- Displicente, não ! Tudo menos isso, Zé.. isso aí eu não sou. E se disser de novo eu saio!
Mas era, e como.. Ah, gordinho relaxado pra tocar bem uma guitarra. Solava de tudo: de chorinho a clássicos, de Baden Powell a Luiz Gonzaga; dos Beatles a improvisos jazzísticos, que hoje são sua especialidade e deleite, junto com meu sobrinho Fred Andrade, um músico do tamanho do mundo.
Sempre nos demos muito bem, talvez por sermos tão opostos em gênio e físico. Éramos “o Gordo e o Magro” (e somos, ainda. Assim nos tratamos até hoje).
Brincalhão, o Walter era um grande contador de “causos” do Interior, principalmente da sua Pesqueira querida. Herdou isso do seu pai, Luiz Neves, ex-prefeito de lá, jornalista de um humor inesquecível.
Tinha umas manias pra lá de malucas. Uma delas era o método para concentrar-se e aprender o solo de alguma música nova. Trancava-se no banheiro com um violão, sentava-se na privada e passava umas duas horas lá dentro. Do lado de fora, a gente só ouvia os bordões e o rasqueado da palheta de plástico nas cordas.
Quando saía, parecia um iogue que atingiu a iluminação: sereno, tranqüilo e feliz.
- Bicho, não tem lugar melhor pra se aprender a tocar. É a melhor acústica do mundo. Dá de dez num estúdio de gravação. Eita banheirinho bom!
(extraído do livro "Tártaros, os Seis do Recife")