sábado, 5 de novembro de 2011

MINIBIOGRAFIAS DOS TÁRTAROS (ZÉ ARAÚJO)


"Bandleader".  Até mesmo pelas circunstâncias.  Ensaiávamos na sua casa, fornecia os amplificadores, carro para transportar a turma, sua paciência e sua amizade.  Cara legal, o Zé.  Até hoje, o mesmo.  Pacato feito o pai, o bom Sr. Antônio, calmo e tranquilo, um Lorde inglês em pleno bairro do Espinheiro.  A educação personificada.


Dona Mariinha, a mãe do Zé, era a nossa Madrinha.  Sempre providenciando alguma coisa para a gente lanchar.  Vovó Calú, a caseira e amiga da família, trazia a bandeja, passos lentos, diria quase estudados, uma ternura só.  Riso sedoso, voz macia:

- Olha a hora do lanche.  Saco vazio não se pôe em pé.

A turma parava o rock ou a bossa nova e haja brincadeira, confraternização em torno do suco de laranja e dos sanduíches da Vovó Calú.


Na hora do sério, Zé virava empresário.  Formal, engrossava mais um pouco a voz, já bastante grave, mais parecendo o contrabaixo que tocava:


- Turma, agora a coisa é pra valer.
- Vamos ser mais profissionais, por favor !
- Ninguém se atrase, pelo amor de Deus..
- Assumimos um compromisso, empenhei minha palavra.
- Existe um contrato assinado !
- Brincadeira tem hora, Djilson..
- WALTER, SEU DISPLICENTE !!

Aí a coisa engrossava e o pau não quebrava por pouco.

(A continuação desse diálogo está aqui: http://www.seteinstrumentos.com/2011/10/minibiografias-dos-tartaros-walter.html )

Extraído do livro "Tártaros: os seis do Recife"