segunda-feira, 31 de outubro de 2011

TRAVESSEIRO DE MACELA




Vou começar este texto de hoje dando uma de botânico.
Assim, transcrevo a definição científica dessa planta cujas flores ilustram o post:
A Achyrocline Satureioides, da família asteracea, vulgarmente conhecida como macela ou marcela e por eloyatei-caá em Tupi-guarani.
As flores da macela costumam ser usadas pela população como estofo de travesseiros para os bebês, por se acreditar que tenha efeitos calmantes.
De fato, lembro bem de quando era pequeno de observar que minha mãe fazia uso, para acalmar o sono dos meus irmãos ainda bebês, de um travesseirinho pequeno e muito cheiroso.
Como fui asmático até os dez anos, ou um pouco mais, acho que usei bastante esse artifício, porque as recordações me acompanharam por muitos anos.
Então, uns anos atrás, bateu uma saudade inexplicada das férias que eu passava no interior, observando a vida simples do povo do campo e tentando ser e pensar como um nativo.
Remoendo essas lembranças, achei por bem perpetuá-las num xote que chamei de “Travesseiro de Macela”. Aqui vai a letra dele:

Já faz tempo que eu não vou lá na terrinha
Pra comer mel com farinha, rapadura e munguzá
Assar um milho bem na brasa da fogueira
Dançar xote a noite inteira, ouvir o galo cantar

À tardinha, montar no meu burro velho
Prosear com “seu” Orélio, encostado na porteira
Ah que saudade eu sinto da minha terra
Ver o rio descendo a serra, tomar banho de cachoeira

Quando eu chego lá em casa é o latido
Do cachorro preferido e um cheirinho de canela
De madrugada o travesseiro de macela
Vai saber que eu estou chorando, morto de saudade dela

Saudade dela, ai, ai, saudade dela ai, ai
Eu estou roendo é morto de saudade dela...

Gravei a música, que consta do repertório do cd “Eu sou assim”, juntando composições que fiz para os meus familiares: pai, mãe, avó, madrinha, esposa, filhos.
Aos poucos vou trazendo essas lembranças aqui para o nosso espaço.

Aqui o link para a música