Cego cantador de feira |
Eu sou fã declarado de Zé Limeira/Orlando Tejo e atualmente, depois de umas conversas com o Papa Berto, Primeiro e Único, da Santa Igreja Fubânica, tenho minhas dúvidas da existência física, real, do “Poeta do Absurdo”.
O que tenho achado (apesar do próprio Orlando Tejo, desde a primeira edição do seu livro jurar de pés juntos que o violeiro dava asas à sua louca poesia nos sertões da Paraíba), é que Zé Limeira deve ter tido origem, mesmo, na fertilíssima imaginação e na veia poética do Tejo.
Numa proporção, julgo eu, de 95% de criação para 5% de realidade, os mitos nordestinos surgem assim mesmo, como Limeira surgiu. Assim como surgiram a “perna cabeluda”, a “loura do portão do cemitério”, o “pavão misterioso” e a “besta fubana”, por exemplo.
Mas, esse surrealismo limeiriano é mesmo muito atraente para quem escreve poesia e, nesse meu “achismo”, eu vou é aproveitar a onda (que ainda não morreu e não morrerá jamais, pois a figura de Limeira é, hoje, antológica), e passar para vocês essas mal-traçadas rimas, que fazem parte do meu atual treinamento “cordelístico”.
Triste sina de retirante |
RIMANDO À TOA
Nunca vi papagaio falar fino
Nem comer munguzá de milho grosso
Ou salada de couve com tremoço
Como fosse um quitute feminino
O rabicho da cobra bate o sino
Patuá fica bem lá na Bahia
Quando ele pensou que eu vinha, eu ia
Eu pegava água doce e dava um nó
Nas quebradas do velho quiprocó
Arpejando os cabelos de Maria
Fred, NÃO alimento tantas dúvidas assim, sobre a existência de Zé Limeira. Porque Orlando Tejo descreve com todos os detalhes os locais onde ele se apresentou. Assim como cita os cantadores que fizeram dupla com ele. E, pelo que sei, ninguém NUNCA contestou que isso tenha acontecido. - Agora, que pode haver alguns exageros da parte de Tejo, ah, isso pode. - Para completar, aí vão uns versinhos do Limeira: - "São José já me dizia / você tem que ver de tudo. / Cachorrada, safadeza / homi macho cabeludo. / Você vai ver em Campina / mulé da calça tão fina / que a gente vê o veludo." - Mas o bom não são os versos. - O BOM MESMO É O "VELUDO". - Abraço, Zé Fernandes Costa./.
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