sábado, 28 de janeiro de 2012

100 ANOS DE PAPANGU

Pernambuco com sua cultura multifacetada, surpreende até os nativos.

Bezerros, cidade pernambucana fincada no Agreste, com clima quente e seco, é palco no Carnaval para uma das festas mais concorridas do Estado.
Em 2005, essa festa completou seu centenário.
É a Folia do Papangu.  E eu estava lá, no meio das Orquestras de Frevo, dos batuques de Maracatu e Bumba-meu-boi, pela primeira vez.
Confesso que, folião da Capital e de Olinda, não esperava uma festa tão bonita.
Uma animação contagiante, com a população inteira da cidade participando, dezenas de milhares de turistas de todo o Brasil e sobretudo frevo, muito frevo.


Se a gente fechar os olhos,  se deixar levar de roldão pela “onda” e abri-los de repente, vai pensar que está em Olinda, em plena efervescência momesca.

O casario antigo ajuda, por certo.  Mas a profusão de cores, de sons e de gente é estimulante, mesmo.
Não foi dada muita repercussão, tanto em âmbito estadual, como nacional, a esse Centenário. E ele bem que merecia.   Salvo engano, algumas reportagens curtas em duas emissoras sediadas no Recife e Olinda, mas sempre em cadeia nacional, porque aqui não se gera mais quase nada da nossa programação e ficamos à mercê do que nos impõem lá de baixo.

Uma pena.  Porque, em matéria de diversidade cultural, o Leão do Norte (sem bairrismo porque sou alagoano de nascimento) manda nesta Terra Brasilis.  Veja o vídeo clicando no link abaixo e caia na folia dos papangus.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

FLORES, SORRISOS DE DEUS 7 - UMA FLOR ENTRE OS ESPINHOS

Dona Marlene, uma flor especial






Foz do Iguaçu, como tantos lugares conhecidos do Brasil abriga atrações que não estão propriamente incorporadas aos guias turísticos mais badalados.
Como um Jardim de Cactos, por exemplo.
Uma idéia fantástica de uma mulher fantástica.
Dona Marlene Parzewski dedica-se de corpo e alma (e que alma brilhante!) a cultivar essas plantas que a tantos afasta, pelos espinhos que possui, e a tantos atrai pela beleza incontestável das suas flores e frutos.
Mais de 1.500 espécies já passaram pelas suas mãos generosas.  E um dia realizou seu sonho de construir um Recanto só para suas amigas cactáceas.



Cactos de todo o mundo



Uma beleza selvagem
Conhecer Dona Marlene e suas bem cuidadas plantas é um raro prazer.
Compartilhar suas idéias nobres, ouvir suas histórias sobre cada cacto daqueles, sobre as dificuldades com que lutou para realizar seus sonhos, também.
A simpatia personalizada, um sorriso aflorando a cada segundo, a alegria de viver fazem dela "aquele tipo inesquecível", de que falava a revista "Seleções do Reader's Digest" ...






É assim Dona Marlene. Uma flor entre os espinhos.  Lugar comum, essa frase ?..  Mas não há outra que a defina tão bem, em meio às suas queridas plantas e flores.   Ela, também, uma flor !
Exotismo frágil

domingo, 22 de janeiro de 2012

MEMÓRIA MUSICAL

Um dia desses eu resolvi enfeixar num só disco toda a minha obra de compositor. 
Chamei-o de “Memória Musical”.  Fiz uma primeira versão em 2010 com umas 60 músicas, o que havia gravado até então. 
Distribui o CD pela familia e amigos e a pequena tiragem que havia feito, uns 100 discos, logo se esgotou. 
Agora, tendo completado 71 músicas gravadas (não inclui as cerca de 20 regravações) reimprimi o Cd e fiz nova tiragem de 150 discos, que também já estão acabando.  Por isso, resolvi que era mais fácil distribui-lo pela Internet e é isso o que estou fazendo agora. 
Esse link vai abrir uma pasta chamada “Memória Musical” que contém outras pastas nomeadas pelos diversos gêneros musicais que compus. 
O programa é muito amigável e basta que vocês mandem fazer o “download” para em poucos minutos terem em seu computador as 71 músicas separadas em  pastas (Forró, Frevo canção, Frevo de rua, Maracatu e Ciranda, Marcha de Bloco e Vários Ritmos).
Sete pastas, ao todo.  Qualquer semelhança com o nome do blog terá sido mera coincidência. 
Transcrevo aqui o texto da contracapa: 
“Neste CD de arquivos MP3 gravei para vocês toda a minha obra musical.
Não é lá grande coisa.  São 71 músicas de ritmos tão diversos quanto frevos e valsas, baiões e xotes, maracatus e cirandas, bolero e maxixe, marchinhas e berceuse, dobrados, chorinho e até uma serenata para Quarteto de Cordas, a primeira de uma série a que pretendo me dedicar a partir de agora.
Muitas dessas músicas vêm sendo divulgadas em discos e pelas emissoras de rádio-cultura, já que as rádios comerciais não se interessam muito por um trabalho autoral levado a sério e preferem ganhar dinheiro com grupos e cantores descomprometidos com a nossa rica fonte cultural e apenas interessados numa carreira rápida e lucrativa. 
A intenção maior desse disco é entregar a vocês o meu acervo e esperar que alguma dessas músicas consiga lhes cativar. Se isso for conseguido, já terei dado por cumprida a minha missão de compositor, devolvendo ao povo que me fez gostar da sua música, uma imagem –sem bem que pálida- da alegria de ser agraciado com esse dom tão sublime.
Muito obrigado a todos os que me incentivaram a continuar na trilha”

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

O ÚLTIMO BONDE

Bonde da Tramways - foto de Allan Morrinson



Em 1956, ainda com 10 anos de idade, entrei num impasse.
Tinha terminado o curso primário na Escola Padre Donino, com as professoras Ceminha e Dalu e estava pronto para enfrentar o ginasial.
Mas, havia uma idade mínima para iniciá-lo: 11 anos.
Ocorre que eu só completaria 11 anos no final do ano, em 20 de dezembro... o que fazer, então ?
Tinha muita gente nessa situação e a solução era "encher lingüiça" durante um ano letivo inteiro com uma revisão geral de matérias do curso primário chamada "curso de admissão ao ginásio".
Fui matriculado no então Ginásio, hoje Colégio São Luiz, dos Maristas, na Avenida Rui Barbosa, Graças.
Quando não ia com Paizinho, no “jeep”, pegava o bonde de Apipucos/Dois Irmãos e rumava para o São Luiz.
Como todo garoto metido a gente, gostava mesmo era de ir em pé, no estribo, que vinha a ser -pra quem nunca andou de bonde- uma grande tábua de madeira bem grossa e forte, presa no suporte lateral da carroceria de aço.
Era uma viagem muito divertida, pois os muitos meninos que tomavam esse bonde gostavam de brincar de "gato e rato" com o trocador (o bilheteiro) e toda vez que ele se aproximava para cobrar a passagem, o bilhete, a gente se afastava, ora aproveitando uma parada, ora mudando de lugar, andando mesmo, equilibrado no estribo e segurando na balaustrada do veículo.
Não era tão perigoso quanto pode parecer, porque o bonde se deslocava muito lentamente.
O motorneiro, soprava um apito de metal, feito esses de guarda de trânsito, nos pontos de parada, para avisar que terminara a pausa de espera pelos passageiros retardatários e um novo trecho se iniciava.
Tenho pra mim que, na linha de Casa Forte, a roda que o motorneiro girava para aumentar a velocidade do veículo, nunca chegou aos 9 pontos, marca máxima de velocidade daqueles trenzinhos urbanos tão simpáticos e que deixaram tanta saudade.
Esses famosos “9 pontos”, creio eu, equivaleriam, hoje, a uns 20 ou 25 km por hora, média aliás, superior à de um automóvel super-moderno, mas também super-parado, nesses enormes engarrafamentos que atravancam uma cidade inteira.
A gente fazia isso por farra mesmo, porque todo mundo da turma andava com um bloquinho de bilhetes no bolso (custava Cr$ 0,50 -cinqüenta centavos de cruzeiro cada) que nosso pai comprava por antecipação na Pernambuco Tramways & Power Co., a companhia inglesa que vinha desde o início do século XX explorando esse serviço.
Não tenho bem certeza se em 1955 a Tramways já havia sido vendida a algum grupo nacional, mas o nome da empresa pintado nos bondes amarelos com faixas marrons era ainda esse.
Penso que o bonde de Apipucos/Dois Irmãos foi o último a rodar no Recife e eu ainda fui testemunha/usuário da transição entre esse veículo elétrico, ecológico, confortável, ventilado e seguro e os fumacentos ônibus da Autoviária e da São Jerônimo, cuja estrela era o famoso "papa-fila".

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

OBRIGADO, DONA TECNOLOGIA !

Internet é uma coisa boa demais, pra tudo nesse mundo. Ou melhor, pra quase tudo.  Tem muita besteira por aqui.  Mas, a gente sabendo o que fazer, pode dar bom uso.
Pra mim Internet significa entre outras coisas, ter  filho, nora e neto juntinhos  da gente, sempre que dá tempo.  Feito ontem à tarde.  Eles lá, em Duvall, neve caindo, frio lá fora de 3 graus negativos e a gente cá, num calor, lá fora, de 32 positivos.
35 graus centígrados nos separariam; quinze horas de vôo contínuo dentro de um jato, ou quase um dia inteiro, se contarmos o tempo gasto em aeroportos e imigração, também nos deixariam saudosos.
Mas, o milagre acontece na hora em que o telefone toca e a gente liga os computadores. Eles de lá, nós de cá.  E a vida em família renasce, nem que seja para uma família separada por um monitor de LCD e umas caixas de som.
É o prazer que nos permitimos, nós e Dona Tecnologia.
Papo vai, papo vem, Diogo resolve ir buscar seu violino.  Quer me mostrar a última música que aprendeu na Escola Suzuki, onde estuda o instrumento, em Redmond.
Eu e meu neto começamos praticamente na mesma época: ele, no violino, eu no violoncello.
Ele novinho, aquecendo os neurônios; eu, madurão não deixando os meus esfriarem e juntando mais um instrumento à minha coleção de instrumentos de cordas.
Ele toca, de lá, a cançoneta folclórica Song of the Wind (Canção do vento).  Nós, do lado de cá da tela, o aplaudimos: eu, minha mulher e a minha sogra, que estava de visita para ver neto e bisneto.
Corro até o quarto e apanho meu violoncello.  Toco para ele a mesma canção.  Diogo, bem atento,  violino embaixo do braço, ouve o avô tocar seu violinão, como ele chama. Me aplaude também. Com entusiasmo. Com a devoção dos netos.
Momentos de puro êxtase, estes.  Pra nós e pra eles.  Um pouco de saudade a menos, em seis anos de tanta distância. 

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

QUANDO CRESCER EU QUERO SER LIMEIRA

Cego cantador de feira

Eu sou fã declarado de Zé Limeira/Orlando Tejo e atualmente, depois de umas conversas com o Papa Berto, Primeiro e Único, da Santa Igreja Fubânica, tenho minhas dúvidas da existência física, real, do “Poeta do Absurdo”.

O que tenho achado (apesar do próprio Orlando Tejo, desde a primeira edição do seu livro jurar de pés juntos que o violeiro dava asas à sua louca poesia nos sertões da Paraíba), é que Zé Limeira deve ter tido origem, mesmo, na fertilíssima imaginação e na veia poética do Tejo.

Numa proporção, julgo eu, de 95% de criação para 5% de realidade, os mitos nordestinos surgem assim mesmo, como Limeira surgiu.  Assim como surgiram a “perna cabeluda”, a  “loura do portão do cemitério”, o “pavão misterioso” e a “besta fubana”, por exemplo.

Mas, esse surrealismo limeiriano é mesmo muito atraente para quem escreve poesia e, nesse meu “achismo”, eu vou é aproveitar a onda (que ainda não morreu e não morrerá jamais, pois a figura de Limeira é, hoje, antológica), e passar para vocês essas mal-traçadas rimas, que fazem parte do meu atual treinamento “cordelístico”.

Triste sina de retirante
RIMANDO À TOA

Nunca vi papagaio falar fino
Nem comer munguzá de milho grosso
Ou salada de couve com tremoço
Como fosse um quitute feminino
O rabicho da cobra bate o sino
Patuá fica bem lá na Bahia
Quando ele pensou que eu vinha, eu ia
Eu pegava água doce e dava um nó
Nas quebradas do velho quiprocó 
Arpejando os cabelos de Maria

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

SERENATAS EM CASA FORTE


Violão debaixo do braço, falta do que fazer nas noites de sexta-feira e sábado, vontade de impressionar as meninas, tudo isso somado às noites de lua cheia e ao romantismo bucólico de Casa Forte, terminaram por fazer de mim um seresteiro inveterado.
A gente se encontrava na Praça; não era nada muito premeditado, não. Chegava um, sentava num banco, no canteiro central, onde cresciam, soberanas, as vitórias-régias; afinava o violão e ficava por ali, dedilhando uns acordes, como quem não quer, querendo.
Daqui a pouco, outro aparecia e pouco depois já estávamos reunidos, uns quatro ou cinco, ensaiando canções novas e antigas; valsas e guarânias, baladas e ie-ie-iês de letras romanticamente adolescentes, como nós mesmos, nos idos daqueles anos 60.
As primeiras canções do Roberto... e também as antigas, de Nelson Gonçalves, de Orlando Dias, Francisco Alves. Um bolerão de Bienvenido, um tango de Gardel ou uma balada italiana, em versão cantada por Moacir Franco ?
Quem ditava o repertório eram as meninas do bairro. De acordo com os seus pedidos, construíamos a nossa cantoria de fim de semana.
Eu gostava mais das serestas nas noites de inverno, quando Casa Forte quase garoava.
Naquele tempo, fazia até mesmo um friozinho que exigia um agasalho, nada de muito quente, claro. Um blusão "James Dean", por cima da camisa, uma calça "Topeka", um topete bem penteado, devidamente firmado com brilhantina "Glostora" ou com a novidade do momento: o fixador de cabelos "Gumex", que não deixava cair a "trunfa" da rapaziada. Tudo isso conseguido com bastante trabalho pelo pente "Flamengo", comprido, de plástico inquebrável, sempre a postos no bolso de trás da calça.
Já tinha passado o tempo das alpargatas "Roda", de lona grossa e solado de corda, como também da calça "Far-West", substituída pela Topeka ou pela "Calhambeque", da grife "Jovem Guarda".

Mas, mesmo pra fazer serenata, e principalmente pra enfrentar o frio da madrugada, havia uma garrafinha de rum "Bacardi", carta-oro, sempre a postos, no outro bolso de trás da calça; era meio curva, já pra isso, e tinha o tamanho certo.
Um gole de rum, pra temperar a garganta, assustar o frio e afastar a timidez e pronto: começava a seresta, por volta das dez da noite, ali mesmo na praça. Depois, lá pras onze ou meia-noite, a gente ia fazendo uma caminhada lenta, entrando nas ruas onde moravam as meninas mais chegadas à nossa música e parando em frente à janela das suas casas, pra desaguar nossas melodias.
Tudo sempre corria às mil maravilhas e as meninas adoravam seus menestréis; mas, aí é que morava o perigo: de vez em quando, pra confirmar o que dizia Nelson Rodrigues (toda donzela tem um pai que é uma fera...) um pai afobado e ciumento estragava nossa festa.
Lembro bem do caso mais evidente dessas manifestações hostis de pais enciumados: um famoso promotor público do Recife, pai de três moças, primas de um dos seresteiros inveterados, interrompeu nosso cantar com um tiro de revólver, em plena madrugada.

O cenário: a gente caprichando nos "pinhos" e soltando a voz, cantando uma balada do repertório de Moacir Franco, "Doce Amargura" ; a garota pendurada na grade da janela do seu quarto, se deliciando com a canção; o apaixonado, que por mero acaso também se chamava Moacir, gesticulando de olhos semicerrados e mãos pro céu, porque era desafinado até pra dar bom-dia.

A ação: pelas sombras das paredes do terraço do casarão, o pai ciumento, de pijama listrado e trabuco na mão, avança como um tigre em plena caçada.

O desfecho: de repente, no seu vozeirão de acusador forense, grita pra gente... - Bando de malandros, desocupados, vou pegar vocês !... e atira pra cima, com o trabucão ...
Aquele revólver, no meio da noite e da nossa serenata, pareceu pra nós todos um dos "Canhões de Navarrone", tamanha foi a zoada do tiro: em dez segundos eu devo ter corrido uns cem metros, com o violão pendurado nas costas e o coração querendo sair pela boca.
Difícil foi juntar a turma toda depois dessa: tem gente correndo até hoje !

domingo, 8 de janeiro de 2012

UM ANO DE BLOG. QUEM DIRIA..

É isso mesmo. Quem diria.. eu que pensava que só seria lido pelos familiares e amigos muito próximos, fiz durante todo esse ano que o Blog completa hoje, uma porção generosa de novos amigos, que se tornaram leitores fiéis.
Não tenho como agradecer tanta paciência de vocês por prestarem atenção a estas coisas que publico por aqui. Textos, músicas, fotografias e vídeos; histórias rais ou fantasiosas, tudo isso venho dividindo com vocês quase como uma terapia. Pra mim, lógico. Na medida em que ponho pra fora minhas lembranças e experiências, ou algo que pareça com arte ou atividade de algum interesse geral, fico feliz.
Não é figura de retórica, não... É felicidade, mesmo !
Alegro-me como um menino se alegra ao receber um elogio na escola, ao finalmente entender porque dois mais dois são quatro, ao descobrir sabores, cores, sentimentos.
É disso que se faz a Vida. São essas descobertas e essas relembranças a razão de nossa existência.
Pois, meus caros amigos e amigas, sintam-se -cada um de vocês- abraçados com todo o meu entusiasmo e gratidão. E hoje, com muita alegria, vou cantar para vocês, que me trouxeram até aqui, 27.138 vezes "parabéns", porque vocês não são meus convidados. Vocês, na verdade, fazem, este Blog. Muito obrigado a todos pelo incentivo e pela compreensão. Perdoem os maus momentos (que devem ter sido muitos) e vamos em frente, tentando sempre melhorar. (Este bolo de aiversário, tomei emprestado a um dos meus inspiradores, meu neto Diogo. Desculpem o improviso.)

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

A NOITE DOS MARACATUS

No intuito de mostrar as diferenças rítmicas e coreográficas de duas das mais importantes manifestações culturais do rico folclore pernambucano, fiz esse pequeno vídeo, gravado em pleno Encontro de Maracatus no Carnaval de 2004, no bairro do Recife Antigo.
Não representa algo didático, longe de mim essa pretensão.  Apenas e tão somente uma forma de mostrar a turistas e amantes do nosso Carnaval, essas duas vertentes do Maracatu, às vezes tão confundido nas suas diferentes origens: o Maracatu-Nação, ou de baque virado, vindo da tradição africana, representando o cortejo alegre e vibrante das Coroações dos Reis do Congo e o Maracatu-Rural, ou de baque solto, contendo elementos formadores da raça brasileira: os africanos representados pelo casal real, damas do paço, princesas e calungas; os indígenas, pelos caboclos de pena e de lança; os europeus, pelas figuras do bumba-meu-boi, originado nas tradições lúdico/carnavalescas da Ilha da Madeira e relembrando o auto de Mateus e Catirina da partilha do boi.  Tudo isso ponteado e dramatizado pelos nossos trabalhadores da lavoura canavieira da Zona da Mata Norte, em especial, com cantos (loas) tirados de improviso pelos mestres das "sambadas" de maracatu e repetidos, dolentemente, por toda a "corte".
Espetáculo bonito de se ver e de se dançar, nas noites do período carnavalesco no Recife ou nos "encontros" em Nazaré da Mata, onde dezenas de agremiações anualmente se apresentam, o Maracatu Nação, urbano, concentrou-se em bairros populares do Recife e Olinda, com sede nos terreiros de Candomblé onde permanece a mística dos seus rituais e a tradição das suas Nações originais.  O Maracatu da Nação Elefante,  o da Nação do Leão Coroado, o da Estrela Brilhante, são exemplos disso e remontam a mais de dois séculos.   Grupos estilizados de origem recente, como A Nação Pernambuco e Cabra Alada vêm mantendo, principalmente entre o público jovem, danças e cânticos das antigas Nações Africanas.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

O DIA EM QUE ELE BEIJOU MARILYN MONROE

Marilyn, a musa

Dia desses li por aí um comentário descendo a ripa nos sujeitos autobiográficos.
Fiquei com medo de ser um desses.  Por que?  Porque eu talvez não tenha ainda conseguido sair de um mundo pequeno, esse meu mundo que eu conheço um pouco melhor do que o “lado de fora”.  Então raramente me arrisco a botar a cabeça na porta (ou levantar as persianas, abrir os postigos, diriam os mais antigos).
Tropic Cinema, na Eaton Str, em Key West-FL
E  fico circulando fatos e pensamentos mais ou menos meus, sem muitas pretensões de analisar a alma de outrem ou tentar explicar o que não entendo ou, ainda, fotografar o que eu não vi.  E torno a remoer lembranças do que realmente me envolveu, das coisas que vivo ou vivi e que me marcaram de forma mais ou menos intensa.
Pois hoje escolhi não falar de mim, mas de uma pessoa muito próxima e que se parece comigo em muitos aspectos. Meu alterego, um menino sonhador, que gosta muito de cinema e já sonhou um dia que beijava Marilyn Monroe.  Os homens preferem as morenas ? Bom.. sei não...eu, pelo menos casei com uma loura.  Mas, voltando a Marilyn, com aquela pintinha simpática no rosto, dançando, cantando e representando, tudo de modo convencional, claro, sem nunca ter sido uma diva, bem que ela povoou os sonhos daquele menino. E aí, numa bela tarde de verão, passeando por uma ilha distante, ele teve uma visão que lhe atraiu de imediato.  Nada menos que Marilyn Monroe do outro lado da rua, na calçada de um cinema, o Tropic, olhava e sorria para si.

A musa repete a pose para o fã
Puxou a namorada pelo braço, entregou-lhe a câmera e suplicou:  - Desculpe, amor, mas você vai me fazer esse obséquio.  Eu quero beijar Marilyn ! 
Ela sorriu, empunhou a câmera e fez não somente uma, mas várias fotos.
O garoto beijou Marilyn, enfim, mas com todo o respeito, na face, mesmo. 
Sonho de menino, enfim realizado 
Um beijinho de fã adolescente, coisa sem muita importância.  E o melhor :  ela não revidou seu atrevimento com aqueles tapinhas que sempre acompanhavam os beijos, mesmo inocentes, naqueles filmes em branco e preto, dos anos 50. 
Troféu conquistado, sonho realizado, desceu a rua e entrou na primeira Sorveteria, duas quadras adiante.