terça-feira, 30 de julho de 2013

SABE LÁ O QUE É ISSO ?




Eu estava dando uma olhada no Facebook ainda agora, já madrugada, e me deparei com uma joia da nossa música: O Hino dos Batutas de São José.

Não na versão gravada por Martinho da Vila e depois por tantos outros artistas e grupos, a exemplo da Banda de Pau e Corda, do Recife que se tornou divulgada e conhecida em todo o País.

Mas, nenhum deles sequer conhecia a introdução original desse belo frevo-de-bloco de João Santiago, um dos nossos maiores compositores, que tantas outras joias nos deu de presente.

Foi quando Hugo Martins, o Baluarte do Frevo, o maior pesquisador do tema em Pernambuco, tirou do fundo do seu Baú de preciosidades, uma velha fita cassete de um ensaio do Batutas de São José e incorporou esse arranjo originalíssimo ao volume 3 da série O Tema é Frevo-Documento, produzida pelo Cemcape, que tem Hugo como Presidente/Fundador.

Tive a honra de participar de inúmeros volumes desta e de outra série de discos, gravando no meu estúdio e participando como músico dessas gravações.  Um trabalho como este do Cemcape somente terá o devido e incomensurável valor com o decorrer do Tempo, esse Juiz honesto que sabe valorizar o que é bom e esquecer o que não presta.

O vídeo/clipe foi editado pelo Maestro Hamilton Florentino, outro abnegado defensor dos nossos valores musicais. Ouçam, copiem e divulguem. É frevo em estado puro. É orgulho de nossa gente !

sexta-feira, 26 de julho de 2013

ASA BRANCA - NOSSO HINO, SEMPRE !



Na vida (mesmo sofrida, numa seca cruel) como na morte
(essa perda de Dominguinhos incomoda), o nordestino tem
na Asa Branca (o pássaro e a música), o seu remédio.
Cantemos, dancemos, choremos, pois... mas sempre relembremos
nosso hino.  Viva Januário, Viva Gonzaga, Viva Dominguinhos!

quarta-feira, 24 de julho de 2013

TRIBUTO A DOMINGUINHOS

Dominguinhos. o herdeiro musical do Rei Luiz
Tá é danado de ruim
aceitar sua partida
Sua vida tão florida
não pode findar assim

Pelo campo, ou na cidade
distribuiu alegria
sorriso de noite e dia
levou para a Eternidade

Vai deixar grande saudade
esse imenso sanfoneiro
e chora o Nordeste inteiro
perdendo a outra metade

Completando a Unidade
Dominguinho e Gonzagão
Chama que não mais se apaga
No eterno Céu do Baião



quinta-feira, 18 de julho de 2013

CORDELARIA MONTEIRO - AVISO AOS ACIONISTAS

Coloquei há algum tempo, um post sobre minhas pretensões de escritor, desde que tinha uns 10 anos de idade.  Não somente de escritor, porque pretensão pouca, como besteira, é bobagem.  Eu também quis, naquele tempo distante, ter a minha própria revista, editada na minha própria gráfica.  De verdade, mesmo, nunca tive.  De verdade, mesmo, nunca fui escritor.  E aí inventei este Blog.  Inventaria mais uns dez, se tivesse mais tempo, embora até que tenha algum, pois sou bi-aposentado (um dia vou ser tri, quando me aposentar de vez e for catar nuvem por aí, a serviço do Criador).
Eis que, de repente, não mais que de repente, realizei parcialmente meu sonho e fundei a Cordelaria Monteiro.  Meus acionistas compulsórios são vocês, leitores. 
Ainda bem que nesta nano-empresa o acionista não tem despesa alguma.  Só lhes custo um pouco de paciência pra me aturar e ajudar a alimentar esse sonho de menino.  
Mas, venho hoje prestar contas numa reunião completamente atípica, que já começou e vocês nem perceberam e termina daqui a uns segundos mais, sem que tenha havido nenhuma intervenção.  Ou seja: o ideal de toda reunião de condomínio seria isso. Sem pauta, sem convocação, sem hora certa pra começar ou terminar. 
A prestação de contas ?   Ora, já estava me esquecendo.  A Cordelaria Monteiro completou ontem a impressão do seu décimo folheto de cordel. E desta vez foi impresso como manda o figurino popular: capa em papel colorido e "miolo" em papel jornal legítimo e não-importado (nesta versão a capa fotografada é verde.)

 

Há também a versão já apresentada em amarelo.  Por que? Ora essa, queridos acionistas, vocês queriam coisa mais brasileira do que verde e amarelo?  Se - e quando - quiserem exemplares impressos das nossas edições, mandem um email para fred@proserima.com com seus endereços postais para que eu possa remete-los. E fiquem tranquilos.  Suas ações vão se valorizando na medida do tamanho da nossa amizade.  Apareçam, curtam no facebook (Fred Monteiro) e comentem, reclamando ou elogiando, na área de comentários abaixo. A Cordelaria Monteiro jamais dará prejuízo.  Nem lucro, também. 

sexta-feira, 12 de julho de 2013

AMOR VIRTUAL, AMOR DE MENTIRA


Os tempos modernos estão traindo as essência da vida. Nada, jamais, substituirá o sentimento expresso físicamente por seres apaixonados e reais. Nada justifica esta busca louca, irracional, por um substituto para o sentimento mais puro, mais essencial ao ser humano, que é o AMOR, real, verdadeiro, papável, físico. Robôs não amam, sequer simulam o verdadeiro amor. Essa mentira chamada “amor virtual” ainda vai levar muita gente aos psiquiatras reais. Lembrei-me agora da piada em que uma viúva comentava, ao pé do caixão do marido, com os três únicos amigos a comparecer ao velório:

- Mas ele tinha mais de 4.000 amigos no facebook !

No entanto, não tinha ainda surgido o quarto para sustentar a última alça do caixão…

Reduzo essa opinião a versos em décimas, abaixo.  Quem sabe vão compor com alguns mais uma pequena antologia de literatura de cordel que pretendo editar.


AMOR VIRTUAL, AMOR DE MENTIRA

Deve ser ruim a dor
dos que vivem agarrados
numas telas, nuns teclados
procurando o seu amor
acabou-se o esplendor
das estrelas, do luar,
dos amantes a buscar
sua razão de viver…
no “virtual” nosso ser
jamais vai se completar.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

QUENGO DE BABUÍNO

O cérebro não é dividido em compartimentos estanques. Ninguém é metade imbecil e metade brilhante. Quem não governa sequer o que diz não pode governar um país. (Augusto Nunes, in "Direto ao Ponto", Coluna da Veja.com)


Há uma explicação para essa divisão encefálica, sim.

Pesquisa recente realizada em meus laboratórios cordelísticos revela a existência da “síndrome do quengo de babuíno”, uma afecção generalizada que impede que dois neurônios solitários se comuniquem para formar algo inteligível.


Charge de SPONHOLZ. Gentileza JBF

Eis parte do relatório que acabo de escrever sobre essa interessante descoberta:

Augusto Nunes previu
e acrescentou num instante:
"Não há metade brilhante.
com uma metade imbecil”
E pelo que já se viu
do que diz a “presidenta”
a gente não mais aguenta
tanta besteira falada
em discurseira inflamada
só a bobageira aumenta

**********

Pois eu acho, que é normal
o que essa tonta consegue
pensar como fosse um jegue
é um problema estrutural:
a matéria cerebral
(nessa dama eu descortino)
tem metade de intestino
com todo seu conteúdo
o outro lado queda mudo
num quengo de babuíno


(de Entrevista com Lobão: ‘É uma delícia provocar a fúria dos idiotas’)

segunda-feira, 8 de julho de 2013

TU VAIS DE TÁXI, OTÁRIO ? POIS EU VOU DE JATINHO !

Tenho evitado deixar aqui opiniões políticas pessoais. Mas, diante do estado de estupor generalizado do nosso povo, com relação aos desmandos do atual governo, não posso deixar de me manifestar.  

É certo que já publiquei alguma coisa dando conta da minha indignação diante de tanto desmando de parte dos atuais governantes, em todos os níveis. (leia aqui e aqui)  .

O Brasil já não suporta mais tanto descaso e ladroagem.  Portanto, quebrando regras que impus ao Blog e traduzindo o que o povo reclama nas ruas, pedindo respeito ao nosso suado dinheiro, passarei a publicar com alguma regularidade que o tempo atualmente escasso me permite, alguns versos de cordel sobre os "pais da pátria" que se locupletam diuturnamente em "tenebrosas transações" (como diria o outrora engajado poeta Chico Buarque, hoje comodamente defendendo tudo o que contraria o desejo do nosso honrado e obreiro povo).

Então, vai aqui para vocês o que penso do penúltimo escândalo (o último chega já, já...) que os nossos políticos aprontaram: os vôos da já  pejorativamente chamada FAB-Tour.

Cortesia SINOVALDO (extraído do Jornal da Besta Fubana)
Ô Brasil, terra adorada
por político ladrão...
ô terrinha abençoada,
pra quem ganha u'a eleição
voando de cabo a rabo
nas asas do mensalão

****

Helicóptero e jatinho
se tornaram a solução
pra político mesquinho
viajar sem precisão
o povo "toma na jaca"
sem encontrar solução

****

É Lula, Cabral e Dilma
Henriquinho, Renan Calheiros
o país entrou no clima
pra torrar nosso dinheiro
e o que sobra vai pro cofre
pra corromper mensaleiro

****

O povo foi para a rua
protestou, saiu, berrou
e a cambada só "na sua"
não ligou nem desligou
muito mais "cara de pau"
essa quadrilha ficou

****

Só resta pra nossa gente
no dia da eleição
pegar a turma indecente
e vingar-se sem perdão
acabar sua mordomia
tirar-lhes desse "vidão"

***********

Vão ter que pagar imposto
vão ter que andar de "busão"
com o suor do seu rosto
vão penar pelo seu pão
e finalmente aprender
como sofre esse povão !

*****

quarta-feira, 3 de julho de 2013

O CORSO E O LANÇA-PERFUME


Os trilhos do bonde ainda corriam pelo centro da rua de paralelepípedos.

Havia um certo charme europeu nas lojas de tecidos e confeitarias das ruas Nova e Imperatriz.

No carnaval era ali o foco do "corso", das brincadeiras, do desfile dos blocos, clubes e troças.

Fantasias para todos os gostos se faziam notar, vestidas por meninos e meninas, moças e rapazes dos quatro cantos do Recife.

As varandas dos casarões eram enfeitadas com muitas serpentinas coloridas e máscaras de papel.

Famílias residentes ou proprietárias de alguma loja ou casa de comércio tomavam conta das calçadas e dali viam passar o carnaval.

E nós participávamos disso tudo, quando Paizinho começava a preparar o Land Rover para o Corso.

Era uma festa pra gente. Paizinho tirava a capota do jeep, colava umas máscaras, serpentinas e confetes pela carroceria, abaixava o vidro dianteiro e então o jeep ficava no clima da festa.


Havia, aliás, quem retirasse o escape do carro ou botasse no final do cano um apito que era outra loucura carnavalesca.

Devidamente incrementados seguíamos para o centro da cidade.

Já na rua da Imperatriz, entrávamos naquela fila de carros enfeitados e igualmente barulhentos para "fazer o Corso", isto é passear pela cidade ao som de alto-falantes presos nos postes tocando frevo o tempo todo, orquestras de frevo em palanques ou a pé fazendo a alegria do povo que não parava de chegar e de dançar.

Das calçadas ou do meio da rua mesmo, jatos de lança-perfume, bisnagas com água, serpentinas, confete e talco, muito talco, marcavam a festa.

Nisso passávamos toda a tarde, entrando pelo início da noite, até que o Land Rover nos levasse de volta à Torre, exaustos mas felizes.

De brincadeira sadia e familiar, o Corso foi-se transformando, por força da perversidade de alguns, num desfile de maldades.

Começaram a surgir os casos de agressão explícita e incontrolada. Aos poucos, por volta dos anos 60, era quase impossível encontrar alguém de bom senso nesses desfiles outrora tão cordiais.

O lança-perfume passou a ser usado como droga; a água das bisnagas foi trocada por água de esgoto, quando não por urina e até ácidos; o talco foi substituído por lama ou graxa retirada dos feixes de molas dos próprios veículos... enfim, um circo de horrores logo proibido pela polícia, ora à força de portarias, ora ao poder dos cassetetes.

Deste tempo guardo uma imagem cruel: uma linda menina, dos seus 15 ou 16 anos, num grupo de garotas fantasiadas de japonesas, com coloridos quimonos de seda, sombrinhas de papel, flores de cerejeiras nos cabelos, foi brutalmente agredida por um "play-boy" que, pulando de um jeep azul, passou a mão embaixo do carro, lambuzando-a de graxa e incontinenti emporcalhando a fantasia da garota, o seu rosto e o seu cabelo.

Apesar dos gritos da moça, ninguém conseguiu impedir que o marginal voltasse ao jeep e, aos gritos, fugisse por uma rua mais vazia.

Perdeu o Recife, perderam as pessoas civilizadas, que sabiam fazer do carnaval um motivo de alegria e confraternização. Repetiu-se a História: voltou, em meados do século 20, o costume bárbaro do entrudo do século 19, já esquecido entre as traças das gavetas de alguma delegacia do Recife Antigo.

(Do livrode crônicas "Caçador de Lagartixas", Recife, Livro Rápido, 2008)