domingo, 23 de janeiro de 2011

PANTANAL NORTE - MT



Entramos no Pantanal pela cidade de Poconé e ficamos hospedados num Hotel Fazenda às margens do Rio Pixaim, um dos importantes rios de lá.
A quantidade e diversidade de aves ali, impressiona o mais experiente viajante do planeta. Diga-se, aliás, que a proporção de estrangeiros (pelo menos quando estivemos por lá) em relação a brasileiros é algo em torno de 80 contra 20%.  Convivemos por uns dias com japoneses, suecos, argentinos, americanos e holandeses em muito maior quantidade do que brasileiros,  quase todos paulistas e paranaenses.
O Pantanal faz a alegria de qualquer fotógrafo ou cinegrafista.  Um passeio de “voadora” pelo Rio Pixaim, suas ilhas e ninhais às suas margens é de uma beleza deslumbrante.  Passei dois dias explorando o rio para baixo e para cima. Mas, por que fiz esse percurso por duas vezes?
Não gosto de lembrar o motivo, mas foi bem interessante. Nós ficamos um dia inteiro nesse primeiro passeio pelo rio, fotografando e filmando tudo, admirando jacarés, bandos de pássaros de todas as espécies, garças, biguás, colhereiros, cabeças-secas, socós e principalmente os majestosos tuiuiús,  cardumes de peixes dos mais variados, como pintados, piranhas, pacus, piraputangas e também répteis como as iguanas, as sucuris imensas, roedores como capivaras, bandos delas, pacas, enfim, uma verdadeira arca-de-noé em movimento constante pelos rios e por suas margens,  pelos campos secos das fazenda locais e até pelo leito da rodovia mais incrível que já conheci: a Trans-Pantaneira, com suas pontes de madeira em ruínas, onde cada travessia das camionetes 4x4 da Anaconda Turismo era uma mini-aventura.  Bom, dizia eu que depois de um dia inteiro somente passeando pelo rio, voltei ao Hotel à tardinha e como sempre, fui conferir os vídeos feitos. Isso porque, naquele tempo ainda não havia como conferir as fotos que ainda eram feitas pela minha Zenith pesadona, mas que tinha lentes incríveis.  A facilidade das máquinas digitais ainda não existia e a gente ficava esperando revelar os filmes, quando chegasse da viagem, para conferir a qualidade das fotografias.  Quando comecei a rodar o primeiro cartucho de vídeo-cassete, meu estômago gelou.  Não havia uma única imagem do início ao fim do cartucho.. somente chuvisco, ruído acinzentado, eu distinguia no visor da câmera.  As cabeças de gravação, por alguma razão, sujaram e eu perdi todo o trabalho, principalmente as imagens que eu tanto ansiara fazer.
Passei uma fita de limpeza, testei mil vezes um cartucho novo e fui dormir preocupado. No dia seguinte, bem cedo, logo após o café, contratei um “piloteiro”, o primeiro que apareceu pelo hotel, entramos na “voadora” e fizemos de novo todo o percurso, rio acima e rio abaixo, cascavilhando paisagens e tirando o sossego de cada animal que acordava para um novo dia.
Até os jacarés devem ter ficado impressionados com minha vontade de registrar tudo aquilo. Mas registrei...
E, naquela tarde-noite, voltei para Cuiabá para pegar o vôo de volta ao Recife, cansado mas feliz por ter recuperado minhas férias pantaneiras.

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