distâncias, isto é,  225 metros de natação (9 voltas numa piscina de 25 mts), 8.200 de ciclismo e 2.550 de corrida.  Simples demais. Qualquer atleta que faça os três esportes em separado conseguirá uni-los num bloco só.

Pretendo aumentar os percentuais (mas não tenho mais pretensões de voltar a competir mesmo) e cumprir até 30% ou 40 % da prova.  Até lá, vou nadando, pedalando e correndo.  

A logomarca que criei em 1988 para a "equipe do eu sozinho"

sábado, 7 de setembro de 2013

OU FICAR A PÁTRIA LIVRE, OU MORRER PELO BRASIL


Hoje, Dia da Independência, mais do que nunca o Grito do Ypiranga ressoará nos ouvidos, no coração e na mente dos verdadeiros brasileiros.

Não dos que apenas nasceram nessa Pátria-Mãe, tão adorada por uns e tão menosprezada por tantos que desejam subjugá-la aos seus mesquinhos interesses político-ideológicos, a ponto de querer entregar a terceiras espúrias nações em decadência patriótico/econômico/ideológica em que chafurdam, desde a exportação de mão-de-obra escrava a drogas e armamentos pesados.

São essas as republiquetas bolivarianas, cujos arautos incrustados no poder do Governo Brasileiro tanto mal fazem aos seus habitantes hoje mudos, oprimidos e incomunicáveis, confinados nas suas fronteiras em pleno processo de decadência, com o nivelamento por baixo de todas as elucubrações dos seus enganosos e corruptos líderes.

Nós brasileiros temos a obrigação de refletir se queremos, para esta grande Nação, o tipo de regime que tentam nos impingir. Por isso abri este post de hoje, que dedico a todos os que amam verdadeiramente o Brasil.

Fiz questão de gravar, toscamente, ao piano, o trecho que considero mais bonito e emocionantes do Hino da Independência, composto pelo Imperador Pedro I, sobre poema de Evaristo da Veiga.

OUÇA AQUI:



sexta-feira, 30 de agosto de 2013

ASCENSO FERREIRA, A VOZ DO NORDESTE


Lembro bem dele . Manhã de sábado de um dia qualquer por volta de 1959 ou 1960.

Um tio nosso morava perto da Praça do Hipódromo, em cujas vizinhanças também morava Ascenso Ferreira. Um gigante, na minha visão de adolescente. Chapelão de palha imenso, terno branco, caminhava lento. Fazia sempre esse percurso. Acho que havia uma padaria na esquina da rua que vinha da Praça com a Estrada de Belém.

Nesse dia Ascenso estava inspirado. E bem solene, à vista de todo mundo que estava por perto, parou na esquina, escorou a mão direita no muro, olhou para os lados, talvez para conferir se a meninada estava mesmo observando, e ... soltou um tremendo traque ! Um trovão, no meio da manhã, entre os gritos dos bem-te-vis e as flautas dos sabiás. Em seguida, ainda escorado, e de cima dos seus quase dois metros de altura, balançou a perna direita, passou o rodo com o olhar e prosseguiu calmamente com sua caminhada matinal.

Ontem, passando em frente ao Cais da Alfândega, vejo de novo o velho Ascenso. Estava lá vivo e pensativo, sentado em cima de uma enorme pilha de livros, ladeada por mais duas. Sempre há gente por perto dele.

Tive sorte em - pelo menos desta vez, das muitas que passei por ali, a caminho da Livraria Cultura- conseguir tirar uma fotografia abraçado ao Poeta. Ajudou-me um turista que acabava de fotografa-lo, também. Ascenso, paciente, permitiu. 

 E, em "homenagem" ao recente apagão, que deixou em em trevas 8 Estados do Nordeste, o Poeta declamou "Black-Out". Estão duvidando? Pois eu gravei tudo e mando para vocês. Com os cumprimentos do Grande Vate Palmarense. Ascenso Ferreira, A Voz do Nordeste. Ele mesmo. E eu, um privilegiado, porque também tenho algo a ver com Palmares. Minha família é de lá. Talvez por isso eu tenha muita vontade de ser poeta.


sábado, 24 de agosto de 2013

VIOLINOS E VIOLONCELLOS EM REDMOND


Já disse por aqui que meu neto Diogo tem também seus dons musicais. Dono de um "ouvido" excelente,  decora rapidinho frases e melodias inteiras.  E as transpõe para um tecladinho de plástico que ganhou quando tinha coisa de 3 anos. Até hoje continua com ele e está até se aventurando no piano do pai.

Como eu tenho fascinação pela música, fato notório, até mesmo a partir do nome deste blog, estou postando parte de um vídeo que me traz especial orgulho.

Na época em que eu adotei o violoncello, para animar os neurônios e espantar a mesmice, Diogo foi incentivado a estudar violino numa escola em Redmond, WA, e há quase 4 anos está "ralando" nas lições do Método Suzuki, feito o avô.

A escola de lá costuma realizar "concertos" internos para estimular o alunado e recentemente meu filho Fred mandou-me esse vídeo do qual extraí um pequeno trecho.

Dezenas de pequenos alunos, dos 3 aos 12 anos, tocaram nessa orquestra improvisada, com o acompanhamento das professoras de violino e violoncello e o auxílio de uma pianista chinesa, mãe de um dos garotos.

As peças apresentadas são naturalmente simples, e fazem parte dos exercícios do Método, mas eles também tocam peças do folclore americano.

A propósito, para fins de reconhecimento, o "meu Paganini" está trajando calça creme e camisa quadriculada azul e está posicionado em frente a uma garota de vestido violeta.  Atentem para o garbo e concentração do "artista".



sexta-feira, 23 de agosto de 2013

MOENDO RIMAS

A cerca - foto Claude Bloc

A mais nova colunista do Jornal da Besta Fubana, CLAUDE BLOC, na sua coluna "Entretantos", vem surpreendendo a todos nós que lá pontificamos, colunistas ou comentaristas e, pelo que sei, ao nosso Editor Luiz Berto.


Quer pelos seus comentários, quer pela pureza da sua poesia, pelas belas fotos que nos tem trazido da sua terra natal, o Ceará, mais especialmente do Cariri.


Claude, filha de franceses, nordestina da gema, cursou Letras, profissão que foi escolhida pela facilidade e gosto que demonstrava pelo ato de escrever. Poeta desde os 15 anos, por conta das cantorias e desafios de violeiros que ouvia na fazenda, desde a mais tenra infância. Pintora, tornou-se também exímia fotógrafa e através dessas Artes expressa todo o seu amor pelo povo e pelos costumes do seu Cariri.

Num desses comentários rimados, que costumo fazer, até mesmo para exercitar essa Arte que adotei faz pouco tempo, mas pela qual me apaixonei desde sempre, escrevi uma setilha que foi de imediato respondida pela Claude. Logo em seguida, faço mais outra e a Claude responde com outras duas. A coisa foi fluindo tão bem, que demos continuidade à troca de versos por e-mail e em pouco mais de dois dias havíamos escrito dezesseis estrofes, que resolvemos transformar num folheto de cordel. E assim surgiu essa nossa primeira parceria, que com muito orgulho de minha parte trago aqui para vocês, impresso pela minha fictícia editora "Cordelaria Monteiro".


Segue abaixo o texto completo.


A capa do folheto é um trabalho do Mestre Sílvio Borges de Bezerros, de quem tenho orgulho de ser amigo.



MOENDO RIMAS
(Claude Bloc e Fred Monteiro)

 I
CB
Saudade corre no sangue
O sangue corre na veia
O grito sai na garganta
Lembrança faz sua teia
Do meu sertão eu me lembro
De janeiro até dezembro
E nada mais remedeia.


II
FM
Sou filho da capital
Por engano do destino
mas a imagem mental
que tenho desde menino
é de um viver mais rural
quem sabe, transcendental..
é tudo o que eu imagino


III
CB
De manhã logo cedinho
“Amuntada” num jumento
Eu caia na estrada
Seguindo a trilha do vento
Na cerca, melão caetano,
O vento que nem abano
Espantando o pensamento.


IV
FM
Minha rotina era outra
de manhã ia pra escola
de tarde fazer "tarefa"
estudar e jogar bola
mas juro que o pensamento
seguia também c'o vento
numa moda de viola

V
CB
Cancão avisa a chegada
Do tocador para a festa
Sanfona presa no ombro
Chapéu quebrado na testa
Acompanhando o pandeiro
Violão dá o roteiro
Zabumba faz a seresta. 

VI
FM
No mês das festas juninas
no sertão ou no engenho
a alegria era tanta
dois meses de muito empenho
pra preencher todo o dia
de prazer e correria
era esse o meu desenho

VII
CB
E quando a chuva caía
O trovão a traquejar
Meu coração nem batia
Com medo de se assombrar
E no aceiro da casa
Galinha batendo asa
Pras pena num se molhá.

VIII
FM
Tempestade no sertão
é coisa linda de ver
a terra crestada chia
que parece se tremer
no gozo farto da chuva
parecendo uma viúva
vendo o amor renascer


IX
CB
Caçote corre pro açude
Com medo de gavião
Coruja de olho grande
Urubu cor de tição
A graúna bem pretinha
E um ninho de rolinha
São crias do meu sertão

X
FM
Um açude lá no fundo
Uma cerca bem trançada
Um caminho de piçarra
Bem antiga e bem pisada
Um pé de serrote ao lado
E um verde esparramado
Cantando a chuva chegada

XI
CB
Me criei perto do engenho
Junto aos canaviais
Mais além tinha um açude
Galinha pelos quintais
Também tinha no terreiro
Porco, bode e até carneiro
Em tempos memoriais.

XII
FM
Na campina atrás da casa
garnizé e paturi,
capote, pato e marreco
se encontrava por ali
de manhã juntava tudo
pra comer milho graúdo
no piar da juriti

XIII
CB
Engenho de moer cana
Um dia de farinhada
As ramas de jitirana
Acompanhando a estrada
E a lenha no fogão
Cozinhando a emoção
Dessa saudade chegada.


XIV
FM
Chorando, a cana caiana
na moenda vai sangrando
Sangue verde, puro e doce
lá no tacho borbulhando
Enquanto o melaço apura
pra se tornar rapadura
A saudade eu vou matando

XV
CB
Garapa escorrendo escura
Pra nossa boca adoçar
E mel fervendo no tacho
O ponto o mestre é quem dá
Alfenim e rapadura
Cachaça forte e segura
Pros “caba” se esquentá

XVI
FM
Que tempo bom, que saudade!
tanta coisa hoje é passado...
o sítio agora é cidade
O sertão foi transformado
simplicidade sumiu
a pureza se esvaiu
Hoje o mundo está mudado