(Sobre uma dúvida que não deveria ter existido.)
Transmissores da Rádio Jornal, em Casa Forte, 1949 |
Mantenho uma coluna no Jornal da Besta Fubana, um dos melhores espaços culturais da internet brasileira, que cresce a cada dia, em virtude da liderança do seu mantenedor, o Jornalista e Escritor palmarense Luiz Berto. Chama-se "Mascate das Lembranças" e lá publico matérias do meu Blog "Sete Instrumentos".
Sala do do prédio dos transmissores, com o famoso "slogan" |
Costumo também fazer comentários nas postagens do JBF. Ontem, tendo comentado uma excelente postagem da poetisa cearense Dalinha Catunda, na sua coluna "Eu Acho é Pouco", do mesmo jornal virtual, fui surpeendido com um comentário de um (ou uma.. a gente nunca sabe o que está atrás de codinomes) tal Passiflora que afirmava, entre outras coisas que não tinham muito a ver com o poema ilustrado com uma foto, da Dalinha Catunda, que o slogan "Pernambuco Falando para o Mundo" era criação da Rádio Tamandaré.
Retruquei de pronto, porque tendo conhecido de perto a nossa mais querida emissora, a Rádio Jornal do Commércio (nos anos 60 meu conjunto "Os Tártaros" apresentou-se com frequência no seu magnífico Auditório, no prédio da Rua do Imperador.)
Palco/auditório da RJC, na Rua do Imperador, Recife, 1949 |
Aos que quiserem mais detalhes da história da Rádio Jornal (como era popularmente conhecida)
recomendo uma visita à Wikipedia (link abaixo).
(http://pt.wikipedia.org/wiki/R%C3%A1dio_Jornal#E_Pernambuco_fala_para_o_Mundo... )
ou -ainda melhor, ao site da Rádio Jornal, em especial, aqui:
http://www2.uol.com.br/JC/radio/memoria.htm .
As fotos publicadas no site da RJC foram extraídas de um livreto comemorativo à fundação da emissora. Tenho um exemplar dele, que me foi oferecido pelo amigo cantor do "cast" daquela Rádio e da TV Jornal do Commércio, Canal 2, o Joaquim Gonçalves. Aliás, àquela época, o meu grupo musical atuava tanto na TV, como na Rádio.
Caminhão de externas da RJC, um luxo único no Brasil da época |
A força deste slogan deve-se à minuciosa (e milionária) montagem da emissora pelo seu proprietário, F. Pessoa de Queiroz, que importou o que havia de mais moderno da Inglaterra, para montá-la, ao nível de uma emissora internacional, mesmo. Transcorriam os anos 40/50, quando o rádio teve a sua chamada Era de Ouro, em todo o mundo, e a televisão ensaiava ainda seus primeiros passos.
Quem fez a supervisão/manutenção da emissora foi a Dra Janet Swaton que,com seu sotaque britânico falou pela primeira vez "Pernambuco speaking to the world', enquanto apresentava o programa 'Brazil Calling', para um público a milhas de distância." (do site do RJC.)
Aliás, o requinte da Rádio Jornal era surpreendente, tanto nos seus transmissores, no meu querido bairro de Casa Forte, quanto na sede da Rua do Imperador, onde havia até mesmo um Salão na cobertura, onde tocamos várias vezes também -a Boate Rosa Amarela- frequentada por artistas que se apresentavam na TV Jornal, os mais famosos do Brasil e também de outros países do mundo.
O salão (depois Boate Rosa Amarela) no prédio do RJC |
Ainda do site da Rádio Jornal, transcrevo, para ilustrar o nível da sua programação:
"Orquestras de todo o Brasil passaram a disputar espaço para apresentação na emissora. Um convidado ilustre, o maestro Villa-Lobos, mostrou o seu trabalho seguido da orquestra Tommy Dorsey, que executava peças de fox-trote e blues."
Outra lembrança muito querida que eu tenho dessa época em que atuei na Rádio e na TV Jornal, foi ter tocado num espetacular Órgão Hammond que foi trazido para a inauguração da TV e era quase que de uso exclusivo do famoso Sivuca. Quem é do ramo, sabe o valor sonoro desse instrumento.
Por outro lado, e quanto à Rádio Tamandaré, que foi a terceira emissora fundada no Estado, 3 anos depois, em 1951, seu slogan era "Música somente música" depois mudado para "Tamandaré: maximúsica."
Hoje é uma emissora evangélica, sediada em Olinda, e tem por slogan: "Rádio Tamandaré: 100% Jesus", com pastores se revezando em pregações evangélicas e música também evangélica (ou gospel, como queiram).
Floriza Rossi, Nelson e Joaquim Gonçalves, no Programa "Você Faz o Show" comandado por Fernando Castelão. |
O ídolo, Nelson Gonçalves, acompanha o seu fã e seguidor Joaquim Gonçalves, excelente cantor pernambucano de Bom Jardim |
As fotos aqui apresentadas foram escaneadas do livreto acima falado. Inclui ainda uma foto de uma das muitas apresentações do Joaquim Gonçalves, na TV Canal 2, com o cantor Nelson Gonçalves, pasmem, lhe acompanhando ao violão.
Acho que fica esclarecida aqui a dúvida (que não deveria ter existido, caso o autor/autora do comentário houvesse pesquisado um pouco mais sobre esse famoso slogan.)
Você tem razão.
ResponderExcluirEm 1956, quando a Força Expedicionária Brasileira se fez presente no patrulhamento do Canal de Suez, o Rádio Jornal do Commercio foi a única emissora brasileira de radiodifusão a ser sintonizada pelos nossos pracinhas. Graças a potência dos seus transmissores de ondas curtas a programação da rádio pernambucana era captada com regularidade, fazendo jus ao seu prefixo: "PERNAMBUCO FALANDO PARA O MUNDO etc..." - Leonardo Dantas Silva; leodantassilva@uol.com.br
Grande Mestre Leonardo ! Um prazer e uma honra ler seu comentário. Realmente, a Rádio e TV Jornal foram nossas grandes referências em comunicação. Pena que a "globalização" do rádio e tv tenho lhe tirado o brilho. Toquei também com meu conjunto nos auditórios das Rádios Difusoras de Limoeiro, Pesqueira e Caruaru. O Sistema F Pessoa de Queiroz era um exemplo de qualidade e organização. Saudades desse tempo!
ExcluirPARABÉNS, FRED! ESSE MARAVILHOSO IMPÉRIO COMEÇOU EM 1919, COM A FUNDAÇÃO DO “JORNAL DO COMMERCIO”, UM DOS MAIS IMPORTANTES PERIÓDICOS BRASILEIROS DE TODOS OS TEMPOS, DOS MAIS LIDOS E CREDITADOS ATÉ HOJE, 93 ANOS DEPOIS, E O VESPERTINO “DIÁRIO DA NOITE”, DE 1946, TÃO VALOROSO QUANTO O ANTERIOR. NECESSÁRIO TAMBÉM FAZER-SE CIENTE QUE A BELA EDIFICAÇÃO DA “TELEVISÃO JORNAL DO COMMERCIO”, NA RUA DO LIMA, FOI A PRIMEIRA REALIZADA NA AMÉRICA DO SUL, PELO MENOS, COM CERTEZA NO BRASIL, PARA ESPECIALMENTE SERVIR-SE COMO EMISSORA DE TV, ENQUANTO AS DEMAIS UTILIZAVAM-SE DE EQUIPAMENTOS E ESPAÇOS DO RÁDIO... TUDO GRAÇAS AO MAJESTOSO SÍMBOLO DO SOM E DA IMAGEM, NASCIDO EM UMBUZEIRO, PERNAMBUCO, F. PESSOA DE QUEIROZ (ASSIM FAZIA QUESTÃO DE SER CHAMADO), EX-DEPUTADO FEDERAL E SENADOR, FALECIDO NO DIA DA INDEPENDÊNCIA, 07 DE SETEMBRO DE 1980, AOS 89 ANOS. “PERNAMBUCO SPEAKING TO THE WORLD” FOI UMA DAS MAIS APRAZÍVEIS E SOBERBAS DENOMINAÇÕES, E COMO FALOU O HISTORIADOR LEONARDO DANTAS, “GRAÇAS À POTÊNCIA DOS SEUS TRANSMISSORES DE ONDAS CURTAS”, LEVANDO-A À ESCUTA EM TODOS OS QUADRANTES DO GLOBO TERRESTE. SAMUEL VALENTE; samuelvalent@uol.com.br
ResponderExcluirAPENAS RETIFICAR, UMBUZEIRO, PB
ResponderExcluirTer no meu modesto Blog, num só post, num só dia, comentários dos que considero os dois mais competentes pesquisadores da nossa história e da nossa música é uma honra que não mereço. Muito obrigado Samuel Valente, pelo seu comentário e pelos acréscimos quanto à TV Jornal do Commércio Canal 2, minha casa musical nos anos 60, tanto quanto o Rádio Jornal. Um abraço forte e apareça sempre para iluminar nosso espaço !
ResponderExcluirApenas colaborando com a matéria do caríssimo Fred informamos ao amigo blogueiro que a Jornal do Comércio foi administrada inicialmente pelo Coronel José Pessoa de Queiroz, irmão de F. Pessoa de Queiroz, Paraibano que chegou em Pernambuco e se tornou um dos mais poderosos milionários do Brasil.Na época dono de uma das maiores usinas de açúcar do mundo conseguiu montar um império também no ramo da comunicação
ResponderExcluirFred,
ResponderExcluirOportuno e interessante relato e bem acompanhado de fotos, assim se faz e se repassa cultura.
Quanto ao comentário em minha página não o considerei. Não o considerando, não respondi. Primeiro, não sei quem é, se esconde atrás de um nome. Segundo se é agrônomo, tenho um filho que é mestre e doutor em agronomia. Inclusive nosso amigo Itaerço o conhece, pois mora em Imperatriz.
terceiro, não conhece meu trabalho, pois quem me conhece sabe que meu canto não é canto de lamento. E mais,eu particularmente, não tenho problemas com água, pois tenho bastante terras, no Ceará, como crio gado e cabritos, tenho cinco cacimbões, ou poço,uma caixa d'água imensa, um poço artesiano, um açude, um rio, que não é perene e uma picina para me refrescar e nem por isso posso evitar a mudança de paisagem na caatinga.
Então, tive vontade de frescar com a cara dele, mas achei que ele não merece mais que meu silêncio.
Eu aceito a crítica e até gosto, mas sem conhecer meu trabalho, fica dificil.
Obrigada pela defesa.
Hahahaha.. Essa é a Dalinha que eu conheço e admiro. Realmente, a crítica é completamente infundada e despropositada. Mas me deu oportunidade de falar sobre uma instituição que eu admiro e conheci de perto e sobre seu fundador, o Senador Pessoa de Queiroz. Informação agora brilhantemente complementada também pelo meu amigo Ricardo Moura, que depois de algum tempo me deu o prazer de sua visita. Obrigado Ricardo, obrigado poeta e parceira. Tudo pela poesia e pelo lirismo que infelizmente não toca ao coração de todos !
ResponderExcluir