Como eu disse lá em cima, essa é a pior parte da experiência do triathlon, pelo menos para mim. As pernas ficam completamente bambas, depois do ciclismo. É terrível. Você não consegue controlar a tremedeira dos músculos das coxas, o corpo aderna para um lado e para o outro, feito um veleiro numa tempestade, e durante uns bons 3 minutos você tem que conviver com isso. Mas até o que é ruim tem um fim, pois pouco depois a gente já está correndo normalmente e começando a ganhar ritmo.
Assim, concentrei-me no percurso de 7 km que tinha pela frente e dentro daquela "tática infalível" dei o melhor de mim. Como sempre, sou muito concentrado quando estou competindo e somente observei um pelotão de recrutas que me acompanhava, já próximo ao final do percurso, voltando pela Av Marcos Freire em direção ao Quartel, à altura do km 6. Cheguei a ouvi-los comentar mais ou menos isso: "Esse coroa tá dando muito trabalho. A gente não pode chegar depois dele, não".. E o grito de guerra deles: "Infantariaaaa!!!"
Mantive o quanto pude meu ritmo, tentando guardar uma reserva para o tiro de chegada. E esse "tiro" logo aconteceu, poucos minutos depois. No último trecho, faltando algumas dezenas de metros para o funil, quatro recrutas, passaram por mim, naquele ímpeto que a juventude lhes proporcionava, talvez também determinados a não perder para um "coroa" que tinha idade de ser pai de algum deles.
Cruzei a meta 1h,25m e 9 segs depois que entrei no mar para as primeiras braçadas. Perdi quatro posições na última etapa e finalizei novamente em 41° na classificação geral e 1° lugar entre os veteranos. Nada mal para um "coroa" que começou a correr aos 37 e fumou feito uma chaminé dos 18 aos 32 anos.
Meu diploma de triatleta, que vocês vêm aí, é um dos mais queridos da minha coleção. Após correr oficialmente cerca de 60 competições, entre as quais 3 Maratonas e esse Triathlon, considero-me livre dos malefícios do fumo e das pragas da preguiça e da desmotivação.
E verifiquei o seguinte: o ser humano é realmente uma máquina extraordinária, comandada pelo cérebro que tudo pode !
Qual o combustível desse cérebro/motor de duas pernas ? Respondo, sem medo de errar: é único e impalpável... seu nome é SONHO !