domingo, 27 de janeiro de 2013

UM CONCERTO A QUATRO MÃOS

Exerci na vida várias profissões.  Fui cobrador de uma Caixa de Crédito de Pesca, aos 15 anos; fui comerciário, propagandista-vendedor, bancário e músico profissional, entre os 16 e os 22 anos; fui, finalmente, arquivista-datilógrafo, advogado e procurador federal dos 23 aos 48 anos; encerrei minha carreira como músico, compositor e produtor musical este ano, depois de completar os 67.

Falei isso somente para dizer que agora, aposentado de vez de carreiras ditas "normais" estou exercendo a melhor carreira da minha vida: sou avô profissional !  Dedicado e (acho) competente avô profissional. Destes que topa qualquer parada só pra ver um neto sorrir !

Minha atual carreira começou paralela à de produtor musical e músico, há sete anos atrás, quando nasceu meu primeiro "patrão", chamado Diogo.  Aumentou neste ano de responsabilidade, com a chegada do segundo "patrão" Theo e vai crescer ainda mais em maio/junho com a chegada de mais duas "patroas": Elena e Alana.  A primeira vai nascer nos Estados Unidos, filha do meu filho mais velho e a segunda aqui mesmo, filha do caçula.

Mas isso tudo está resumido no vídeo que vem a seguir, registrando a estréia de um concertista muito esperto e dedicado.  7 meses e meio de intensos estudos na área da "trelinologia", ciência infantil que alia inventividade "trelosa" com "tecnologia" musical.

Pois é, meus caros e caras !  Curtam o mais novo fenômeno musical do Recife, o pianista Theo Vitorino, executando sua primeira e complicada composição;  Trata-se de NEBULOSIDADES, uma peça de difícil execução dedicada por ele ao seu pai, Bruno Vitorino, contrabaixista do "Nebulosa Quinteto", grupo de jazz progressivo que tem na improvisação livre (calcada numa harmonia moderna) o seu ponto forte.

Do meu ponto de vista, acho que este pianista é sério candidato ao Grammy, este ano !


quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

ODE AO BODE


Galeguinho, assessor despedido injustamente

A Coluna do Augusto Nunes, na VEJA, tem uma Seção que eu adoro ler, para desopilar o fígado e comentar. Pois, antes de começar a minha ODE AO BODE, gostaria de transcrever -por oportuna- esta jóia de humor do Mestre Augusto, no citado "Sanatório Geral":

“Ele é meu assessor há 13 anos, estava fora da empresa, realizou comigo um bom trabalho, mas ele mesmo percebeu que estava gerando distorções políticas e saiu”.      Henrique Alves, deputado federal (PMDB-RN), explicando a 22 colegas num jantar convocado pela dupla Sérgio Cabral e Eduardo Paes que a empresa Bonacci, beneficiada por repasses orçamentários pelo candidato a presidente da Câmara, não era dirigida por seu assessor Aluizio Dutra, mas pelo bode Galeguinho, único funcionário encontrado no terreno que servia de sede para a firma fantasma.


ODE AO BODE

Estava tão feliz no seu emprego
e era assim um cidadão comum,
sem nunca precisar fazer jejum,
a nada conseguia ter apego.
Porém um dia se foi o sossego
e então aconteceu um remoinho,
tirando-o daquele doce ninho.
O seu patrão foi pego em enrascada,
de tanta falcatrua e marmelada...
e a culpa foi cair no Galeguinho

Um pobre bode esguio e tão branquinho,
simpático e amado pelas cabras,
tornou-se, nessas invenções macabras,
a vítima de um caso tão mesquinho
mais um a ser jogado ao Pelourinho !
E sujo, feito um chão de mictório,
saiu como quem vai para um velório,
da porta da antiga moradia,
na qual ganhou seu pão como vigia..
Tornou-se um mero bode expiatório !

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

DE REPENTE, UMA CANTORIA

Nas minhas andanças pelo Brasil, volto sempre à minha terra natal, Maceió.

Av Tomaz Espíndola, Farol, a casa onde nasci
Toda vez que vou a Maceió, passo aí...
Atraído, quem sabe, pelo meu umbigo que ficou enterrado por lá, conforme é crença aqui na Nação Nordestina, gosto muito de rever aquelas praias de um azul único em todo o Brasil, de sentir a brisa morna das tardes alagoanas, sob o manto dos coqueiros cujo verde escuro contrasta com o céu azul intenso do verão e o verde azulado do mar e das lagoas.

Numa dessas muitas estadas por lá, passei uma manhã na Praia do Francês, no vizinho município de Marechal Deodoro.

E lá, com cara de turista, fui abordado por uma dupla de violeiros de praia, dfas muitas que atuam por ali, fazendo loas e cantando seus improvisos à cata de uma boa gorjeta.

Fazendo de conta que eu era de fora, deixei que eles cantassem à vontade.  Quando pararam para respirar, informei que, apesar de morar em Pernambuco desde ainda bebê, tinha nascido em Maceió, no bairro do Farol.

Não se deram por vencidos e mandaram mais uma dezena de estrofes em torno do tema.

Dada a gorjeta de praxe, partiram, sobre a areia quente e o sol escaldante para agraciar com seus versos mais um casal de turistas.


sábado, 19 de janeiro de 2013

DOIS ANOS NO AR. . E EU NEM ESPERAVA TANTO


No último dia 8 deste mês, o Blog completou seu segundo aniversário.
Com tantas tarefas a cumprir (aposentado também tem suas ocupações, hahaha) deixei "passar batida" a data .  
Dividindo a atenção entre família e casa, tenho que cuidar do Blog, da coluna no Jornal da Besta Fubana (Mascate das Lembranças) - bestafubana.com - da criação de cordéis, do estudo da música (músico burro sofre!) fui deixando pra depois falar sobre isso.
Mas a verdade é que estou muito feliz em chegar a esta marca. 
Nesses dois anos, atingimos até hoje, 62.000 acessos, o que não considero pouco para um blog pessoal bastante modesto, como o nosso.
Pra mim, "Sete Instrumentos" é aquela cadeira velha e confortável que a gente colocava na calçada da casa, nos bons tempos em que se podia fazer isso literalmente, quando a noite começava a cair, pra contar histórias acontecidas durante o dia, ou coisas do passado. 
Despertar esse interesse de um papo amigável com outras pessoas é coisa que faço com um prazer que beira a paixão.
Sinto que às vezes torno os assuntos uma questão pessoal, um abrir de coração, um dividir intimidades.
Não sei se isso é bom ou se vocês aprovam.  
Mas para mim isso representa a vontade de mostrar que gosto de vocês todos que passam por aqui. De verdade. Muito embora a distância e as limitações de transmitir emoção por uma telinha de computador ou de smartphone.  
Estatisticamente foram mais de 2583 acessos mensais, 86 diários.  Há blogs que cravam esse número num mísero segundo.  
Mas, quem quer saber do tempo aqui, se a intenção é apenas relaxar naquela cadeira de calçada e contar a cada amigo que passa pela rua virtual da minha casa, uma historinha boba, mostrar umas estrofes que acabei de escrever, umas fotos antigas ou novas, uma música que acabei de compor, dissertar sobre viagens, dividir umas emoções, tudo isso com o prazer de uma criança que ganhou um brinquedo novo ?! 
A única coisa que me interessa por aqui é ter sempre assunto pra conversar naquela calçada, sentindo a brisa do Tempo e olhando, da minha cadeira de conversador compulsivo, o movimento dos dias, dos meses e dos anos, bem ali, no leito da Avenida do Agora.  
Um abraço fraterno a cada um de vocês que me dão a honra desse papo diário pela vida afora.  Saúde, Alegria e Paz !

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

NUMA RODA DE CHORO... SÓ DE FERAS ! - PARTE 2


Dando sequência a uma série de clipes musicais que improvisadamente gravei numa reunião de chorões recifenses de primeira linha, trago hoje, em homenagem aos seus 50 anos de atividade musical profícua, o Mestre Henrique Annes, um dos maiores violonistas brasileiros, mudialmente consagrado.
Querido e respeitado por todos os músicos daqui e de fora, Henrique dispensa maiores comentários, motivo pelo qual deixo para vocês o som cristalino do seu violão e a maestria da sua arte. Prestem atenção, a partir dos 2:20, num coro de passarinhos que acompanha Henrique Annes, da varanda da casa do nosso amigo Adalberto Cavalcanti, o Beto do Bandolim.

sábado, 12 de janeiro de 2013

DESVENTURAS DE UM CURURU


 1.
Casquinho era um cururu
que não gostava de rima
porque embaixo ou em cima
nunca rimam com caju
esse final jururu
do nome que ele leva
E "aquela" rima lhe entreva,
o faz ficar deprimido
mas sendo um sapo contido,
esse problema releva

2.
Porém Casquinho teve sorte 
de encontrar nessa vida
de sapo, difícil lida, 
amigo a lhe dar suporte
E assim tornou-se forte,
um cururu respeitado,
bem tranquilo e alimentado
seu emprego era guardar
do dono do seu lugar
um pote bem reforçado.

3.
O pote era um tesouro
num lugar de seca só
pobrezinho de dar dó
ali nunca se viu ouro
Num tamborete de couro
o pote tinha seu trono
E de inverno a outono
o Casquinho vigiava
Inseto ali não chegava,
pois ficava em desabono

4.
Casquinho só na vigia
jogava a língua e pegava
todo inseto que passava
ali naquela coxia
O cururu lhe lambia,
a lingua nele alcançando
Mesmo o inseto voando
o Casquinho lhe jantava
e nunca se aperriava,
estava sempre almoçando

5.
Pois um dia o seu patrão,
que por João é conhecido,
"Caneiro" por apelido,
foi fazer sua devoção
Passando um dia em ação
de bebedor veterano,
bebeu mais do que o plano
quase perdeu o caminho,
chegou assim de mansinho,
com cara de desengano

6.
Foi direto para o pote,
bebeu água a mais de quilo,
mas entalou-se com um grilo,
que na boca deu pinote
Pois  João pegou um barrote
de aroeira, bem pesado,
vingou-se no seu criado
gritando:  " Feladaputa,
você não tá na labuta
e eu lhe trato bem tratado ?"

7.
"Cururu cabra safado
você passa a pão de ló
e aqui me engana só
sem cumprir o seu riscado
de pegar bicho avuado
que no pote queira entrar ?
Pois você vai apanhar
uma surra de cacete
é agora que o porrete
no seu lombo vai cantar"

8.
Era o cururu pulando
e o João batendo o pau
com uma cara de mau
que o sangue foi jorrando
e o sapo escorraçando
de casa botou pra fora
Casquinho sem mais demora
foi jogado no terreiro
e o cururu sem berreiro
foi se finando na hora

9.
De manhã João saiu
procura o sapo e não vê
começa a se arrepender
vendo que o sapo sumiu
disse: "putaquipariu !
será que matei meu sapo?
eu tou me sentindo um trapo
homem desqualificado"
todo desmoralizado,
foi ao pé de jenipapo

10.
Lá na árvore frondosa
um cururu estirado,
por formigas devorado,
junto à moita de babosa
Criatura tão bondosa
que outrora lhe serviu..
João de joelhos caiu
pediu perdão ao amigo:
"Cururu, que fiz contigo?"
e então no choro abriu !

11.
Essa história que eu contei,
deste mesmo jeito assim,
ouvi tim-tim-por-tim-tim
de um poeta que é Rei
um cearense de lei,
José de Oliveira Ramo,
escritor que eu aclamo,
que é grande jornalista
e também é colunista
do Jornal que frequentamos

12.
Sua coluna é bacana
se chama "Enxugando Gelo"
ali ele monta a pelo
a tal da Besta Fubana,
criatura soberana
que reina só pelos ares,
navegando sete mares,
com suas asas de aço,
medindo a régua e compasso
suas rimas e cantares.

Recife, 30.12.12
Fred Monteiro

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

NUMA RODA DE CHORO.. SÓ DE FERAS !

Anteontem de tarde, estava aqui em casa trabalhando nesta árdua tarefa de "ensacar fumaça", encangar grilo e estudar violoncello (esse arco de cello ainda me bota doido), quando toca o telefone.
Era o meu amigo Bozó (Ewerton Sarmento, gente da melhor espécie):

Beto do Bandolim comanda a Roda.
- Fred, estás em casa?
- Claro, Bozó.. E eu não me aposentei de novo ?  Até vendi meu Estúdio pra você, rapaz!
- Se não estiver fazendo nada, vem aqui pra casa de Beto do Bandolim que a gente vai começar uma roda aqui..

[Beto (Adalberto Cavalcanti) foi assunto de recente post aqui no Blog.]

- Beleza, Bozó.. vou consultar minha Agenda.. peraí... hmmm.. Rapaz, tou com sorte ! Nenhum compromisso pra hoje... chego já, visse ?

E cheguei mesmo.  Foi só descer o elevador, caminhar até o portão do Condomínio, seguir pela calçada, dobrar à direita, continuar pela mesma calçada, atravessar a rua (ainda não asfaltada, vento soprando, mangueiras carregadas, passarinhos cantando) e chegar lá.  Esqueci de dizer. Eu e Beto somos quase vizinhos, aqui no Poço da Panela, um pedaço de Natureza encravado à beira do Capibaribe, que corre manso, bem pertinho dali.

Cheguei.  Surpresa !!  Beto e Bozó trouxeram pra pandeirar no choro, o nosso amigo João Araújo, Físico, poeta e pandeirista, chorão das antigas, embora tenha a mesma idade do meu filho mais velho.  Aliás, tocaram juntos, Fred Filho no bandolim, no tempo de estudantes da UFPE.  Gente fina demais.. vive atualmente na Alemanha.

Começamos os trabalhos.  Muita conversa, muito abraço, uma cerveja gelada e tome choro !  Daí a pouco chegou o Mestre Henrique Annes, meio século de violão pernambucano de nível mundial, recentemente comemorado no Teatro de Santa Izabel.  Pronto, a roda estava completa.  E Beto começou com um choro de Henrique (Angelical, dedicado à sua esposa Angélica)..

E daí pra frente foi choro até a noite chegar. Confiram no vídeo e depois me digam se eu não sou um cara de sorte, por ter amigos músicos deste nível.  E ser vizinho do Beto do Bandolim...  Vem muito mais por ai, dessa roda e de outras que combinamos fazer.  Aqui pertinho, ouvindo os passarinhos, o bandolim de Beto, o violão de 7 cordas de Bozó, o violão de Henrique Annes e o pandeiro de João, enquanto ele estiver no Recife.


segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

SEMPRE JUNTOS, MEU PAI !

Faz três anos que perdi o meu melhor Amigo.
O meu mais justo Conselheiro.
O meu Guia e meu Exemplo de Vida.
Seu nome, que originou o meu, como ele me originou, é Frederico.
Não, não morreu.
Retiro o que disse aí em cima: eu não o perdi.
Ele está sempre comigo, no meu coração e na minha alma.
Nos meus sonhos e nas minhas tarefas do dia-a-dia.  
Paizinho, você jamais morrerá.
Estaremos sempre juntos, meu Velho.
Neste ano e em todos os anos que virão.
Para o que der e vier.
Muito obrigado por ser seu filho.
Eu nem merecia tanto.