Há entre pais e filhos, quase sempre, porque exceções também existem, uma relação de amizade, cumplicidade e entendimento tão grande que chega a beirar o sobrenatural. Entre os animais essa relação, intensa no início da vida da cria, desaparece quando chega a idade de separação e formação de nova prole. Aí passam a competir e se for o caso até de lutar pela posse do território ou pelo mando do grupo. O inverso disso, acho eu, é exatamente umas das características mais marcantes no gênero humano. Entre mim e meus filhos –e agora um neto também- não sei definir bem o que há: provavelmente, devido ao longo tempo em que dividimos o mesmo teto, passamos a advinhar os pensamentos e gostos uns dos outros e também, claro, seus temores, seus sofrimentos, suas conquistas, numa simbiose muito agradável e nunca invasiva dos terrenos privados, etéreamente demarcados e completamente respeitados, ao ponto de exaustão. Até na Música, que também e sempre nos uniu, somos muito parecidos, eu e Fred. Só que ele dedicou-se mais ao solo das melodias que tocamos junto, ficando eu com a parte da harmonia. E assim temos dividido o prazer de tocar juntos, que era quase diário enquanto ele morou conosco. Agora longe, muito longe mesmo, em hemisférios opostos e separados por mais de 15 horas de vôo direto, se existisse, praticamente não tocamos mais.
E aí fica o que ficou tocado, ficam as lembranças das tardes de sábado ou domingo em que nós dividíamos o prazer da Música aqui no Recife. Ficam também as imagens que fiz em Redmond, em visitas que duraram menos do que gostaríamos. Fica o som gostoso que fazíamos no nosso “Chorando à toa”, na companhia de Enrico, com o chorinho e o frevo rolando solto nas tardes e manhãs dos domingos em Aldeia ou Casa Forte. Ainda bem que temos lembranças a dividir e compartilhar, também com os amigos. Choremos, pois... no bom sentido, claro !
Vendo essa roda de choro à sombra das árvores, dá uma saudade danada das cigarras de casa forte.
ResponderExcluirAbração
Coisa mais linda Fred!!!
ResponderExcluirCoisa linda meu irmão vc emociona a gente . Bate uma saudade danada das tardes que com tanto carinho vc tocava seus chorinhos, marchinhas de carnaval e alegrava a todos que juntos cantavam e te aplaudiam.
ResponderExcluirNossos velhinhos iam ao delírio,dançando e cantando,com certeza continuam fazendo no céu. Beijos meu irmão sabidão!!!!!! Ruth
Como você mesmo falou, temos as lembranças :-) E isso é 99%! Pior é quem nem isso tem.
ResponderExcluirNão resolve, mas a tecnologia também ajuda: vamos ver se a gente leva à frente nossa roda de choro virtual, "tu de lá e eu de cá".
Eitaa caro Fred,coisa boa de se ver!!
ResponderExcluirParabens!!!
Abraços.
Fred meu amigo, faz tempo que estou para lhe dizer que seu blog é sensacional, principalmente para quem gosta de verdadeiras músicas populares brasileiras como eu. Na realidade sou suspeito por ser carioca de nascimento, nordestino de coração(os quatro primeiros anos de minha vida profissional vividos no nordeste foram inesquecíveis) e santista por adoção. Um grande abraço para vc e toda sua família.
ResponderExcluirUm chorinho lindo, lindo pra ninguém colocar defeito!
ResponderExcluirEste Blog está precioso.
abçs ;*))