sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

SAUDADE DE OLINDA

Capela de S.José dos Pescadores
Sempre que vou a Olinda, bate uma saudade da infância. Morei lá por dois anos. A casa não existe mais, hoje é mar.  Uma grande ressaca em 1951 e o avanço constante do mar naquela área destruíram toda essa parte da orla.
Meu pai havia alugado uma casa à beira-mar, na então Avenida Getúlio Vargas, no trecho próximo à capelinha de São José dos Pescadores, que fica de frente para a Rua do Sol.  Entrando à esquerda do oitão da capela, a quarta casa da rua era a nossa.  Terreno grande, como os das cerca de dez casas desse quarteirão.  
A praça Dantas Barreto
Na esquina havia um "Balneário" com bar. Era ali que os banhistas de fim-de-semana tomavam banho de água doce e trocavam de roupa para pegar o ônibus ou o bonde de volta para o Recife. Da rua do Balneário, avistava-se a Pracinha em que Dedé, minha madrinha levava a mim e aos meus irmãos, para brincar à tarde. Uma rua que sai da Praça sobe a ladeira lateral do Seminário de São Francisco, ladeada de coqueiros .
Casa da Rua do Sol, provável endereço do
Instituto Santo Elói, minha primeira escola
Na Rua do Sol ficava a minha primeira Escola, onde cheguei a fazer o Jardim da Infância durante um ano: o Instituto Santo Elói.   Uma casa grande, com janela arredondada.  Não tenho certeza se era exatamente essa da fotografia, mas se não for, era geminada com ela. Havia umas seis casas assim, uma espécie de vila, todas iguais, na minha época. Mas as cores, recordo bem, eram essas amarelo ocre nas paredes e vermelho escuro nas portas e janelas. 
A casa do Papa-Figo e o Fortim do Queijo
Mais adiante, quase na Praça do Carmo, havia um casarão antigo com muitas janelas, sempre fechadas.
A casa tinha um porão cheio de grades que ficava ao nível da calçada e ainda hoje está exatamente igual há 62 anos atrás como, de resto todos esses imóveis das fotos.  Eu morria de medo de passar por ali.  Diziam que no porão do casarão morava um "papa-figo".

Um pouco depois, o Fortim do Queijo mirando o mar azul da Marim dos Caetés, hoje restaurado, exibe a rusticidade das fortificaçõescoloniais portuguesas.
Teria muito a dizer de Olinda dos 
meus tempos de menino, mas fico aqui  remoendo as lembranças da minha vizinhança mais próxima.
E para ilustrar musicalmente tudo isso, deixo para vocês uma imagem sonora das minhas lembranças carnavalescas da velha cidade.  O nome da marcha-de-bloco não poderia ser outro: Saudade de Olinda, ora pois !


ESTE POST É UMA HOMENAGEM AO MEU PAI FREDERICO MONTEIRO DA CRUZ QUE HOJE FARIA 96 ANOS.  ELE SE EMOCIONAVA ÀS LÁGRIMAS QUANDO EU TOCAVA E CANTAVA PARA ELE ESTA MARCHINHA.








16 comentários:

  1. Bom dia,querido amigo Fred!1
    Saúde e paz.
    Feliz 2013!!
    Que boa recordação... só vivemos as memórias.
    Saudades do amigo,estou me organizando para em Palmares em março mês de meu aniversário dia 13.
    Abraço ao amigo e obrigado por tudo.

    ResponderExcluir
  2. Bela crônica, Fred. Lembrar da infância é sempre bom. E do pai, ainda melhor. Tio Fred era amoroso e forte, eu lembro dele de braços e peito forte.

    ResponderExcluir
  3. Prezado Fred:
    Você é um bom filho, além de ser dotado de outras bondades. Seu pai deve estar vendo seu auê por essas bandas. Grande abraço, OC

    ResponderExcluir
  4. Anônimo palmarense: abraço forte e que tenha um excelente aniversário ! Primos José Leão e Otamar: relembrar Paizinho é uma constante para mim. Ele foi minha bússola e meu exemplo e ainda é, porque o que morre é a carne. O espírito e a obra do Homem que ele foi permanecem nos seus filhos e no amor indestrutível que temos por um pai exemplar Muito obriogado pelos comentários sempre generosos primos. E, Zezinho, amanhã temos uma longa caminhada pela frente. Vou levar os cordéis pra vc curtir depois. Otamar, manda teu endereço pelo meu email fredcruz@gmail.com pra que eu póssa te mandar uns cordéis meus recentes. Abração !!

    ResponderExcluir
  5. Ferd, meu caro, se você me perguntar do que mais tenho saudade de Olinda, eu lhe direi, DE TUDO! Eu também tive amigos na Av. Getúlio Vargas e participei de muitos "Luaus", cantando sentada nas pedras da orla. Por várias vezes, consegui entrar no Farol e ver o lindo panorama que se desenha lá de cima. E Rio Doce, Janga e Pau Amarelo? E a Ribeira, seus bares com batidinhas de frutas coloridas?
    Até o velho cinema, com cara de "Cinema Paradiso"...
    Fico por aqui. Chorar faz bem, mas, em excesso, desidrata.
    Um grande abraço e tomarei a liberdade de passar vez por outra aqui por esta maravilha de Página. Um grande abraço de Zulma, para você.

    ResponderExcluir
  6. Alô Zulma, querida.. No dizer de Carlos Pena Filho, "Olinda é só para os olhos, Não se apalpa, é só desejo. Ninguém diz: é lá que eu moro. Diz somente: é lá que eu vejo." Na retina que o espírito também deve ter, essas imagens nunca se apagaram nem se apagarão. A beira-mar de Olinda nos anos 50 era bem mais bela que a de Boa Viagem de hoje, com pequenas piscinas de águas transparentes, uma faixa de areia branca e fininha, coqueiros e outras árvores. Um paraíso que tive a oportunidade de curtir e amar. Lá de cima, a vista era de fazer cair o queixo de qualquer Duarte Coelho que ainda ousasse aparecer por aqui até hoje. A torres das igrejas, o farol, a caixa d'água, o casario e as ruas das ladeiras ensolaradas e cheias de plantas.. Ah ! Olinda, como não ter amar eternamente linda ?

    ResponderExcluir
  7. Ied hoje escutei varias vêzes as músicas preferidas de papai ,as suas músicas...Uma saudade doce,uma saudade de quem ama e não esquece,uma saudade de quem tem orgulho de ter tido um pai exemplar. Beijos carinhosos para você e todos os nossos irmãos Aninha

    ResponderExcluir
  8. Ied Barra do Dia hoje tocou o dia inteiro, ajudou a curtir a saudade imensa do meu anjo adorado.
    Nosso pai espalhou luz por onde passou,trouxe paz,alegria e uma força no olhar que iluminava a todos.
    No céu pessoas como ELE recebem o nome de ANJOS! Aqui na terra com certeza chama-se SR.FRED, nosso adorado PAIZÃO!
    Sua benção meu PAI,TE AMO MUITO!!!!!!!!!!!
    E a vc meu irmão querido ,mais uma vez obg. por nos trazer tantas recordações divinas e por esse espaço onde podemos declarar todo nosso amor a essa maravilhosa família. Bjs, Ruth

    ResponderExcluir
  9. Aninha e Ruth: Cada dia que passa nós sentimos maior a importância de Paizinho e Mãezinha nas nossas vidas. Os exemplos que nos deram (e ainda nos dão, diariamente, como a gente está provando agora) de amor e de união, permanecerão para sempre em nossos corações. Beijos, manas queridas !

    ResponderExcluir
  10. Fred, na ladeira de São Francisco, ainda tem a casa que, segundo Tia Mary, vovô Casimiro nasceu. Lembrei muito de tio Fred ontem. Não dá pra esquecer pois Valquiria nasceu no mesmo dia que ele. beijos primo.
    Maria Nair

    ResponderExcluir
  11. Oi Nairzinha ! Vc também deve ter um bocado de saudade de Olinda, né prima? E do amor que Tio Mauro (PY7AUR-uma liderança entre os radioamadores de Pernambuco) tinha por esta bela cidade. Obrigado pela presença sempre carinhosa !

    ResponderExcluir
  12. Maestro Fred Monteiro: mermão eu sou um gonorante nessa coisa de informática. Tomém num mi preocupo nim aprendê. Tô mucho sastifeito cum o que já aprendi e num me rependo. Entonces, isso é prumode lhe dizê qui num consigo programá o áudio dessas músicas. Num consigo iscutá som de vídeo nenhum. Meu computadô certamente tem o programa, mais eu num sei baxá.
    Vosmicê lembrou bem de Olindia. Eu tomém me alembro de Pacajus, mas nunquinha fui lá. Eu apenas magino cuma seja. Ou cuma eu queria que fosse. Nasci em 1943, no povoado Queimadas, que ficava entre a sede do Município, Pacajus, e Fortaleza. Pra resolvê nossos assuntos, preferíamos Fortaleza. Assim, nunca estive nim Pacajus, terra adindonde nasci. Mas, eu sinto uma sardade inorme, cuma se conhecesse o lugá. Belas fotos, belas lembranças. Nóis tá ficano veím, veím. Né não?

    ResponderExcluir
  13. MAestro Zé Ramu, meu véi.. Tu é o malhó contador de causo que o Ceará criou-lo ! E além de nóis tê saudade dos lugá qui ficô no passado, nóis também tem saudade das fala dos matuto desses lugá. Isso é bom purque tu nunca bota teu jamegão imbáxo das mensage, mai eu te cunheço, mode esse NÉ NÃO? QUI JÁ VIRÔ MÁICA REZISTRADA. nÉ NÃO ? Abração, mô véi !

    ResponderExcluir
  14. Que bela crônica. Em tua amorosa descrição, parece-me andar pelas ruas, parando, de vez em quando para observar um detalhe arquitetônico, uma árvore, algum de seus moradores. Bonita homenagem a teu pai
    abraço
    maria-maria

    ResponderExcluir
  15. Acertou em cheio, Maria ! Até parece que andou lendo meus pensamentos. Mas, Olinda é assim mesmo. Impossível passar por lá sem ter vontade de parar o carro, sair andando e fotografando tudo, sentar num banco de praça e ficar ouvindo a passarada cantar e a onda quebrar na areia. Abraço fraterno !

    ResponderExcluir