domingo, 27 de abril de 2014

SEMANA DO CHORO NO RECIFE - BETO DO BANDOLIM

Durante a semana que ora finda foi comemorado o Dia Nacional do Choro, na quarta-feira, 23.

Aqui no Recife, onde o movimento dos "chorões" é intenso, tivemos uma programação bastante diversificada, com nossos grandes instrumentistas e compositores deste gênero maravilhoso.

Beto do Bandolim, Marco César, Bozó, grupos como Choro Miúdo, com João Paulo Albertim, Saracotia, com Rafael Marques, Márcio Silva e Rodrigo Samico, e tantos outros excelentes conjuntos e instrumentistas que seria enfadonho enumerar, animaram as tardes e noites recifenses e até hoje, quando a Semana se encerra, muito choro ainda vai rolar.

Na sexta feira 25, participei de uma noitada inesquecível, no Bar e Restaurante Retalhos, na esquina da Rua da Aurora com a Rua do Lima, de frente para o Rio Capibaribe.  Uma noite sem luar, mas com um brilho especial do Conjunto de Beto do Bandolim e a cantora Sonia Aguiar.

Com a casa cheia e mesas nas calçadas, como sempre, o choro reinou, desde as 9 da noite até a madrugada.

Trago aqui uma música de autoria de Beto e Rossini Ferreira, cujo título dá nome ao CD que tive a honra de gravar no FStudio, anos atrás.  Inspirações, um choro lindo, que Beto executa com emoção e sentimento.  

Confiram no vídeo abaixo, especialmente gravado para o Blog Sete Instrumentos, a pedido do meu filho Fred, que lá dos Estados Unidos, onde mora há 9 anos, chora no seu inseparável bandolim a saudade dos amigos chorões do Recife.

Agradeço a Beto, ao seu irmão Alberto (violão de 7 cordas) e aos demais componentes do Conjunto, a gentileza da autorização para gravá-los.  Vocês podem ouvir mais coisas do choro aqui:
aqui:  e também aqui: Boa audição!








sexta-feira, 25 de abril de 2014

A CORDELARIA MONTEIRO HOMENAGEIA OS POETAS DA BESTA FUBANA


Nessa mania de fazer cordel, surgida há uns dois anos, já produzi algumas centenas de estrofes de toda ordem (quadras, sextilhas, setilhas, décimas, martelos) em comentários e pelejas virtuais no Jornal da Besta Fubana, onde assino coluna. 

Motivos os mais diversos podem resultar em pelejas animadas em que os poetas se digladiam por horas e até dias, pela WEB, resultando disso folhetos muito interessantes, alguns dos quais já publiquei aqui.

Parte deste, cuja capa encima esta matéria, vou trazer hoje para vocês, por um motivo especial: quero aqui fazer uma homenagem aos meus amigos poetas daquele Blog, sem os quais eu não teria entrado nessa vertente artístico/literária que é a poesia de cordel.

Como vocês vêem a capa não tem a ver com a homenagem que acabo de mencionar. E tem...
Pois foram os versos de uma animada peleja, começada para glosar um mote do Escritor e Editor do JBF, Luiz Berto, que me fizeram ser escolhido como um dos cinco colocados num concurso interno de glosas, o que nos divertiu bastante. O mote também se prestava a muita chacota: "Tua mãe morre e não acha/ outro macho que nem eu" !  A ilustração também é da minha autoria, pois meto-me a imitador de desenhista e assim vou matando a vontade de ser artista.

Através da minha fictícia (mas eficiente) Cordelaria Monteiro, que já editou 32 títulos e tem muitos outros na fila de edição, tenho registrado essas brincadeiras para distribui-las com amigos e admiradores da poesia de cordel.  Divirtam-se com o texto:

Apresentação:

AOS MEUS AMIGOS POETAS DO JBF

Faço aqui uma homenagem aos colegas de Jornal que sempre estão postando poemas, folhetos, comentários em verso, como também provocando, com seus ricos motes, diversas e boas pelejas entre a poetada que frequenta o Jornal da Besta Fubana, esta fronteira da boa poesia nordestina e brasileira.   Fred Monteiro


1.
Ismael, Filó, Dalinha
Jessier e Dom Capeta
Xico Bizerra é porreta
Itaerço anda na linha
Claude Bloc é a rainha
Do Crato tão festejado
Nesse blog consagrado
Que tem Gregório e Crisanto
E Alamir, lá no seu canto
Fazendo verso rimado

2.
Hélio, Jefferson, Nonato
Hardy Guedes e Aristeu
Tem gente que apareceu
E depois sumiu, no ato
Com medo que o carrapato
do poema de cordel
grudasse no seu chapéu
Pois eu não faço questão
Cutuco meu violão
E aí é sopa no mel

3.
Só uma coisa desafina
Nesse papo de poeta
é quando vira uma meta
é quando vira uma sina
brigar por coisa mofina
apelar pra grosseria
insistir na hipocrisia
de defender aloprado
falando papo furado
pra defender utopia

4.
Tem poeta que sumiu
por conta dessa pendenga
de toda essa lenga-lenga
que a política pariu
e a solução não viu
Pois eu digo com certeza
que as cartas estão na mesa
Pra quem quiser arengar
eu nunca mais vou entrar
nesse rio de correnteza

5.
E agora peço desculpa
se ofendi a alguém
intenção nunca se tem
não precisa sentir culpa
pois não há gênio que esculpa
a estátua da verdade
com mil faces sem maldade
e mais mil tão tenebrosas
Pois nem tudo são só rosas
Nesta nossa humanidade

FIM

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terça-feira, 15 de abril de 2014

O AMANTE DA LUA - TRIBUTO AO AMIGO CARLOS OMENA

Era assim que ele se definia.  Um amante da Lua.  De profissão, era Engenheiro-Agrônomo.  Foi colega de repartição, nos tempos em que se podia ir para as ruas e praças do Recife à noite, para observar os astros.  Omena, como eu o chamava, era um apaixonado pela Astronomia.  Das muitas conversas que tivemos sobre o assunto, aprendi muito com ele.  Fotógrafo competente, era também um poeta da luz.  Especializou-se em "escrever com a luz" (foto - grafar) a Rainha da Noite.  A Lua foi sua musa durante anos a fio.  Omena, com muita competência, realizou inúmeras exposições de suas belas fotos da Lua. Ora em Shoppings Center, para atingir o grande público, ora em Grupos de Astronomia, em escolas da rede pública, etc.  Não perdia oportunidade para divulgar a sua Rainha.

Nosso belo e misterioso satélite, mostrando orgulhoso suas crateras, montanhas e mares
(foto do autor, às 02:46 de hoje)


Certa vez, contou-me o amigo, estava ele fotografando no meio da rua, com tripé e câmera, olho no visor e alma voando livre pela noite, quando sentiu uma presença estranha ao seu lado. Um sujeito alto e forte, barba por fazer, mal-vestido e cheirando a álcool.  Perguntou o que observava o Omena com tanta atenção.  Ao que ele respondeu:  - A Lua.  Quer dar uma olhada?  O sujeito quis.  E passou longos minutos extasiado com a beleza do astro.

De repente, tirando o olho do visor da câmera, bateu delicadamente no ombro do Omena e falou:
- Olha, o senhor precisa tomar cuidado com esse seu "esporte".  Estou lhe avisando porque este bairro está ficando muito perigoso.  Eu mesmo assalto muita gente por aqui.  Vá por mim....  guarde seu equipamento e vá pra casa.  E muito obrigado por ter-me deixado ver essa beleza de lua.

Foi o que ele fez, claro...

Lembrei-me hoje de homenagear este velho amigo, por conta do meu amor às coisas do firmamento.  Fiz o Curso de Iniciação à Astronomia, dirigido por um Astrônomo e Professor sem igual: o Padre Jorge Polmann, um salesiano dedicadíssimo à Ciência, que fundou o Clube Estudantil de Astronomia ( CEA) e seu Observatório, no Colégio São João, da Várzea.

Com muito orgulho, faço parte da Turma do Cometa Halley (1985-1986), criada especialmente para comemorar a última aparição daquele astro, cujo ciclo é de 75/76 anos.  A próxima será, portanto, em 2062.  Pouca gente (e minha Avó Maria Anna foi uma dessas privilegiadas pessoas) conseguiu ver o Cometa mais de uma vez.  Ela, que faleceu com 102 anos, teve esse prazer.
Nasceu em 1896. Em 1910, ano da sua penúltima aparição, Vovó Anna contava apenas 14 anos de idade e dela, já bem velhinha, ouvi histórias incríveis sobre o astro e o pânico que ele trouxe à população da época.

As diversas "fases" da Lua , em apenas duas horas de paciente
observação.. O horário da foto está registrado nos originais, juntamente 
com as "fichas técnicas" de cada fotografia (Fotos do autor) 
Voltando ao Padre Jorge, holandês de nascimento, aqui chegado no pós-guerra...  Era conterrâneo e homônimo de outro grande Astrônomo, que aportou no Recife em 1638 para compor a caravana científica do Conde Maurício de Nassau,  e logo fundou o primeiro Observatório da América Latina.  Georg Markgraf era o seu nome.  Pioneiro dedicado, Markgraf foi um naturalista alemão, com formação em matemática, história natural, astronomia e medicina.

Pois bem... Ontem à noite fui dormir inquieto com um evento astronômico que eu já presenciei (e fotografei) algumas vezes: um eclipse total da Lua. Não canso de me entusiasmar com os eclipses. Devido à previsão de tempo nublado, preocupa-me sempre perder as fases principais do acontecimento. Mas, como disponho de um relógio mental que funciona muito bem, programei-o para me acordar às 2 ou 2 e meia da madrugada, para não perder nada. E assim (graças à minha insônia amiga) ocorreu.

Xingando as nuvens que teimavam em obstruir minha visão (hábito adquirido desde início de 1985, no CEA), fui teimosamente esperando e dando graças a Deus pelas "janelas" de céu limpo. A Lua, como sempre estava linda, cheia, brilhante, exibindo seus mares, montanhas e crateras com muito orgulho. Fiz dezenas de fotos. Aquela mania adquirida desde o advento das câmeras digitais. No final, quase que perdia a "apoteose". Um banco de nuvens imenso tomou conta do céu. E cadê vento para empurrá-lo dali? Desesperado, mas agradecido à Providência, consegui uma única foto da Lua, ainda avermelhada, mas já em processo de reversão do eclipse. Separei e trouxe aqui para vocês todas as "fases" do mesmo. E, de brinde, um "detalhe" do nosso satélite tão belo. Pela manhã, corri para os telejornais, a fim de admirar as fotos que sempre colocam no noticiário do "day after" dos eclipses. Qual o que! Só umas fotos antigas de outros eventos, inclusive fora do Brasil.

Bom.. Pelo menos, mais uma vez, consegui meus registros e curti, com prazer, essas quase três horas olhando o firmamento e me extasiando com os mistérios desse imenso Universo. E garanto que meus amigos Padre Jorge Polmann e Carlos Omena estavam lá também grudados na janela do apartamento e pedindo pra dar uma espiada no visor!

segunda-feira, 7 de abril de 2014

PREMEDITANDO O FORRÓ - IRAH CALDEIRA E UM ARRASTAPÉ QUENTE!

QUEBRANDO O BACALHAU


Irah Caldeira, musa do forró de Pernambuco

Bacalhau, o peixe, todo mundo gosta, todo mundo conhece. Mas tem outro "bacalhau" que só é conhecido por forrozeiros ( músicos em especial ).  Já sabe o que é?  Nem desconfia. não é?
Eu explico: "bacalhau" nos meios forrozeiros e forrozistas é aquele pedaço de madeira (normalmente um galhinho de goiabeira, que é flexível e aguenta rojão) com que o zabumbeiro ataca o contratempo na pele inferior da zabumba, "respondendo" à batida do "macete" na pele superior.  Sim, aquela que ninguém sabe porque todo zabumbeiro gosta de colar um "emplastro Sabiá" para abafar a batida.  Às vezes vai um pedaço de flanela velha grudado com esparadrapo formando um quadrado no centro da zabumba, que mais fica parecendo um curativo pra "pereba"  (ferida, pra quem não conhece o termo) na pobre que leva surra o dia todo, nas festas de São João, nas latadas do Sertão, onde a poeira sobe e as morenas suam um suor cheiroso de quem dança até o sol raiar, "rodando num tijolo só".
Pois foi a esse coitado de "bacalhau" que eu homenageei num arrastapé que compus algum tempo atrás.
E não é que minha musa forrozeira, a mineira mais pernambucana que já conheci na vida, Irah Caldeira, menina quente da voz linda, que parece mais uma sabiá-laranjeira, trinando as coisas bonitas que ela canta como ninguém, gostou e gravou no seu CD que está pra ser lançado ainda neste mês de abril?
O CD chama-se "Esperando por Setembro" e foi produzido por outra fera da nossa música, o Poeta e Cantador (e também Produtor Musical) Maciel Melo.  Perguntei hoje a Irah, que me mandou um mp3 da faixa se podia divulgá-la.  Com sua autorização, trago pra vocês em primeiríssima mão, essa que vai ser a faixa 3 do disco.
Pois levantem da cadeira, tomem um "mingau de cachorro", peguem o par (ou não..) e saiam forrazando por aí.  Posso garantir que, com Irah cantando, vocês vão dançar até quebrar o bacalhau!

OUÇAM AQUI E FIQUEM PARADOS, SE FOR POSSÍVEL!


quinta-feira, 3 de abril de 2014

MEMÓRIAS DO FSTUDIO - O CD DE FÁTIMA DE CASTRO

Revendo ontem uns vídeos antigos sobre nossa atividade no F Studio (que duraram exatos 18 anos) tive o grato prazer de assistir a esse vídeo que mando pra vocês.  Trata-se de um trabalho muito bacana da compositora Fátima de Castro, esposa do também compositor Bráulio de Castro.  Essa dupla de artistas é muitas e muitas vezes vencedora de Festivais de Música aqui no Recife e em outros Estados da Federação.
Experientes e competentes, têm o condão de transformar em sucesso seus trabalhos em parceria ou também individuais.
Fátima e Bráulio compuseram todo um CD de canções dirigidas ao público infantil (mas também plenamente necessárias ao público adulto), tratando de uma coisa de que o Brasil é tão carente: EDUCAÇÃO, ÉTICA, MORAL, RESPEITO AO PRÓXIMO.  Esses valores que hoje (e sempre) foram tão relegados a um segundo plano por nosso povo.
Coisas simples, fáceis de praticar, como dar bom-dia, agradecer, perdoar, jogar lixo na lixeira, etc...
Coisas simples, mas tão importantes na vida de uma sociedade.  Vida que começa na vida de cada cidadão que nasce, cresce, vive e morre dependendo dos outros.  E quase nunca dando o devido valor, o merecido respeito, a esses vagos "outros"...
Quando fomos partir para a gravação das vozes, chamou a atenção da Imprensa, em especial da Televisão (no caso a TV Globo local) essa atitude do casal de compositores.  E foi ao ar esse vídeo, que copiei à época, do telejornal local da Globo e agora trago para vocês.  Emocionem-se e divirtam-se com aquelas criaturinhas tão belas e sensíveis à boa mensagem que Fátima e Bráulio lhes trouxeram.