terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

MEMÓRIA DO BLOG - AS MAIS LIDAS, POR ASSUNTO (6)

Fico feliz por ter feito algumas músicas que de certa forma tiveram seu público. Tive uma atividade bastante prazerosa como compositor e cantor. Meu público sempre foi muito modesto: família e amigos, eventualmente também ouvintes da Rádio Universitária, a única, que eu saiba, que já tocou minhas canções.  Afora, por motivos óbvios, uma Rádio FM ( Pacoland, 101.3 MZ, do Recife) porque lá eu tinha dois programas, que produzia e apresentava (Pernambuco Musical e Pop 60).  Então, ao lado de artistas de sucesso, eu também às vezes divulgava meu trabalho.  Mas, durou pouco, apenas 6 meses.  Então, surpreendi-me por ter, aqui no blog, um post sobre música que alcançou 853 acessos até hoje. "Travesseiro de Macela" é o nome desse xote, que fala sobre lembranças de um adolescente e das suas vivências interioranas, no Agreste pernambucano.  E a postagem foi esta, no dia 31 de outubro de 2011.

TRAVESSEIRO DE MACELA

Flores de macela
Vou começar este texto de hoje dando uma de botânico.
Assim, transcrevo a definição científica dessa planta cujas flores ilustram o post:
A Achyrocline Satureioides, da família asteracea, vulgarmente conhecida como macela ou marcela e por eloyatei-caá em Tupi-guarani.
As flores da macela costumam ser usadas pela população como estofo de travesseiros para os bebês, por se acreditar que tenha efeitos calmantes.
De fato, lembro bem de quando era pequeno de observar que minha mãe fazia uso, para acalmar o sono dos meus irmãos ainda bebês, de um travesseirinho pequeno e muito cheiroso.
Como fui asmático até os dez anos, ou um pouco mais, acho que usei bastante esse artifício, porque as recordações me acompanharam por muitos anos.
Então, uns anos atrás, bateu uma saudade inexplicada das férias que eu passava no interior, observando a vida simples do povo do campo e tentando ser e pensar como um nativo.
Remoendo essas lembranças, achei por bem perpetuá-las num xote que chamei de “Travesseiro de Macela”. Aqui vai a letra dele:

Já faz tempo que eu não vou lá na terrinha
Pra comer mel com farinha, rapadura e munguzá
Assar um milho bem na brasa da fogueira
Dançar xote a noite inteira, ouvir o galo cantar

À tardinha, montar no meu burro velho
Prosear com “seu” Orélio, encostado na porteira
Ah que saudade eu sinto da minha terra
Ver o rio descendo a serra, tomar banho de cachoeira

Quando eu chego lá em casa é o latido
Do cachorro preferido e um cheirinho de canela
De madrugada o travesseiro de macela
Vai saber que eu estou chorando, morto de saudade dela

Saudade dela, ai, ai, saudade dela ai, ai
Eu estou roendo é morto de saudade dela...

Gravei a música, que consta do repertório do cd “Eu sou assim”, juntando composições que fiz para os meus familiares: pai, mãe, avó, madrinha, esposa, filhos.
Aos poucos vou trazendo essas lembranças aqui para o nosso espaço.

Aqui o link para a música


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