quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

DE GAIVOTAS E BARCOS


Neste post de hoje vou falar muito pouco.
Só quero mostrar umas fotos .


De uma cidade que tem tudo a ver com o mar, com os barcos e com as gaivotas.
Florianópolis, Santa Catarina, maio de 2007.

Uma câmera simples, mas eficiente na mão.
Uma paisagem deslumbrante à frente dos olhos.
Um céu azul intenso e limpo sobre minha cabeça.  (Se bem que houve dias nublados.)


Acima de tudo a felicidade que envolveu e saturou minha mente por uns dias.
Floripa, uma paixão. Jamais esquecerei. E ainda volto lá. 



Pra ver suas praias, suas lagoas e suas gaivotas.


Pra estar com seu povo alegre e que tão bem me recebeu.


 




Dedico este post à amiga Cléa Braganholo, ao Rafael Hilbrecht e ao Paolo Piermarini.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

22 DE FEVEREIRO, O DIA DO MEU PAI


Hoje, Você estaria completando 95 anos.
E eu queria mais uma vez homenageá-lo.
Frederico, Paizinho, você foi tudo o que eu queria ser.
E que jamais serei.
Meu exemplo de vida, meu Herói.
Obrigado, eternamente obrigado.
PARABÉNS, MEU PAI !



dobrado Monteiro da Cruz

domingo, 19 de fevereiro de 2012

CORISCO E UM PERNAMBUCANO SAUDOSO

Uma prova do quanto tinha razão Antonio Maria, jornalista recifense radicado no Rio de Janeiro, autor de uma série de frevos sobre o Recife, está escrita em sua belíssima música, hoje um clássico da MPB, consagrado na voz de Maria Bethania (Frevo n. 2 do Recife):

“Quando eu me lembro
O Recife tá longe
A saudade é tão grande
Eu até me embaraço
Parece que eu vejo
O Haroldo Matias no passo
Valfrido e Cebola, Colaço
Recife tá perto de mim
Saudade que eu tenho
São maracatus retardados
Que voltam pra casa cansados
Com seus estandartes no ar..”


              Hoje de madrugada, recebi do meu filho Fred, um email em que anexava um vídeo feito às pressas, improvisado mesmo, em que ele -tocando cada um dos cinco instrumentos de um regional de cordas (violão, bandolim, cavaquinho, pandeiro e triângulo) e mixando-os num único vídeo, executa o frevo CORISCO, do saudoso compositor e amigo Lourival Oliveira, um paraibano/pernambucano do coração mais recifense e frevista que eu conheci.


Transparece desde logo a saudade do Recife, da família e das coisas da terra, nesse vídeo.
Exilado por força da profissão (Fred é Engenheiro de Software da Microsoft) e morando em Duvall, no Estado de Washington-USA, tem ele uma paixão imensa pela terra natal.  E a demonstra aqui, de forma bem significativa.  Ainda ontem, numa mensagem no facebook, dizia que: tudo o que eu queria era estar agora com meu banjo, acompanhado um bloco de pau e cordas no Recife.

Fred e meu neto Diogo, longe, muito longe do Recife
Sei que ele gostaria de refazer o vídeo mil vezes até ficar perfeito, como tudo o que faz.  Aliás, em dois dos cinco quadros do vídeo, há "interferências curiosas" de Diogo, como vocês poderão ver.  Mas, publico assim mesmo, esse grito de emoção e amor pela sua terra, esquecendo aspectos técnicos e musicais, externando, assim, a nossa paixão pelo Recife e seu verdadeiro Carnaval.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

CARNAVAL E EXPLORAÇÃO POLÍTICA



Algumas poucas pessoas preocupadas com o rumo que está tomando a nossa maior festa popular,  já falaram tanto que não têm mais o que dizer.
  
Por outro lado, há que se lembrar: afora os culpados por toda essa história, que vem se repetindo desde que a Prefeitura dos últimos 12 anos "inventou" o tal Carnaval Multicultural, para espalhar fartas verbas para roqueiros aposentados, funkeiros, disk-jockeys, cantores e dançarinos de axé-music, bregueiros, de todas as latitudes e longitudes do Brasil, existe algo mais.  

Sabem o que é?  É a terrível vontade, a imensa vaidade, a compulsão pela exibição que têm os nossos artistas e grupos carnavalescos. Tem gente que faz qualquer coisa para aparecer, mesmo naqueles vinte minutinhos de aparição numa chamada de TV, numa rua ou palco. 

Se não houvesse passarelas, palcos,  "organização" de shows, "homenagens" a figuras de destaque nos carnavais, essas baboseiras todas inventadas para botar na mídia os "queridinhos" dos poderosos do dia, haveria o que? 

Simples... Haveria a espontaneidade que sempre existiu e poderia voltar a existir, no nosso carnaval de rua. A Prefeitura e o Estado teriam apenas que fazer a sua parte: dar fluidez ao trânsito, atendimento de saúde e segurança à população.  E pronto. E só. 

Deixasse o povo brincar. Iríamos até, quem sabe, voltar a ver aqueles "Blocos do Eu Sozinho" em que gente como “O Lorde de Olinda” voltaria a desfilar seus sonhos carnavalescos, na maior Paz. Sugiro aqui pra vocês e garanto vai dar certo. 

Se os detentores da verdadeira Cultura Popular, essa gente que, sem nenhum tostão da Prefeitura, sem nenhuma ajuda do Estado ou das Estatais federais, cheias de políticos corruptos, se recusar a esse “programa de índio” em que está se transformando o Carnaval do Recife, que só locupleta os sabidões de sempre, repito, se essa gente que realmente faz Cultura Popular se recusar a aceitar essas humilhações a troco de nada, nosso Carnaval vai voltar a ser uma festa do povo. 

De minha parte já fiz o que achei que devia fazer. Mostrei, com o Bloco “Flor da Vitória-Régia”, com o Bloco “Cinema Mudo”e com o “Urso Maluvido”, que a gente pode fazer carnaval sem precisar esmolar junto a esses políticos inconsequentes, uma verbinha de nada ou uns minutinhos de palco, que vão acabar destruindo uma das poucas coisas que o povo sabe fazer todo ano: um Carnaval verdadeiramente popular. 

E se isso não ocorrer, como tudo indica que vai acontecer, essas “autoridades culturais” vão acabar fazendo uma insípida canja com a nossa “galinha dos ovos de ouro”.  

Porque, fosse eu sulista, ou nortista, gaúcho ou pantaneiro, não viria ao Recife, tão longínquo, para assistir shows de rock, de funk, de brega, de axé ou de qualquer coisa que rolasse no meu quintal.  

Vem aqui quem quer conhecer o nosso frevo, maracatu, caboclinho, blocos tradicionais, mascarados, laursas, bois, enfim, toda essa rica variedade de ritmos, de cores e de sons que só existem aqui. 

Minha voz está rouca de tanto protesto, meu coração está ficando insensível, depois de tanta luta inglória. Venceram os que acham que sabem o que o povo gosta. Bom proveito a todos.  Curtam bem a sua “canja”. 

Um dia, muitos ou quase todos deixarão de procurar os iluminados palcos e passarelas, por inúteis. 

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

OUVIR ESTRELAS

“Ora (direis) ouvir estrelas! certo 
perdeste o senso!” E eu vos direi,no entanto,
Que, para ouvi-las muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda noite, enquanto
A Via Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir o sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizes, quando não estão contigo?”

E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas”. 

(Olavo Bilac)

Este lindíssimo e conhecido soneto de Olavo Bilac, o nosso poeta maior, que inúmeras vezes li, reli e declamei para mim mesmo, sempre teve uma importância fundamental na minha vida, em suas múltiplas etapas. 

Sou um apaixonado pela Música e pelas Estrelas. Há no Universo um ritmo, uma música, que contagia todos os seres humanos, desde as cavernas até os imensos edifícios de hoje, nossas cavernas tecnológicas. 

Quantas e quantas vezes me surpreendi, enquanto ouvia Mozart, ou Saint-Säens, Beethoven ou Bach, Lizt ou Schumann, enfim qualquer grande compositor da Música eterna e universal ! 
Não foi somente uma surpresa daquelas que a gente sente quando encontra o novo. 

A Música nunca é a mesma. Até mesmo aquele estudo que enfrentamos, no aprendizado, de olho na estante, traduzindo cada nota e sua expressão, cada pausa e seu significado na execução, nos surpreende a toda hora. 

E paro, e penso. O que está por trás da criação musical ? Que mistério se esconde atrás dessa divina manifestação ? Que força nos impulsiona para a criação, quando passamos a compor ? E eu mesmo tento responder: o Homem não é um ser comum, como qualquer criatura viva do planeta. Tendo o dom da criação ele reflete, na sua obra, a Grande Obra Daquele Ser Incriado e Misterioso que buscamos. 

Sim. Todo Músico, desde o mais humilde aprendiz, ao mais iluminado Maestro, Arranjador, Compositor ou Exímio Executante, deve ser um mandatário do Poder da Criação. E eu sinto que assim é mais fácil seguir nossa missão de Músico. Uma missão muito nobre, diferenciada, às vezes mal entendida. 

Missão que causa uma pontinha de inveja sadia em quem não recebeu esse dom musical. Claro, não somos os únicos. Outros privilegiados têm outros dons, outras Artes. Mas a nossa, sem falsa modéstia, passa por todas as outras. A nossa Arte só pode ser amada por quem aprendeu a ouvir e a entender as Estrelas!

(Publicado no Informativo Banda Dabanda  Ano I - Nº 10 AMPARO (SP), FEVEREIRO DE 2012)

sábado, 11 de fevereiro de 2012

DESENHISTA POR ACASO

- Ied, desenha aqui uma capa bem bonita para o meu trabalho de História do Brasil. É sobre o Duque de Caxias (ou Tiradentes, ou Dom Pedro I)... 
- Eu não agüento mais desenhar essas capas pra vocês ! Será possível que vocês não aprendem nunca a desenhar uma capa de trabalho? Ora pitomba !! 
-Mas, Ied, é só desta vez... eu juro que não peço mais... desenha, vai... 
- Tá certo, tá certo.. vai ser a última capa de trabalho que eu desenho na minha vida ! Me dá isso aí, me dá....

Era mais ou menos esse o diálogo entre eu e minhas irmãs, toda vez que as professoras do Sagrada Família ou das Damas pediam um trabalho de História, ou de Ciências, ou de Religião. 
E haja inspiração pra desenhar rostos de heróis, de santos, células e plantas que eu nunca vi. 
Mas, o agradecimento vinha depois, quando elas, muito caprichosas nos seus estudos, mas pouco habilidosas nos desenhos das capas de trabalhos, me mostravam, suas notas: 

- Tá vendo, Ied? a gente tirou um 9 (ou um 9,5, ou um 10) ! Seu desenho ajudou, e muito! 
E eu, resmungando: 
- Não foi por causa do desenho, não... você tá é me enrolando.. desenho não vale pra nota !..."

Mas sempre ganhava o abraço e o carinho das manas, e por dentro ficava até meio orgulhoso dos meus desenhos. 
No mês seguinte, lá vinham elas de novo: 
-Ied, desenha aqui...etc..
E eu, brabo que só uma capota choca:
-Mas, de novo? Vige Maria, não agüento mais essa ladainha ! Me dá isso aí, me dá.. mas não dá pra fazer mais hoje não..só amanhã..

Tudo brabeza falsa.. de noite mesmo, quando chegava da escola, pegava os lápis e lá vem Dom Pedro, Tiradentes, Nossa Senhora, raiz de planta, ameba e tanta coisa mais. 
De manhãzinha, antes de pegar no batente, passava na sala de jantar e deixava a capa do trabalho bem à vista, em cima do buffet de sucupira, enorme e bem entalhado.
E nessa cumplicidade eu, desenhista por acaso, e as manas queridas íamos levando a vida pra frente.  

(do livro de crônicas "Caçador de Lagartixas, Ed. Livro Rápido, 2008, Recife)

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

30.002 ACESSOS


30.002 acessos. Foi o que eu encontrei estampado agora nas estatísticas, às 20:48 hs de hoje. Número de que muito me  orgulho. E volto a comemorar com vocês.  Sou assim, meio bobo, mesmo. Por que?  Sei lá... Mas dou o maior valor a essas pequenas coisas.  Tem Blogs na Rede que são 30.000 vezes acessados no curto espaço de dias e até de horas..  Porém, o nosso é um blog diferente.  Um ponto de bate-papo, um lugar para matar saudades.  E, mesmo assim, meio bobo, fico admirado e continuo orgulhoso porque desde os leitores do Brasil, a grande maioria, até gente que mora nos Estados Unidos, Portugal, França, Reino Unido, Alemanha, Itália, Rússia, Espanha, Ucrânia, Coréia do Sul, Mongólia, Canadá, Japão, Peru, Argentina, Índia, Emirados Árabes e Marrocos, leram o que a gente escreve (sim, porque os comentários de vocês também contam, e muito!).  Mais uma vez, obrigado.  De coração... E continuemos juntos por mais 30.000 acessos !

domingo, 5 de fevereiro de 2012

SPIKE JONES, UM GÊNIO ESQUECIDO



Mistura de humorista e músico talentoso, Spike Jones esteve, durante muitos anos entre as grandes atrações do “showbiz”  americano, nas décadas de 40 a 60, juntamente com outros conhecidos músicos de jazz da época.

Baterista genial, juntou-se a esses amigos do cenário do “dixieland jazz”, formando o “City Slickers”, um grupo de músicos/comediantes que satirizava no palco músicas consagradas, de gêneros diversos, clássicos ou populares.

Seus programas de TV tinham audiência espetacular e as apresentações dessa banda, aparentemente maluca, eram admiradas em todo o mundo, algumas delas ficando no rol de antológicas interpretações.

Aqui no Brasil, os números de Spike Jones serviram de degrau para comediantes que depois se tornaram famosos, como o “Zé Bonitinho”, que os dublava em programas de humor de TV, a exemplo de “Cocktail for two”.´

Mais sobre este grande artista sempre venerado pelos fãs, neste link:

Vale a pena conhecer um pouco mais da obra deste grande músico e comediante, hoje esquecido, e dos seus companheiros do City Slickers, que alegraram tantas gerações com a sua engraçada genialidade.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

GAMÃO NA MADRUGADA



Eu e meu irmão Jaime gostávamos muito de jogar pif-paf, pôquer, dominó e gamão. Principalmente gamão. A gente passava tardes inteiras disputando uma partida atrás da outra.
Diziam que gamão é jogo de velho, mas a gente não tinha preconceito. 
E haja botar os dados dentro dos copinhos e ploc-ploc-ploc, o dia inteiro;  era o barulho dos copos de dados sendo batidos no tabuleiro de madeira, que a gente punha em cima dos joelhos, se estivesse sentado, ou no chão mesmo, que era o mais comum.

Esta dupla aprontou demais
Muitas vezes entrávamos pela noite, em intermináveis partidas, em que apostávamos "gibis" velhos, coleções de rótulos de cigarros, livros de histórias de detetive; o que estivesse à mão, enfim.

Numa noite de sábado, a gente sem ter mesmo o que fazer, começou uma partida, disputada ardorosamente, dado a dado, jogada a jogada.

A noite avançava, entrando na madrugada e nada da gente terminar. Ploc, ploc, ploc, cantavam os dados... E o relógio marcando duas, três horas da manhã.  E a gente nem pensando em entregar os pontos.

De repente, a voz forte de Paizinho avisa: -Parem com esse jogo imediatamente, ou eu desligo a luz da casa !

Obedecemos, por uns minutos, para dar tempo de Paizinho dormir novamente e, sorrateiramente, continuamos, jogando os dados com as mãos, em cima dos mosaicos do terraço.  Mas, no entusiasmo, os dados cantavam mais alto.

Paizinho, que não havia voltado a dormir, não disse mais nada. 

Desligou o interruptor geral de energia da casa e a gente ficou no escuro total.

Mas só por algum tempo; da rua, vinha um resto de luz do poste, em frente à casa.

Não tivemos dúvida: pé ante pé saímos, abrindo o grande portão de ferro, com muito cuidado, e ganhamos a rua.

Debaixo do poste, o jogo de gamão continuou até o sol raiar e nos mandar de volta pra cama.

Não dou certeza, mas nessa manhã acho que dormi e sonhei com um monte de copinhos de dados batendo nos meus ouvidos: -ploc, ploc, ploc, ploc...


(do livro "Caçador de Lagartixas" - Ed Livro Rápido, Recife, 2008)