"Bandleader". Até mesmo pelas circunstâncias. Ensaiávamos na sua casa, fornecia os amplificadores, carro para transportar a turma, sua paciência e sua amizade. Cara legal, o Zé. Até hoje, o mesmo. Pacato feito o pai, o bom Sr. Antônio, calmo e tranquilo, um Lorde inglês em pleno bairro do Espinheiro. A educação personificada.
Dona Mariinha, a mãe do Zé, era a nossa Madrinha. Sempre providenciando alguma coisa para a gente lanchar. Vovó Calú, a caseira e amiga da família, trazia a bandeja, passos lentos, diria quase estudados, uma ternura só. Riso sedoso, voz macia:
- Olha a hora do lanche. Saco vazio não se pôe em pé.
A turma parava o rock ou a bossa nova e haja brincadeira, confraternização em torno do suco de laranja e dos sanduíches da Vovó Calú.
Na hora do sério, Zé virava empresário. Formal, engrossava mais um pouco a voz, já bastante grave, mais parecendo o contrabaixo que tocava:
- Turma, agora a coisa é pra valer.
- Vamos ser mais profissionais, por favor !
- Ninguém se atrase, pelo amor de Deus..
- Assumimos um compromisso, empenhei minha palavra.
- Existe um contrato assinado !
- Brincadeira tem hora, Djilson..
- WALTER, SEU DISPLICENTE !!
Aí a coisa engrossava e o pau não quebrava por pouco.
(A continuação desse diálogo está aqui: http://www.seteinstrumentos.com/2011/10/minibiografias-dos-tartaros-walter.html )
Extraído do livro "Tártaros: os seis do Recife"
Extraído do livro "Tártaros: os seis do Recife"