quinta-feira, 29 de novembro de 2012

NÃO É POR SER MINHA FILHA NÃO, MAS...

Tatiana fazendo de conta no contrabaixo

Se eu fosse publicar aqui somente minhas besteiragens musicais e poéticas, eu estava era ferrado!  Porque, aqui pra nós, não tenho mesmo muito o que mostrar.
Por outro lado, tenho... e é prata de casa, digo melhor, ouro de casa, no caso, meus filhos artistas.  Artistas, vírgula !  Artistas amadores, mas amadores competentíssimos.
Tatiana, cantora, poetisa e compositora festejada e premiada em alguns Festivais de Música.  
Fred Filho, bandolinista e cavaquinista, também compositor, também premiado em Festivais.
Enrico, saxofonista (alto) e flautista, compositor, arranjador e pianista.

Fazer o que?  Ora, mesmo a contragosto deles, que não gostam de aparecer, feito eu, que sou muito "amostrado", vou passar a trazer aqui, de quando em vez, alguma coisa do trabalho deles.

Feito esse clipe, que faz parte de um DVD amador que produzi, filmando com duas câmeras (uma fixa e outra na mão fazendo "takes" de outros ângulos,  e fazendo a edição em casa mesmo.  

Este "show" que ela fez, com a antes denominada Bande Ciné (hoje Bande Dessinée), aconteceu num espaço bacana, o Teatro da Livraria Cultura, onde apresentações de muito bom gosto e para um público seleto sempre acontecem.  Foi em 2007, outubro ou novembro, não estou bem certo.  O repertório da banda era bem eclético, com músicas dos anos 60, a maior parte  do repertório de artistas franceses, italianos, alguma coisa de música latina, também. 

Um detalhe, neste clipe, é curioso: A cantora DALIDA, que fez uma famosa dupla com Alain Dellon, não pronunciava corretamente a palavra "PARÔLE" (em francês, palavra, mesmo.)  Talvez por conta de sua naturalidade (egípcia) tinha dificuldade de falar o "R" dobrado ("parrole").

Mas assim ficou e todas as suas gravações e apresentações.  E Tatiana, fiel à pronúncia da Dalida, assim também o fez.  Esquisito, mas faz parte da História, já.

Curtam, então, o som dessa excelente Banda e a voz limpa e afinada da minha maior Musa, Tatiana, mãe de Theo, neto querido, e esposa do Bruno, que faz o contrabaixo elétrico (embora prefira o acústico, que também domina à perfeição).

E depois não me digam que eu sou CORUJA..  Podem me chamar de CORUJÃO, mesmo !




segunda-feira, 26 de novembro de 2012

MEMÓRIAS DO FSTUDIO - 11 - BETO DO BANDOLIM

Beto do Bandolim, em ação

Um grande amigo, um imenso músico, compositor, arranjador e, mais que isso tudo, um grande ser humano.
Gravei 3 CDs com o Beto do Bandolim (Adalberto Cavalcanti) e em todos eles me surpreendi com a qualidade da sua execução.  Beto é, sem dúvida nenhuma, um dos maiores bandolinistas do Brasil.  Além do que, como compositor, escreve belíssimas páginas musicais em todos os gêneros, dedicando-se principalmente ao chorinho e ao frevo.

Campeão de Festivais, agenda cheia o ano inteiro, Beto toca e compõe de tudo e na área da música nordestina é muito solicitado para gravações, o que faz com perfeição, sempre.

Quando inventei o Bloco Cinema Mudo, Beto entusiasmou-se com a idéia e saiu conosco fantasiado de "Carlitos", brilhando com seu bandolim pelas ruas do Recife Antigo.  Um perfeito ator, reproduzindo todo o gestual e até as características físicas do Mestre Chaplin, do qual é fã confesso.

No Bloco Cinema Mudo (Beto é o Carlitos, à direita)
 e da esquerda para a direita eu, (o Magro),
a melindrosa Dalva Torres e  Fred Filho (o Gordo)
Gravamos os CDs " Um Bloco em Poesia ", "Inspirações" e  "Felix Silva - Cantando com o Coração", um disco de seresta co-produzido por nós e que contou com a participação brilhante de Dalva Torres, Henrique Annes, Bozó 7 Cordas, Valdemir Silva (flautista), e outros feras da música pernambucana.

O que mais gostei de ter feito, foi Inspirações.  Um dos primeiros trabalhos autorais de Beto, contendo frevo-de-rua, valsa, maxixe, xote, baião, seresta e polka.  Inspirações, que deu nome ao disco é um choro fantástico que ele fez em parceria com o imortal Rossini Ferreira, que escreveu a segunda parte e o qual reproduzo aqui.  


O frevo-de-rua, foi um presente que o Beto me deu e do qual muito me orgulho.  Chama-se  "Pé-de-Vento" , apelido que ele me concedeu, por conta da minha condição de Maratonista. É um frevo de execução bem difícil, dada a intensidade do ritmo, que Beto sabe explorar muito bem, calcado nos poucos frevos para bandolim de autoria do imortal Jacob.  Reproduzo-o, a seguir.


Dos tempos da minha primeira sala (aquela foto de cima já foi feita na mais recente), tenho esta foto com o Beto e seu bandolim e eu, dando uma da flautista, coisa que nunca fui (mas que tive vontade de aprender esse instrumento, isso tive!)

Bandolinista de ouro e Flautista de araque
Somente para provar que não estou exagerando quando digo que Beto é um multi-artista, mostro aqui um outro presente especial: a minha caricatura (ele é exímio caricaturista e se diverte desenhando os colegas enquanto espera sua vez de gravar).  Fiz uma montagem do desenho sobre a partitura da melodia, devidamente oferecida, como vocês podem ver aí abaixo.

Parti-cari-catura
Resumindo, um dos grandes momentos do FSTUDIO com Beto, foram vários, porque além dos seus discos  o meu querido amigo Adalberto Cavalcanti foi assíduo frequentador do meu modesto estúdio, tocando dezenas de vezes com os conjuntos e Orquestras que comigo gravaram.

sábado, 24 de novembro de 2012

UM XOTE NA PRAIA (UMA PARCERIA FRUSTRADA)

Lagoa do Mundaú-AL
Um dia desses publiquei aqui um post que é um dos mais lidos do Blog, onde eu conto a história de minha música "Travesseiro de Macela".Só que eu não contei a história completa. Por que? Para não falar sobre uma parceria que morreu no nascedouro. Eu explico. Tatiana, minha filha, que é uma poetisa de primeira, cantora, compositora, advogada, e mãe do meu querido neto Theo, tinha feito um poema falando sobre a casa que ela gostaria de ter numa praia imaginária. Achei que o texto tinha um ritmo pra lá de gostoso que me lembrou desde logo um xote. E, depois da primeira leitura, já comecei a reler o poema cantando e e batucando com os dedos o ritmo. Para fazer surpresa, gravei de maneira bem simples o "nosso" xote e à noite, em casa, botei pra tocar. Tati realmente tomou um susto, ficou meio sem jeito mas, sincera como sempre foi me disse que não era bem num xote que ela tinha pensado e que fez o poema na brincadeira, sem a menor intenção de divulgá-lo. Eu entendi e disse a ela que também tinha feito a gravação somente para agradá-la, sem intenção de divulgar. Mas, passados mais de 12 anos, acho que ela não se importará se eu mostrar a vocês a sua "casinha na praia". E aqui pra nós: eu bem que forcei a barra, porque xote e praia não têm mesmo nada a ver, um com o outro. É como surfar lá na Praia da Joaquina, (Joáca, para os íntimos) , em Santa Catarina, vestido de vaqueiro...


 CASA NA PRAIA
(Tatiana Monteiro)


Quatro quartos, um banheiro, uma cozinha
Meu amor, duas salinhas: a do som e a do café
Um terracinho, a varanda com a rede
Encostado na parede um distinto canapé
Pelo chão, meu violão e mil tapetes
e um quadro de bilhetes, de cortiça, feito à mão
Na  minha casa, lá na praia, que sossego
vou contar-te meus segredos,
ver minha constelação

Ter as estrelas e o mar como vizinhos
Acordar com os passarinhos,
se não despertar te chamo
E no meu quadro, branco e verde, de bilhetes
vou pregar com alfinetes
um recado, que te amo.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

55.555



55.555...
Número mágico.  Cinco números 5.  Na fila, feito menino entrando em sala de aula, com a mão no ombro do menino da frente, marchando e cantando alguma cantiga antiga e saudosa.

Um sorriso na carinha gorda, de bochechas avermelhadas. Uma mão no ombro, outra segurando a lancheira.

Mas, que história é essa ? 
Acho que a imagem infantil voltou à tela mental, por conta do mais novo poema do Mestre Jessier Quirino, que acabo de ler, intitulado "Merenda Corriqueira". Que, por sinal, termina assim:

"A mais doce ventura desta vida
É a lancheira, os recreios e a lição."


O número apareceu na tela do computador, hoje de manhã;  na verdade o que apareceu, logo que eu entrei no Blog foi o número 55.552.  

Fiquei ligado.  Ansioso e como se dizia antigamente, "com um olho no padre e outro na missa".  
Lia um dos muito emails e voltava de quando em quando para a página.  Numa dessas voltas, está lá estampado o número mágico.  55.555 acessos.  

Gostei tanto, que mandei logo um "print screen", copiei a tela pelo "paint" e  aí em cima está o arquivo para a posteridade. 

Mais uma vez agradeço a vocês.  Afinal, foram 55.555 vezes que me concederam a honra de suas visitas.
Eu queria muito estar "ligado" de novo, no dia em que o contador marcar 555.555 ou 5.555.555, o que já é
pedir demais... 

Mas 55.555 é um número único, uma filinha de cinco cincos, de mão esquerda no ombro do colega da frente e mão direita segurando a lancheirinha de lembranças. 

Muito obrigado a todos !

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

MINIBEE



A abelhinha era menor que uma mosca.

A flor, menos de um centimetro de diâmetro.

A lente, sim,  foi uma macro-zoom. 

A paciência também foi macro.

Uns cinco ou seis minutos esperando que ela  parasse um pouco até eu conseguir enquadrá-la e, finalmente, fazer este registro.

Mas eu acho que valeu a pena e divido com vocês.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

CASA DE FARINHA




















Eu nunca participei
de festa de farinhada
Porém já vi num terreiro
debaixo de uma latada
em redor do forno quente
um meio mundo de gente
entretida na empreitada

É homem girando a roda
É mulher que vai rapando
É mandioca moendo
e outras vão peneirando
e enquanto a lenha esquenta
um cheirinho bom aumenta
e a farinha vai secando

Como eu sou um praciano
que nasceu pela cidade
sigo assim bem satisfeito
com toda felicidade
de provar dessa receita
tão gostosa e tão perfeita
branca preciosidade !

A raiz da mandioca
produz a farinha fina
mas se tem coisa que eu gosto
é do olhar da menina
desencaroçando a goma
depois sentir o aroma
da tapioca divina

Com um pouco de manteiga,
com queijo ou coco ralado,
purinha mesmo, bem quente
como até ficar impado
Mas pra ficar na medida
ela tem que ser servida
com café bem caprichado

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

PICHADORES: PORCOS NUMA CIDADE EMPORCALHADA



Esse país um dia vai ter jeito.  Vai deixar de ser o valhacouto dos imbecis e o alvo dos idiotas.
Eu tenho certeza de que isso termina por acontecer, mais dia, menos dia.

Um dia desses publiquei aqui no Blog uma matéria com um grafiteiro profissional, com fotografias e filme
de uma pequena entrevista que ele me concedeu, a meu pedido. Veja no link abaixo:


Era um trabalhador da Arte, ganhando o pão com o suor do seu rosto.

Pintava com spray colorido, traços precisos e emoção de artista reconhecido um muro e portão de um Centro Educacional, em Casa Amarela.  Um exemplo digno de como ganhar a vida sem dilapidar o patrimônio alheio, alegrando a cidade, sem emporcalhá-la. 

Hoje, pela manhã, no mesmo bairro de Casa Amarela, descendo a Rua Ana Xavier rumo ao Bompreço Supermercado, deparo-me com mais uma das milhares, talvez dezenas de milhares de pichações de vadios inescrupulosos que se julgam filósofos, políticos, líderes, sei mais o que.   Mas que no fundo são isso mesmo que você, caro leitor civilizado, está pensando: uns marginais recalcados que usam a liberdade que a democracia lhes concede para sujar a cidade que lhes abriga.

Já morei em casa térrea, já tive um muro pichado e sei qual a sensação que toma conta da gente quando vê seu patrimônio, seu lar, invadido por um bandido desses. 

A falta de policiamento, a falta de vergonha dos mandatários, a falta de fiscalização, a falta de educação e principalmente a falta de punição a este tipo de, vá lá....  "gente", nos irrita e nos deixa com sede de justiça.

Por mim, um corretivo muito eficaz para esses vândalos seria fazer com que todos os que fossem apreendidos com seu spray criminoso nas mãos fossem obrigados a limpar, manualmente, com lixa e tinta pagos por eles mesmos, dez imóveis sujos pela sua falta do que fazer, como "prêmio" à sua idiotice, imbecilidade e falta dos mais simples conceitos de cidadania.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

ULTRASSOM, O MARTÍRIO



Sala de espera dá um tédio de doer.  Principalmente sala de espera de consultório.

Para concluir meu check-up anual, fui providenciar um ultrassom, solicitado pelo médico.  Saí de casa às 9 em ponto e às 9,30 estava na clínica pensando que iria ser rapidamente despachado para voltar à minha rotina.
Qual o que... Saí de lá às 12,30, praguejando contra a porcaria de serviço médico brasileiro que nos transforma em otários cada vez que precisamos cuidar da saúde.  Pagamos uma pequena fortuna para manter um plano de saúde particular de primeira linha e o que temos ?  Um SUS melhorado !
Inevitavelmente nos sentimos otários explorados por um governo displicente e malversador dos recursos dos nossos impostos.  Principalmente nós idosos, que passamos a vida inteira contibuindo para a previdência social e hoje -contratos rasgados- mesmo aposentados, ainda somos mensalmente descontados por um serviço inexistente e que temos de comprar aos espertos planos de assistência médica particular.  Em resumo, uma vergonha !  
Mas voltemos ao tema, de que me desviei.  Voltemos à sala de espera.
Nessas três horas de espera, numa sala com cerca de 50 pessoas sentadas, sob o frio desregulado de um aparelho de ar condicionado e a voz cabulosa de uma atendente a chamar os pacientes, vez em quando, ouve-se de tudo.
Ontem mesmo, fiquei sabendo de todos os detalhes de uma festinha de aniversário que será realizada neste fim de semana, num diminuto "salão" que fica no terminal de ônibus de um bairro em Abreu e Lima.  A mãe da criança falava, digo melhor, gritava, ao telefone celular, todo o roteiro da festa da sua filha para o contratado, do outro lado da linha. E soube que, como o salão era pequeno, e o dinheiro curto, ela só iria querer, de equipamentos, uma "piscina de bolas".
Enquanto isso, próximo ao meu ouvido esquerdo, um palavreado rápido entre duas mulheres que até poucos minutos atrás eram ilustres desconhecidas, dava conta de toda a vida conjugal de uma delas, incluída aí a performance atlética (modalidade "pulo de cerca") do marido, o gênio ruim da sogra, as doenças do filho caçula e naturalmente, as dificuldades financeiras.  Nem sair de perto eu podia, visto que todas as cadeiras da sala estavam ocupadas.   Uma tortura chinesa a mais, outra a menos, não fariam diferença.
Enquanto isso, rolava o papo da festinha:
-  Mas a Elisângela, minha amiga que lhe indicou disse que você faria uma diferença.  180 reais só por uma piscina de bolas? Tá muito caro. E eu vou combinar ainda com o "pai da minha filha".  Vê se faz por R$ 150, moço, vai...

*****
- O senhor tem que tomar 6 copinhos de água, no máximo.  E devagar.  Quando a bexiga estiver cheia, me avise.

Ouvi essa recomendação a pelo menos 3 ou 4 pacientes que, naturalmente, iam fazer o competente ultrassom de próstata, bexiga e vias urinárias, que era também o meu caso. 

****
- Mas você não imagina a cara-de-pau dele.  Estava de mãos dadas, na hora do expediente, com uma loura "piriguete", desfilando no Shopping Recife, já pensou.. Ah, se eu estivesse lá !  Quem viu tudo foi Marina, minha amiga de infância.. e o safado ainda chegou em casa ontem com cheiro de perfume.  

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Examezinho cruel, esse !  Quando você está no ponto de virar uma fonte ambulante, um Manequinho de carne e osso. vem a atendente e lhe manda entrar na sala do ultrassom.
E haja pressão justamente em cima da .... bexiga,  que está quase estourando, feito os balões do aniversário da menininha da festa.  A única coisa em que eu pensava, no momento, era num alvo e lindo sanitário, num banheiro cheirando a lavanda, onde eu pudesse descarregar toda a água acumulada em seis copinhos de plástico de 100 ml cada. E haja barreiras mentais de contenção.  Ganha a batalha, terminado o ultrassom, corri ligeiro para o banheiro, que estranhamente ficava no início do corredor e não no final, feito aquelas casas de cidadezinha de interior e, quase chorando de prazer, deixei lá, naquele trono branquinho e asseado, cheirando a lavanda, todo o líquido ingerido à força da necessidade do exame.

Ainda bem que outra tortura dessas somente no ano que vem, se Deus quiser !

sábado, 10 de novembro de 2012

ESTÃO VOLTANDO AS FLORES... E O FREI-VICENTE TAMBÉM !


Um caju apressadinho
Estão voltando as flores. A Primavera as trouxe de volta e junto com elas, o prenúncio do Verão.
O deste ano parece que está meio apressado, pois começam a subir as colunas de mercúrio dos termômetros. 
Das flores aos frutos é um passo e um passarinho.

Frei-Vicente voltou !
E aqui da minha varanda, das minhas janelas, observando com avidez as cores e as flores, os frutos e os pássaros que se apressam a veranear conosco, faço da minha ânsia de Sol e de Luz, aquilo que a fotografia, essa mágica ao alcance de todos me autoriza a fazer.

Registrar a Vida é um dos maiores prazeres que o ser humano pode ter.  E eu aproveito minhas idas e vindas curiosas a varandas e janelas, para escrever com luz (foto - grafar) os tons e os sons da vida.  Como nessas fotos de um caju apressado emergindo de um mar de folhas no imenso cajueiro do Sítio vizinho.

E também flagrar a beleza de um "frei-vicente" que veio extemporaneamente pesquisar o inquieto mercado imobiliário local da azeitoneira do nosso Condomínio.  Não sei se é o mesmo do Outono passado, mas está tão belo quanto aquele que foi objeto de uma pequena crônica aqui no Blog.   



Uma nota de correção.  Estou sempre dando fora em matéria de ornitologia.  O caro Professor Galileu Coelho, que já me corrigiu na matéria anterior, quando chamei de guriatã-de-coqueiro um frei-vicente (tangara cayana), acaba de me dar mais uma aula, Na verdade esse pássaro aí é que é a guriatã (euphonia violacea).  Feita a correção, onde está o "frei-vicente", leiam "guriatã".. Desta vez é ela mesma !  Nada como ter um amigo que é a maior autoridade em Ornitologia do Nordeste !!  Obrigado, Mestre Galileu !  O texto anterior, a que me refiro, está aqui: http://www.seteinstrumentos.com/2012/05/o-recife-ainda-e-verde.html 

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

CAÇADOR DE LAGARTIXAS - REPOST

Deu trabalho, mas um dia ficou pronto
Não adianta discutir.. menino é menino, em qualquer circunstância.  Antigamente, aliás, a meninice durava muito mais tempo que hoje.  Uma afirmação aparentemente temerária  como essa, é facilmente comprovável por alguém que tenha 50 anos ou mais. 

Apesar de ter meu trabalho, meu próprio dinheiro e relativa independência, aos 14 anos de idade, nunca abdiquei do meu direito de ser criança.  Assim, aproveitei ao máximo as brincadeiras da idade e até estiquei-as pela adolescência afora, enquanto pude.  Não necessariamente tentando tornar-me um Peter Pan, de quem sou fã, assistindo ainda hoje, em dvd o antológico desenho animado de Walt Disney, com o mesmo prazer que experimentei ao vê-lo na tela do Cine Trianon, nos idos de 1953, 54, por aí..

Mas, é interessante lembrar essa minha vida dupla entre o homem-feito, com emprego registrado em carteira de trabalho de menor e tudo, e o menino de pés no chão, correndo pelas ruas de Casa Forte e do Poço da Panela.

Autografando no lançamento do livro
Com o mesmo entusiasmo eu brincava e trabalhava, não fazendo muita distinção entre a obrigação e o lazer porque, em ambas as situações, o que contava era o prazer. Além de empinar papagaios atormentei, ( e hoje me arrependo disso) as lagartixas do meu bairro.  Fazia laços para apanhá-las, com o talo das folhas de coqueiro.  Retirava da folha a parte verde, sobrando o talo central.  Na pontinha dele, fina e maleável, fazia o laço e partia para as minhas aventuras de caçador. 

Engraçado, como há poucas lagartixas hoje em dia por aí... os edifícios, as ruas calçadas, o barulho e o movimento da cidade, foram expulsando esses bichinhos simpáticos, que punham ovos à vontade nos quintais do meu tempo e ainda se prestavam a conversar conosco:
- Lagartixa, você é uma bobona ?  
E elas assentiam, balançando a cabeça pra baixo e pra cima.



lagartixa na Chapada Diamantina
(Sem quintais, pra onde fugiram as lagartixas?  São uma espécie em extinção ?)

Embora essas preocupações me aflijam hoje, naquele tempo nem passavam pela minha cabeça.  O desafio era chegar perto delas, sem assustá-las, ariscas que eram, colocar bem devagar o laço à frente das suas cabeças e, num movimento rápido e preciso, finalizar a operação, prendendo-as pelo pescoço.

Mas, de uma coisa podem ter certeza: jamais matei alguma, nas minhas caçadas infantis.  Como nesses programas de pesca esportiva de hoje, tão comuns nas estações de TV, tão logo as capturava, eu as soltava para, se elas deixassem, capturá-las em seguida e soltá-las outra vez.