segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

SOBRE CORRER E LER (PARTE 2)

continuação... (texto compilado do livro "Alegria de Correr", de Werner Sonntag)

Equipe do CORRE que disputou a Maratona de J. Pessoa de 1985, A Maratona do IV 
Centenário..Eu sou o corredor 316, o primeiro da fila de baixo à direita


“Procure manter a corrida num ritmo uniforme. Não aumente ou diminua sua velocidade propositadamente. Entre os quilômetros 10 e 20 você experimentará uma sensação de euforia (nas corridas de 10 quilômetros essa sensação aparece aproximadamente entre os quilômetros 3 e 5). Quando isso acontecer, mantenha a velocidade sob controle. Se resolver juntar-se a um grupo verifique cuidadosamente se o mesmo corre à velocidade que você quer manter. Você há de encontrar corredores que estão no seu nível de treinamento. Se durante a corrida –acredito que isso aconteça aos 30 quilômetros- você tiver dúvida do seu desempenho, tome a resolução de percorrer o restante do trajeto andando. Se constatar que você tem que controlar melhor suas forças, você deve tomar a decisão de reduzir a velocidade, passando talvez a trotar como costuma fazer no jogging e mantendo esse ritmo durante todo o percurso, ou então fazendo pausas durante as quais andará. Utilize os postos de abastecimento com muita moderação. Durante a corrida você deve contentar-se com um gole de chá e se houver necessidade, com um pedacinho de fruta. Durante a corrida você sentirá perfeitamente que ela exige o engajamento das energias psíquicas. É um desafio que você tem de aceitar. Só abandone a corrida se surgir algum risco para a saúde. Se começar a cambalear ou sentir pancadas na cabeça, tenha cuidado. São sinais de alarme. Se estiver apenas cansado e os músculos começarem a doer, continue. Procure correr descontraído, Para sentir a descontração, deixe os braços penderem molemente. Chegará a hora que você se dará conta que conseguirá.Não transforme esta numa corrida de velocidade. Passe à frente de alguns corredores que esgotaram as forças antes do tempo, mas lembre-se de que a corrida não valerá a pena se você desmaiar na linha de chegada. Depois de cruzá-la continue a trotar mais alguns minutos até que sua pulsação esteja mais tranquila. Eu o invejo pela corrida que tem pela frente, pois nenhuma maratona lhe proporcionará a mesma sensação que esta primeira. Encare-a com alegria ! “

domingo, 30 de janeiro de 2011

SANTA MARIA SANTA !




Todas as pessoas nesse mundo ganham seus apelidos. Há os apelidos carinhosos, de homem para mulher e vice-versa, há os apelidos de família, de escola, de trabalho, de esportes, etc. Alguns nos dão orgulho, outros nos machucam, a maior parte deles não nos ofende, e nem fazemos caso deles. Certa vez, anos atrás, uma prima de minha mãe começou a chamá-la de “Maria Santa”.
Gostei disso, desde o começo. Ivone, a prima, acertou em cheio na definição das qualidades de Dona Maria, Mãezinha ou Merinha, como eu a chamava ultimamente.
Realmente, chamar uma mãe de santa é muito comum entre nós. Mas isso, no caso de Merinha, para todos que a conheceram, é simplesmente a expressão da verdade mais absoluta.
Mãe de 13 filhos, amou a cada um deles com um Amor ilimitado, infinito. Conhecia cada sutileza do nosso comportamento, do nosso humor, que chegava a parecer que nos lia os pensamentos. E lia, mesmo.

Merinha tinha um Amor tão grande por Paizinho que saltava aos olhos de todos. A vida em comum de ambos, em mais de 70 anos de convivência e 67 de um casamento perfeito sob todos os pontos de vista, foi o maior legado que nos deixou. Um amor tão grande que a levou ao encontro de Paizinho exatos 5 meses e 5 dias depois da sua morte. De pura saudade, de puro desejo de reencontrá-lo em um Plano mais elevado de Vida. Uma parada cardíaca que ocorreu exatamente no Dia dos Namorados a levou para pertinho do seu Eterno Amor.
A mim pareceu que minha Santa Maria Santa quis assim demonstrar, pela última vez, a ligação infinita que sempre teve com meu Pai.
Um exemplo a ser seguido, esse de Mãezinha. Uma vida vivida com humildade, piedade e caridade cristãs, renúncia, trabalho, dedicação e, sobretudo, com um Amor simplesmente inexplicável, de tão imenso... Tenho certeza que, na sua simplicidade, sem aceitar esses elogios de um filho saudoso, Mãezinha faria agora aquela pose que nos fazia tão felizes, nesses seus últimos momentos conosco. Colocando as mãozinhas já descarnadas pelo tempo na cintura, abriria aquele sorriso lindo e num gesto faceiro diria, alegremente: “Estás brincando...”

sábado, 29 de janeiro de 2011

SALVE O AMÉRICA, CAMPEÃO DO CENTENÁRIO






Em abril de 2004, o América completou 90 anos.  Pouco antes da data comemorativa, fui procurado  no meu estúdio de gravação de áudio pelos diretores esmeraldinos Sérgio Serpa e José Amaro e combinamos a gravação de três hinos do América: o Hino Oficial, de autoria de Mário Filho, o Hino dos 90 anos, de autoria de Sérgio Serpa e José Amaro e a música-jingle "Quem tem coração verde-branco", de  Nilton Gonçalves ( Birinho). Os arranjos foram do Maestro Duda, a execução primorosa foi da sua Orquestra e Coral, acompanhando o cantor Lêdo.  Considero essa uma excelente gravação, tanto pelos arranjos de Duda como pelas interpretações e pela qualidade dos hinos.  Nesse ponto, meus amigos, o América é também um Campeão !  E mais Hinos virão por aí, no Centenário que se aproxima.



SOBRE CORRER E LER


Não, não é um post sobre literatura.  Essa leitura que eu falo é sobre experiências de quem escreveu e cuidou/vem cuidando do treinamento próprio e do alheio, há algumas ou muitas décadas.  Eu gosto muito de ler sobre corrida e treinamento.  Fiz disso um hábito constante nesses 28 anos desse esporte.  Meu primeiro livrinho sobre corridas é de um alemão muito experiente: Werner Sonntag.  O nome do livro é "Alegria de Correr", ("Spass am laufen", no original, publicado em 1979, pela Falken-Verlag, edição brasileira da Tecnoprint, Rio, 1982). Se vocês tiverem a oportunidade, não deixem de ler esse livro por inteiro.  Eu praticamente o decorei.  Foi meu guia e farol de corredor iniciante e continuou sendo pela vida afora.  Tanto que, recentemente, o desentoquei de um fundo de gaveta e me deliciei com os conselhos do velho Sonntag, relendo-o pela Xsésima vez.  Gostaria de transcrever aqui uns trechos dos seus conselhos a um maratonista de primeira viagem.  Tenho que resumir bastante, porque o capítulo inteiro demandaria tempo demais pra se ler num computador.  Eu, pelo menos, não sou adepto de e-books.  Acho cansativo passar horas diante de uma telinha brilhante.  Prefiro os livros de papel mesmo.  Até os velhinhos, que nem esse, o "Aerobics" de K. Cooper, e muitos outros, afora a minha coleção da primeira revista sobre corridas no Brasil, a "VIVA-A revista da corrida", que nos idos dos anos 80 também publicava artigos de "Runner's World" e "The Runner", as mais famosas do mundo das corridas.  Divido o post em duas partes, pra não ficar muito cansativo.  Leiam esta e aguardem a próxima.  É pra curtir e praticar, podem crer !

Caro corredor: Durante a última corrida que fizemos juntos, você anunciou sua intenção de participar pela primeira vez de uma maratona e me perguntou quais as precauções que deveria tomar. Você me disse que só corre há um ano.  É um tempo de preparo muito curto para uma maratona. Você nunca correu 30 quilômetros de uma só vez.  Não quero dar conselhos difíceis de serem postos em prática.  De qualquer maneira, procure fazer um treinamento percorrendo toda a distância da maratona.  No mínimo, seriam 35 quilômetros, pois só assim você terá consciência de que tem algo difícil pela frente.Poupe suas forças  durante a semana anterior à corrida. Corra somente para manter-se treinado e descontraído. Aproveite os primeiros dois ou três quilômetros para aquecer-se. A maior parte dos participantes corre depressa demais na largada.  Será mais sensato procurar um lugar numa das últimas fileiras. Dessa forma você não será levado a largar em determinada velocidade e não estará no caminho dos outros.  Alguns quilômetros depois da largada você notará que, tal como acontece nas corridas populares, as primeiras pessoas que se excederam na corrida já estão andando em passo normal. Quero dizer que nos primeiros quilômetros você deve correr muito devagar.  Dali em diante você nunca deve ficar abaixo de sua velocidade básica, pois do contrário estará desperdiçando tempo. Seja lá como for que você correr, de qualquer maneira ficará cansado. Economize suas forças.  Não adianta correr invariavelmente em todas as subidas, a não ser que depois de caminhar você tenha muita dificuldade em voltar ao ritmo da corrida -um detalhe que você tem de descobrir antes. Nesta grande competição, que é a sua primeira, você só deve correr para conseguir uma boa chegada, num tempo que considere aceitável. Se fizer questão de entrar em competições particulares, não comece antes dos 35 quilômetros. Procure manter a corrida num ritmo uniforme.  (continua))

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

ARITUBA, O PARAÍSO

Sabem onde fica o paraíso?  Eu sei e digo pra vocês... onde a gente tá feliz!
E, podem crer, eu estava muito feliz quando fiz essa foto aí.  Onde?  Arituba..


"Sei lá onde é isso?", perguntarão vocês.. Eu ensino..  Pertinho de Natal, uma lagoa linda, onde a gente passa um dia de rei.  Verdade.. perguntem a quem já foi.   E aproveitem.  O paraíso é logo ali.

FLORES SORRISOS DE DEUS 2- NINFÉIAS



Minha vida é em verde e branco.  Há poucos dias atrás, revelei aqui no blog meu amor por essas cores quando me decidi a torcer de uma vez por todas pelo meu time do coração: o América do Recife, alvi-verde da Estrada do Arraial.  Mas minha história verde e branco não pertence somente ao América.  Fundei, em Casa Forte, 1998, um bloco lírico chamado Flor da Vitória-Régia.  Suas cores? verde e branco.  Sim, apesar de toda a tradição dos folguedos pernambucanos indicar as cores azul e encarnado (vermelho), Vitória-Régia, o bloco, era verde e branco.  Como a Gigante do Samba, escola em que muitas vezes toquei tamborim, emprestado pelos batuqueiros, nos carnavais da minha adolescência, quando eu ficava esperando os blocos, troças e escolas de samba desfilarem rumo à Avenida Guararapes, saindo da Boa Vista, no Pátio de Santa Cruz.  Vitória-Régia é planta da família das ninféias e havia muitas delas nos tanques da Praça de Casa Forte.  Enormes, "redondas barcaças", no dizer do poeta Romero Amorim, na música composta em parceria com Getúlio Cavalcanti, para o nosso Bloco.  Em homenagem a todos os amantes das ninféias e das Vitórias-Régias, vão essas fotos que fiz, no Pantanal de Marimbús, próximo à Chapada Diamantina e no Jardim Botânico de Timbó, Santa Catarina.


LAGOAS DAS ALAGOAS

Tenho uma dívida de gratidão para com Alagoas..  Afinal, nasci em Maceió e apesar de ter vindo para o Recife com dois ou três meses, amo minha terra.  Alagoas tem -sem dúvida- as mais belas praias do Nordeste e, por que não dizer, do Brasil.  Bairrismo?  Acho que não.  Eu, por exemplo, ainda não conheço o mar caribenho.  Qualquer dia desses vou conhecer; não tenho pressa... prefiro gastar meus dias de folga nas praias nordestinas, em especial ao sul de Pernambuco e norte de Alagoas.  Elas têm um mar de azul especial, que se mistura, no horizonte, com o azul do céu.   Essas fotos, eu fiz num passeio pela bela Lagoa do Mundaú.  São ou não vistas caribenhas bem pertinho do Recife?



quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

RENDEIRAS DE ALCAÇUZ


A riqueza cultural brasileira só pode ser melhor apreendida quando viajamos por esse país continental.  Foi o que fiz a vida toda. Já pisei o solo de praticamente todos os Estados brasileiros.  Estão faltando somente o Tocantins, Roraima, Rondônia, Acre e Amapá.. Pretendo ir ao Tocantins ainda este ano.  Mas hoje mostro para vocês uma atração inesquecível.  São as mulheres-rendeiras que ainda sobrevivem da sua arte lançando seus bilros e criando maravilhas em forma de rendas do mais alto valor artístico e cultural que se pode compreender.  Essa arte quase esquecida ainda pode ser vista em pequenas comunidades interioranas ou, como no caso, próximas ao litoral nordestino. Nesse vídeo, sem pretensões cinematográficas nem documentais no sentido estrito da palavra, deixo para vocês a pureza e a simplicidade dessas heroínas que se recusam a acabar com a sua tradição, passada de mãe para filha, há séculos, mundo afora.

UM DOBRADO PARA OS MONTEIRO DA CRUZ




Meu pai gostava muito de música. Era bom cantor, apesar de não tocar qualquer instrumento. Tinha uma voz muito parecida com a de Francisco Alves e cantava muito bem o repertório dele.  Lembro bem de uma de suas favoritas: Nancy.  Essa canção inspirou minha irmã a por esse nome em sua filha.  Ouvi muitas bandas de música na minha infância.  Naquele tempo eram comuns as retretas dos domingos à tarde, em Olinda, na Praça da Preguiça, num coreto muito bacana, ou no Derby, no coreto próximo ao tanque do peixe-boi.  Bons tempos aqueles.. Em homenagem ao meu velho e a todos os familiares, compus um dobrado que chamei de "Monteiro da Cruz".  O meu amigo Maestro Duda fez para ele um belo arranjo e eu convidei meus amigos da Banda Sinfônica da Cidade do Recife para interpretá-lo.  Graças a todo esse pessoal posso hoje orgulhar-me de ter dado ao meu pai e à minha família este presente que divido com vocês.  Esse post foi inspirado numa conversa que tive hoje com meu irmão mais velho, companheiro de toda essa jornada, Jaime e a ele o ofereço. 

CARNAVAL VEM AÍ..

RÓI-RÓIS & CASTANHOLAS
(crônica publicada no livro "Imperador, Imperatriz"), Recife, 2002, ed. do Autor)

Mais um Carnaval se foi, deixando no ar uma tristeza de pierrô traído, uma saudade das loucuras, uma ressaca dos excessos, um vazio dos desejos insatisfeitos, uma ânsia de esperar, de sempre esperar, pelo próximo Carnaval, pela próxima ilusão, enfim...

E chegou mais um Carnaval, alegre como todos sempre chegaram, na minha vidinha de menino do Recife.  Não trazia nada de especial, feito aquelas noites de Natal, cheias de brinquedos, surpresas e esperanças.  Mas trazia uma alegria diferente, plena de cores, cheiros e encantos. 
E vinha lento, dengoso,  preguiçoso, esparramando-se pelos bairros por uma ou duas semanas, até reinar absoluto nos seus três dias de glórias e exaurir-se bêbado e esgotado na quarta-feira de Cinzas, ingrata, chuvosa e chata.
Lembro-me dos preparativos para a semana do Corso: íamos, irmãos e irmãs, agarrados pelas mãos, tal qual uma cordinha de caranguejos, procurar os artigos da época, no bairro de São José.  Eram óculos de plástico colorido e transparente, amarrados por um elástico fininho, a melhor proteção contra os esguichos de lança-perfume, que também comprávamos...Rodouro e Colombina: a primeira em embalagem metálica pintada de dourado, a outra de vidro, com um rótulo bem colorido.  Ambas deixavam no ar um perfume inconfundível e na pele um friozinho inesquecível.  Nos olhos, quando neles batiam, um ardor dos infernos. Daí, os óculos.
E..que mais? Ah, sim! Havia os acessórios indispensáveis para as mais diversas idades.  Saquinhos de filó colorido, para os confetes; pacotes de rolos de serpentina de todas as cores; rói-róis..  Quem mais se lembra dos rói-róis?  Um brinquedinho bobo, mas barulhento e divertido, que consistia em um pequeno cilindro de papelão revestido com papel de seda colorido e franjado, amarrado num cordão, que se enlaçava a um pedaço de madeira untado de breu, na sua ponta.  O contato do cordão com o breu, ao se girar o rói-rói, produzia um som roufenho, amplificado pelo cilindro: daí seu nome.  Esse brinquedo é conhecido no sertão como "berra-boi".  Quem não "rodou" um bom rói-rói na infância, não pode se dizer um folião de verdade.
Apareceram, depois, uns reco-recos industrializados.  Os que conheci, na infância, ainda eram de madeira pintada.  Os de plástico tinham uma catraca e uma lingueta presa a uma haste.  Não tinham muita graça, não.. Creio que sumiram, esquecidos pelos carnavais afora.
Por falar em rói-róis, para onde foram os mascarados e suas inseparáveis castanholas?  Os poucos que hoje vemos, em Olinda, são uma raça em extinção.  Resistem como aratús nos mangues, numa franciscana pobreza.  Máscaras velhas, com a pintura descascada, roupas desbotadas, falta-lhes alegria e entusiasmo.  Rareiam...
Antigamente, andavam aos bandos, às dezenas, verdadeiros blocos multicoloridos, com grandes corações vermelhos, de cetim brilhante, costurados nos fundos dos macacões folgados.  Brincavam, pulavam e estalavam suas castanholas sem parar.  Quando, raramente, falavam com alguém, faziam voz de falsete, para não serem reconhecidos por ninguém da sua rua, do seu bairro.
Acusem-me, como já acusei a tantos, na minha juventude, de querer viver de recordações!  Acusem-me, repito...eu bem mereço.   É essa, a roda da vida, girando e nos apanhando a cada giro, no enlevo do relembrar, no destino inexorável de procurar alegrias no passado tentando, ao menos tentando, reter um pouco dos momentos felizes que vivemos.

Recife, fevereiro de 1999.

domingo, 23 de janeiro de 2011

APERTA O NÓ

FORRÓ COM CALANGO MINEIRO É XAMEGO PURO !





Faz um tempinho, a mineira mais pernambucana que eu conheço, uma voz doce e forte que canta forró como ninguém, me pediu para fazer uma música que "tivesse a sua cara"... Conhecendo a história dela escrevi, num fim de semana em Aldeia, essa música.
Estava sem violão, numa madrugada de sábado,sem caneta e sem papel e o que me serviu de caderno foi meu celular. Anotei a letra numa "mensagem" e a melodia cifrada noutra.
Na segunda-feira, já no estúdio, gravei um "piloto" e levei para a Irah.. Ela ouviu, gostou e gravou.. Aliás, gravou e regravou essa música já umas 3 vezes e a incluiu no seu excelente DVD com o show "Girassol de Desejos" (faixa 3). Fico muito feliz com o sucesso de Irah Caldeira.. Mulher de fibra, que sabe o que quer e vem realizando uma carreira brilhante e ascendente.



SURFISTA MALUCO



Estava passeando pela praia da Joaquina, em Florianópolis-SC , quando resolvi subir por umas pedras à beira-mar para observar a evolução das ondas e dos surfistas que tentavam manter-se sobre elas.  Joaquina, ou Joaca, para os íntimos, é uma praia aberta com ondas altas e frequentada pela nata do surf local. Pois bem... estava por ali filmando e fotografando do alto das pedras, quando observei um cara com roupa de neoprene e prancha debaixo do braço a tentar se jogar nas ondas que batiam forte, a fim de atalhar o caminho e talvez pegar uma onda mais alta.  Enquanto os demais saiam da areia da praia, nadando deitados nas suas pranchas, esse aí teimava em pular naquele poço espumante, cercado de pedras por todos os lados: uma ilha às avessas.  Passaram-se alguns bons 5 minutos até que o “surfista maluco” como o denominei, obtivesse sucesso... e a insistência valeu a pena: tanto pra ele, como pra mim, que fiz essas imagens que compartilho agora com vocês...

PANTANAL NORTE - MT



Entramos no Pantanal pela cidade de Poconé e ficamos hospedados num Hotel Fazenda às margens do Rio Pixaim, um dos importantes rios de lá.
A quantidade e diversidade de aves ali, impressiona o mais experiente viajante do planeta. Diga-se, aliás, que a proporção de estrangeiros (pelo menos quando estivemos por lá) em relação a brasileiros é algo em torno de 80 contra 20%.  Convivemos por uns dias com japoneses, suecos, argentinos, americanos e holandeses em muito maior quantidade do que brasileiros,  quase todos paulistas e paranaenses.
O Pantanal faz a alegria de qualquer fotógrafo ou cinegrafista.  Um passeio de “voadora” pelo Rio Pixaim, suas ilhas e ninhais às suas margens é de uma beleza deslumbrante.  Passei dois dias explorando o rio para baixo e para cima. Mas, por que fiz esse percurso por duas vezes?
Não gosto de lembrar o motivo, mas foi bem interessante. Nós ficamos um dia inteiro nesse primeiro passeio pelo rio, fotografando e filmando tudo, admirando jacarés, bandos de pássaros de todas as espécies, garças, biguás, colhereiros, cabeças-secas, socós e principalmente os majestosos tuiuiús,  cardumes de peixes dos mais variados, como pintados, piranhas, pacus, piraputangas e também répteis como as iguanas, as sucuris imensas, roedores como capivaras, bandos delas, pacas, enfim, uma verdadeira arca-de-noé em movimento constante pelos rios e por suas margens,  pelos campos secos das fazenda locais e até pelo leito da rodovia mais incrível que já conheci: a Trans-Pantaneira, com suas pontes de madeira em ruínas, onde cada travessia das camionetes 4x4 da Anaconda Turismo era uma mini-aventura.  Bom, dizia eu que depois de um dia inteiro somente passeando pelo rio, voltei ao Hotel à tardinha e como sempre, fui conferir os vídeos feitos. Isso porque, naquele tempo ainda não havia como conferir as fotos que ainda eram feitas pela minha Zenith pesadona, mas que tinha lentes incríveis.  A facilidade das máquinas digitais ainda não existia e a gente ficava esperando revelar os filmes, quando chegasse da viagem, para conferir a qualidade das fotografias.  Quando comecei a rodar o primeiro cartucho de vídeo-cassete, meu estômago gelou.  Não havia uma única imagem do início ao fim do cartucho.. somente chuvisco, ruído acinzentado, eu distinguia no visor da câmera.  As cabeças de gravação, por alguma razão, sujaram e eu perdi todo o trabalho, principalmente as imagens que eu tanto ansiara fazer.
Passei uma fita de limpeza, testei mil vezes um cartucho novo e fui dormir preocupado. No dia seguinte, bem cedo, logo após o café, contratei um “piloteiro”, o primeiro que apareceu pelo hotel, entramos na “voadora” e fizemos de novo todo o percurso, rio acima e rio abaixo, cascavilhando paisagens e tirando o sossego de cada animal que acordava para um novo dia.
Até os jacarés devem ter ficado impressionados com minha vontade de registrar tudo aquilo. Mas registrei...
E, naquela tarde-noite, voltei para Cuiabá para pegar o vôo de volta ao Recife, cansado mas feliz por ter recuperado minhas férias pantaneiras.

CHAPADA DOS GUIMARÃES - MT



Saindo um pouquinho do Nordeste e indo para o Centro-Oeste, resolvi hoje recordar, passeando por fotos dos meus arquivos, uma viagem ao Mato Grosso, mais precisamente à Chapada dos Veadeiros e Pantanal do Norte, em 1996.
É um ambiente bem diverso do que estamos acostumados a ver aqui por cima, nesse  Brasil
mais seco e agreste, quase desértico, não fosse o nosso litoral e esta faixa estreita da zona da mata.
Mato Grosso, apesar de tudo, ainda tem algo de selvagem, na beleza dos seus rios, do seu cerrado, do pantanal superpovoado de aves e animais de todo o gênero.
A Chapada dos Guimarães, de onde saem muitas nascentes que descem para a região do pantanal, é de uma beleza indescritível.  Seus incontáveis rios e cachoeiras nos dão uma dimensão de grandiosidade da natureza por aquelas bandas.  Em algumas microrregiões próximas a Cuiabá, um pouco ao Norte, há fontes termais muito agradáveis, com águas que atingem temperaturas superiores a 40 graus.  A  Chapada abriga, também, o marco geodésico do centro do continente sul-americano e é quase obrigatória uma foto do turista por sobre o tal marco, que aliás, foi transportado para uma praça de Cuiabá.

sábado, 22 de janeiro de 2011

RECIFE, APESAR DE TUDO..

(crônica escrita após assalto à mão armada, sofrido em 17.11.1990)

O cenário pode não ser o mesmo daqueles filmes dos ”Intocáveis”, cheirando a uísque falsificado e fumaça de pólvora, balas assobiando pelo ar, paredes perfuradas, os tijolinhos se esboroando ao som de matraca das metralhadoras. Mas bem que poderia ser o do Recife de hoje, de agora, de ontem... Teria sido pesadelo?   Não.  Real, real demais.  O Recife hoje dói.  Tão longe o Recife da minha infância, do velho Capibaribe correndo nos fundos dos quintais de Casa Forte.  Por que está tão triste assim a minha cidade, por que assim tão violenta?   Por que assim tão distante do que era?
Tardes mornas, brisa leve nas mangueiras e pitombeiras da Torre, rua Jaguaribe, Grupo Escolar Martins Júnior, ah!  Recife, como não gostar daquele tempo?
Como não lembrar, minha cidade, que eras tão meiga, cheirando a jambo e ingá, tão frondosa de oitizeiros na rua Oliveira Lima, Colégio Nóbrega?
Inocência, pureza, brincadeiras, tempo de pião e bola-de-gude, papagaios do mês de agosto, papel de seda combinando as cores mais berrantes: roxo com amarelo, vermelho com verde, de doer na vista, taliscas de dendê, linha zero, pés descalços descendo ladeira de campina abaixo, cuidado com as pedras, menino!
Hoje, não !  Assaltos à mão armada, ouvi dizer, são dezenas por dia.  Só os documentados, ocorrências lavradas... só os grandes, nem pensar nos trombadinhas e cheira-colas, arracando relógios de plástico e cordões de ouro.
A violência salta das telas e bate na nossa cara, feito um murro pesado, doendo, quebrando os dentes, gosto de sangue na boca misturado à surpresa do momento, do segundo, dez, quinze segundos, tudo consumado...
Como em certos filmes, os cortes são rápidos: os olhos, a arma, “close” no cano da arma!  Enorme,  O som do soco no rosto.  Doendo nos ouvidos e muito mais na alma.
Lembrar, de novo.  De como era bom o Recife sem isso, sem crimes, sem sirenes.  Só o sereno das noites frias de Casa Forte.  Só as serestas, que começavam nos bancos da Praça e terminavam às quatro da madrugada quando parava, na esquina da Padaria Mimosa, o caminhão do Leite Cilpe.  Então, tomar um litro de leite gelado, antes do bom dormir do domingo.
Na segunda, começava tudo outra vez:  trabalhar no escritório da Rua da Matriz, apanhar o ônibus na calçada dos Correios... Avenida Guararapes, ao entardecer tão civilizada e cosmopolita.  As meninas tomando sorvete, indo ao cinema, o rio correndo por debaixo das pontes Velha e Duarte Coelho, os primeiros reflexos dos “reclames” de neon confundindo-se com os vermelhos do poente.  Ah, saudade !

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

MÚSICOS DE SEATTLE








Como em tantos outros lugares do mundo civilizado, em Seattle músicos e outros excelentes artistas gostam de exibir-se nas ruas. Não sei por que aqui no Brasil essa coisa ainda não se tornou rotina. Estranhamente, tenho observado que, quanto mais civilizado o lugar, mesmo aqui no Brasil, mais fácil você presenciar em plena rua um concerto, uma performance artística, uma execução primorosa de instrumento. Basta dizer que certo dia, em Curitiba, em plena Rua das Flores, tive o prazer de - sentado no meio-fio da calçada de um Banco- assistir a uma apresentação de ninguém mais, ninguém menos que o grande pianista Arthur Moreira Lima.. O povo, educadamente, respeitosamente, ouviu e aplaudiu ao final de cada número em pé ou sentado, como eu, nas calçadas, o Mestre Arthur. Um exemplo de civismo e cultura. Aqui no Recife, a não ser os repentistas, violeiros ou pandeiristas de embolada, que por questões muito mais financeiras mesmo, que de pretensão artística, pouquíssimos músicos já ouvir tocar numa praça, numa rua movimentada, numa esquina famosa. Somente nas grandes festas de rua, como o Carnaval, principalmente, a gente ainda tem a sorte de se deparar com maestros e músicos de primeira linha tocando no meio do povo. E só. Qual o problema de sacar do estojo seu instrumento, deixar o tal estojo servir de bandeja para que o público retorne em cédulas ou moedas o seu prazer de ouvir uma música bem interpretada por um músico honesto, que está ali desempenhando a sua função ? Não sei... Fosse eu um grande músico, certamente não teria a menor vergonha de mostrar-me diretamente ao povo, sem bilheterias, palcos iluminados ou platéias a rigor.. Qual a diferença? Serão por acaso melhores os aplausos concedidos por um público de teatro, que os ofertados, emocionadamente, pelo popular que não tem o privilégio, nem o dinheiro suficiente para pagar caros ingressos, e somente pode render sua homenagem ao artista depositando umas cédulas ou umas poucas moedas no seu chapéu, ou no "case" do seu violão, do seu saxofone ? Um dia a gente muda essa mentalidade e os saltimbancos, músicos e artistas do mundo serão mais felizes pelos aplausos e pelas moedas tão merecidamente recebidos.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

TRADIÇÃO E CORAÇÃO

Atenção torcida rubro-negra..  Larguei  o Sport e não me arrependo.. Sou alviverde, e daí ?  Como diz a canção “quem tem coração verde-branco tem que ser América, América do meu coração”...
O Sport não me deu tantas alegrias, quanto as que eu tive no casarão verde-branco da Estrada do Arraial. Foi naquela sede que brinquei os melhores carnavais da minha adolescência, que frequentei  minhas primeiras festas, que tomei minhas primeiras cuba-libres de rum bacardi com coca-cola e dancei com garotas muito legais que conheci por lá.
Aliás, o Sport rendeu-me ultimamente alguns momentos de raiva. Não entendo porque um clube se vende recorrentemente a uma organização que explora a boa-fé dos torcedores e em nome de um número cabalístico, 13, no caso, passa a manipular resultados, a contratar entre si jogadores e técnicos que mudam de camisa feito quem muda de chinelo de dedo.  Camisa de esportista requer, no meu modo de pensar,  amor às cores do Clube, e não ao contracheque do fim do mês.  Será que o zagueirão Bria, da era de ouro do Sport, será que o goleiro Carijó, e todos os grandes mitos daquela época em que se honrava a camisa do clube,estariam satisfeitos em ver o que acontece hoje no chamado futebol profissional?  Acho que não.. Convivi por muitos anos com o Bria, aquele becão baiano que –rezava a lenda- jogava com uma telha amarrada na canela.  Bria morreu pobre, foi contínuo da repartição pública onde trabalhei por mais de 20 anos.  Para completar a renda, nas horas vagas, vendia empadas preparadas pela sua esposa.  Eu fui um dos seus clientes e quando ele aparecia na minha sala oferecendo as empadinhas, sempre arranjávamos uns minutos pra bater um papo sobre os tempos heroicos do Sport. 
Por outro lado, meu pai Frederico Monteiro, foi Diretor do América Futebol Clube do Recife, na gestão de Nahum Domingues Aro, em 1963, mesmo sendo tradicionalmente  rubro-negro.  E foi com ele que passei a frequentar, ainda adolescente, a sede do América..  E foi dele, já velhinho de 90 anos, que ganhei um broche de lapela da Diretoria, que ele conservou,  guardado no seu cofre, como um tesouro, durante esse últimos 48 anos.
Guardo esse escudo como um tesouro, também.  E sei bem do quanto meu velho gostou do América. Com isso tudo, acho que vocês já entenderam o que eu quero dizer.  Há coisas que estão na rotina e na tradição.   E,  dizem os caretas que mudar de time é “virar casaca”..  Eu quero é isso mesmo !  Virar casaca, virar a mesa, chutar o balde.. O Sport foi o rio que passou na minha vida.. Passou, foi, acabou..   Há coisas, no entanto, que ficam guardadas no coração.  Eu sou um quebrador de tradições.  Mas meu coração não esquece os bons momentos que o América me proporcionou.  E entre a tradição e o coração, eu obedeço ao coração.. Salve o América !

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

ALAGOAS TAMBÉM TEM SUA MISS LIBERTY



Não sei se vocês sabem, mas em Maceió, onde eu nasci, também temos uma Estátua da Liberdade.
É uma réplica perfeita, mas em menor escala, da Miss Liberty de New York e foi feita pela mesma fundição, tendo como autor o mesmo escultor da original, Frederic Auguste Bartholdi.  


A Miss Liberty alagoana está fincada no seu pedestal à frente do MISA - Museu da Imagem e do Som de Alagoas, no bairro portuário do Jaraguá.A escultura tem mais de um século de existência e o prédio onde está situado o Museu foi construído em 1869. Fiz esta foto em 20 de dezembro, dia em que eu estava completando 63 anos.

TRÊS EM UM - PARTE FINAL



Como eu disse lá em cima, essa é a pior parte da experiência do triathlon, pelo menos para mim.  As pernas ficam completamente bambas, depois do ciclismo. É terrível.  Você não consegue controlar a tremedeira dos músculos das coxas, o corpo aderna para um lado e para o outro, feito um veleiro numa tempestade, e durante uns bons 3 minutos você tem que conviver com isso. Mas até o que é ruim tem um fim, pois pouco depois a gente já está correndo normalmente e começando a ganhar ritmo.

Assim, concentrei-me no percurso de 7 km que tinha pela frente e dentro daquela "tática infalível" dei o melhor de mim.  Como sempre, sou muito concentrado quando estou competindo e somente observei um pelotão de recrutas que me acompanhava, já próximo ao final do percurso, voltando pela Av Marcos Freire em direção ao Quartel, à altura do km 6.  Cheguei a ouvi-los comentar mais ou menos isso: "Esse coroa tá dando muito trabalho. A gente não pode chegar depois dele, não".. E o grito de guerra deles: "Infantariaaaa!!!"


Mantive o quanto pude meu ritmo, tentando guardar uma reserva para o tiro de chegada. E esse "tiro" logo aconteceu, poucos minutos depois. No último trecho, faltando algumas dezenas de metros para o funil, quatro recrutas, passaram por mim, naquele ímpeto que a juventude lhes proporcionava, talvez também determinados a não perder para um "coroa" que tinha idade de ser pai de algum deles.

Cruzei a meta 1h,25m e 9 segs depois que entrei no mar para as primeiras braçadas.  Perdi quatro posições na última etapa e finalizei novamente em 41° na classificação geral e 1° lugar entre os veteranos.  Nada mal para um "coroa" que começou a correr aos 37 e fumou feito uma chaminé dos 18 aos 32 anos.


Meu diploma de triatleta, que vocês vêm aí, é um dos mais queridos da minha coleção.  Após correr oficialmente cerca de 60 competições, entre as quais 3 Maratonas e esse Triathlon, considero-me livre dos malefícios do fumo e das pragas da preguiça e da desmotivação.

E verifiquei o seguinte: o ser humano é realmente uma máquina extraordinária, comandada pelo cérebro que tudo pode !

Qual o combustível desse cérebro/motor de duas pernas ? Respondo, sem medo de errar: é único e impalpável... seu nome é SONHO !

domingo, 16 de janeiro de 2011

TÁRTAROS - O VÍDEO !


Prometido é devido.. e sem mais comentários, seguem as imagens da festa dos 45 anos aos Tártaros, por ocasião do aniversário do nosso baterista Djilson Beirão, ano passado. Os coroas vão curtir, os mais novos vão saber um pouco mais da história do rock pernambucano dos anos 60 e todos nós vamos ficar um pouco mais felizes por saber que ainda existem, neste mundo complicado, certos valores que não podem ser esquecidos. Divirtam-se !

sábado, 15 de janeiro de 2011

OS TÁRTAROS

Eu tinha oito anos quando ganhei meu primeiro instrumento, uma gaita de boca Hering cromática, linda e sonora.  Foi presente de aniversário de minha tia Mary, que tocava acordeon e cantava no Coral do Carmo, no Recife. Logo aprendi umas melodias simples e levava a gaita sempre comigo, até os dez anos, quando fui estudar no Ceará, na Serra de Baturité e a perdi, numa dessas viagens.
                Só recomecei aos 16 anos, quando comprei um violão para acompanhar-me nas muitas serenatas que fiz pelo bairro de Casa Forte, com nossa turma.  Isso até o dia em que um amigo que estava montando uma banda de rock (naquele tempo, a gente dizia “conjunto de iê-iê-iê”) me convidou para participar.  Eu havia acabado de comprar minha primeira guitarra elétrica e estava mesmo doido pra montar um grupo.
             

Assim, em maio de 1965, fundamos “Os Tártaros” (nada a ver com dentes.. era uma referência aos povos bárbaros da Mongólia, do famoso guerreiro Gengis Khan). Atuamos muito nos clubes sociais, casas noturnas e estações de rádio e TV do Recife e por todo o Nordeste.  Aliás, hoje fazemos parte da história dos 50 anos de televisão pernambucana, citados que fomos num livro recentemente publicado para comemorar o cinquentenário.
                Os fundadores dos Tártaros foram José Araújo Neto (contrabaixo), Walter Neves (guitarra-solo), Djilson Beirão (baterista), eu (guitarra-base e órgão elétrico) e um saxofonista chamado Ferreira, que passou pouco tempo conosco.  Logo depois dele, convidamos o  Raimundo Carrero, hoje conhecido escritor que, naquele tempo chegava de Salgueiro para estudar no Recife e tocou sax-tenor conosco por pouco mais de um ano.
                Depois de Raimundo, veio o irmão do Walter, o Waldilson (guitarra-base) que ficou até o final desse primeiro grupo, em março de 1969, coincidentemente na mesma época em que os Beatles terminavam uma fase de ouro da música pop global.  Fomos também contratados pela maior fábrica de discos do Nordeste, a Rozemblit, tendo gravado vários compactos e também acompanhado outros artistas dos selos Mocambo e Artistas Unidos, pertencentes à Rozemblit.
                O conjunto foi refundado e ainda permaneceu na ativa por muito tempo, até os anos 90, pelo menos. Mas aí, já num caráter muito mais profissional, com uma troca constante de componentes, de forma que dezenas de músicos recifenses chegaram a tocar com o conjunto.
                Ano passado, por ocasião do aniversário do Djilson, juntamos muitos desses músicos conosco, participantes da primeira formação numa noite de muito rock e de muita alegria, juntamente com os familiares.  O evento foi por mim registrado em vídeo e oportunamente vou editá-lo para divulgação aqui no blog.


Quem viveu os anos 60, com toda aquela renovação de estilos musicais, comportamentais e de atitudes perante o mundo em crise, só pode lembrar com saudade de tempos românticos e ao mesmo tempo de uma intensa mudança que nos levou pela vida afora a outra visão do mundo, a outra visão da vida.

CARIRIS PARAIBANOS

Um  dos  belos  destinos  ecoturísticos  do  Nordeste,  a região dos Cariris paraibanos é ainda pouco conhecida, embora suas imagens estejam mais que amplamente divulgadas em filmes antológicos, rodados sob o sol escaldante do verão nordestino e do céu sempre azul, que faz a felicidade de fotógrafos e cineastas. Tanto que hoje Cabaceiras, a “Roliúde Nordestina” , cidadezinha próxima a Campina Grande é uma referência nacional, tendo servido de cenário a mais de 20 filmes brasileiros e inúmeras mini-séries da TV Globo, tais como “O Auto da Compadecida” e “Cinemas, Aspirinas e Urubus”.
Formação rochosa rara, a região do Lajedo do Pai Mateus foi-se moldando há mais de meio milhão de anos, com o afloramento rochoso do terreno, e se constitui de  pedras imensas, pesando dezenas de toneladas que, à primeira vista, parecem ter sido cinzeladas caprichosamente,  tomando formas  arredondadas (como p.ex. a Pedra do Capacete, a Casa do Pai Mateus e outras) e também retangulares, empilhadas como se fossem construções feitas pela mão humana (como a Saca de Lã).
De apelo místico, faz parte do conjunto fantástico envolto pela chamada Muralha do Meio do Mundo, e ali ocorrem muitos sítios arqueológicos com milhares de inscrições.  Destes, o mais imponente é a Itacoatiara do Ingá, ou simplesmente Pedra do Ingá, no município de Ingá do Bacamarte, que já tive oportunidade de visitar em três ocasiões distintas.
Cabaceiras também  é conhecida pela Festa do Bode-Rei, em junho, quando as comemorações da Festa de São João, a mais popular do sertão nordestino, tomam conta da pequena cidade.
O Hotel Fazenda Pai Mateus, onde fiquei hospedado, é simples mas muito agradável, com vários chalés individuais, todos com vistas para um jardim bem sertanejo, muitas árvores e cactáceas, bandos de pássaros voando entre elas, um atendimento muito simpático, comida caseira e regional excelente, enfim, uma típica fazenda nordestina nos Cariris.
Além de agradável e curioso, esse passeio tem opções para todas as idades e gostos.  Você tanto pode ficar o dia inteiro simplesmente sem fazer nada, na sua rede, somente ouvindo os canários, galos-de- campina e casacas-de-couro fazendo dueto com os bodes, gansos e galinhas d’angola da fazenda, como pode andar por trilhas e mais trilhas com os guias locais, subindo e descendo lajedos, fotografando a belíssima flora local (predominância de cactos os mais diversos, como a coroa de frade, xique-xique, macambira, mandacarus, algarobas e árvores maiores como aroeiras e juazeiros).