A chaminé, ou bueiro, da Tacaruna |
Um tópico, duas historinhas.
Entre o Recife e Olinda, na Estrada de Salgadinho, existiu outrora uma grande fábrica de tecidos e cobertores. Muito antes disso, a fábrica foi uma Usina de Açúcar, que chegou a pertencer ao lendário Delmiro Gouveia.
Fechada pela crise, passou quase 30 anos inativa, voltando, em 1924, como industria têxtil e finalmente de cobertores populares. Encontra-se hoje desativada, em vias de ser transformada num grande centro cultural, ou ter destinação comercial.
1. A POEIRA DA ASMA
Pois bem. Lá pelos idos de 1950, quando eu ainda morava em Olinda, passei muita vezes por ali e -de ônibus ou no jipe do meu pai- todos nós crianças tínhamos o hábito disseminado na época de tapar o nariz e a boca ao cruzarmos a vizinhança da fábrica, com sua enorme chaminé (que aqui também chamamos de bueiro) listrada em preto e branco dominando a paisagem plana de areal e vegetação.
Dizia-se que a poeira do algodão e da lã dos cobertores provocava crises de asma. Eu, que já era asmático de nascença, ficava mais temeroso ainda.
Puro folclore, lenda urbana, mas em que muitos acreditavam.
2. O BUEIRO DA TACARUNA
Já passado da adolescência, que naquela época findava mesmo aos 18, não aos 40, como hoje, nessa moda esdrúxula de "filhos-cangurus", eu ouvi e repassei dezenas de vezes uma piada que até hoje considero engraçada, embora bobinha para os padrões da nossa época.
Uma velhinha, muito compenetrada, com vestido de seda preta atacado até o pescoço, onde pousa um camafeu, vai sentada no banco do bonde Recife-Olinda, ao lado de um moço, talvez escriturário ou bancário, bem trajado, mas que, distraído ou apressado, deixara aberta a braguilha da calça.
Seguia a anciã admirando a paisagem do lado direito (a Tacaruna ficava no lado oposto) das praias do Istmo, quando o rapaz nota que a sua braguilha está aberta e, todo enrolado, tenta desviar a atenção da senhora para o outro lado, a fim de fechar os botões da calça. Vale lembrar que calças com braguilha de botões são contemporâneas dos bondes...
Pergunta, então, o moço, com muito respeito:
- Madame, a senhora já viu o bueiro da Tacaruna ?
A velhinha, dedo em riste, sobrinha pronta para um combate, ameaça com toda a raiva do mundo:
- Não vi,. não quero ver, e se botar pra fora eu meto-lhe a sombrinha !!!!