domingo, 30 de janeiro de 2011

SANTA MARIA SANTA !




Todas as pessoas nesse mundo ganham seus apelidos. Há os apelidos carinhosos, de homem para mulher e vice-versa, há os apelidos de família, de escola, de trabalho, de esportes, etc. Alguns nos dão orgulho, outros nos machucam, a maior parte deles não nos ofende, e nem fazemos caso deles. Certa vez, anos atrás, uma prima de minha mãe começou a chamá-la de “Maria Santa”.
Gostei disso, desde o começo. Ivone, a prima, acertou em cheio na definição das qualidades de Dona Maria, Mãezinha ou Merinha, como eu a chamava ultimamente.
Realmente, chamar uma mãe de santa é muito comum entre nós. Mas isso, no caso de Merinha, para todos que a conheceram, é simplesmente a expressão da verdade mais absoluta.
Mãe de 13 filhos, amou a cada um deles com um Amor ilimitado, infinito. Conhecia cada sutileza do nosso comportamento, do nosso humor, que chegava a parecer que nos lia os pensamentos. E lia, mesmo.

Merinha tinha um Amor tão grande por Paizinho que saltava aos olhos de todos. A vida em comum de ambos, em mais de 70 anos de convivência e 67 de um casamento perfeito sob todos os pontos de vista, foi o maior legado que nos deixou. Um amor tão grande que a levou ao encontro de Paizinho exatos 5 meses e 5 dias depois da sua morte. De pura saudade, de puro desejo de reencontrá-lo em um Plano mais elevado de Vida. Uma parada cardíaca que ocorreu exatamente no Dia dos Namorados a levou para pertinho do seu Eterno Amor.
A mim pareceu que minha Santa Maria Santa quis assim demonstrar, pela última vez, a ligação infinita que sempre teve com meu Pai.
Um exemplo a ser seguido, esse de Mãezinha. Uma vida vivida com humildade, piedade e caridade cristãs, renúncia, trabalho, dedicação e, sobretudo, com um Amor simplesmente inexplicável, de tão imenso... Tenho certeza que, na sua simplicidade, sem aceitar esses elogios de um filho saudoso, Mãezinha faria agora aquela pose que nos fazia tão felizes, nesses seus últimos momentos conosco. Colocando as mãozinhas já descarnadas pelo tempo na cintura, abriria aquele sorriso lindo e num gesto faceiro diria, alegremente: “Estás brincando...”