The Ansonia Clock Co. - New York - 1870 |
Não cheguei a conhecer meu bisavô, o cidadão português Joaquim Monteiro da Cruz, que chegou ao Recife nos idos de 1860, e que comprou um Engenho de cana em Palmares, chamado Barra do Dia. Meu avô Casimiro, nascido por volta de 1894, herdou a propriedade e lá nasceu meu pai Frederico, em 1917.
Tudo isso e o quanto mais aconteceu até hoje, foi assistido por um ancião, que agora conta quase 122 anos de idade.
Tudo isso e o quanto mais aconteceu até hoje, foi assistido por um ancião, que agora conta quase 122 anos de idade.
Seu corpo é de mogno escuro, seu coração é de bronze polido como ouro. Seu cérebro são engrenagens precisas e sua garganta emite badaladas ritmadas de meia em meia hora.
Ouço a sua voz desde que me entendo por gente.
O Ansonia Queen Elizabeth |
Ele tem nome e sobrenome: É um “Ansonia Queen Elizabeth”. Nasceu em 1890, na maior fábrica de relógios do mundo então conhecido, a Ansonia Clock Co. Veio de New York para o Recife de navio a vapor, naturalmente, como todos os seus irmãos gêmeos da mesma época. E daqui foi para o Engenho Barra do Dia, marcar o ritmo de vida dos meus ancestrais.
Um dia, início de setembro de 2003, seu coração parou, sua garganta/serpentina de aço calou.
Meu pai havia sofrido uma queda, o que lhe impediu de andar durante seis anos e meio, até sua morte aos 93 anos, em 2010.
Sem corda, o único alimento de que precisava, o relógio ficou longos 8 anos estático e mudo.
Sem corda, o único alimento de que precisava, o relógio ficou longos 8 anos estático e mudo.
Até que, mês passado, resolvi que ele deveria voltar aos seus bons dias de confiável marcador do tempo.
Levei-o a um especialista. Waldecy, é o nome dele. Um artesão das horas.
E hoje meus ouvidos se encantam quando o relógio bate novamente –solene como todo ancião- suas horas e meias-horas. Do mesmo jeito e com o mesmo som que embalou minhas noites de insônia, quando eu o ouvia, acordado, na minha cama de menino, depois rapaz e homem feito, no meio da noite ou da madrugada.
E hoje meus ouvidos se encantam quando o relógio bate novamente –solene como todo ancião- suas horas e meias-horas. Do mesmo jeito e com o mesmo som que embalou minhas noites de insônia, quando eu o ouvia, acordado, na minha cama de menino, depois rapaz e homem feito, no meio da noite ou da madrugada.
Meu amigo “Ansonia Queen Elizabeth” me foi confiado pela família. Tenho muito orgulho de ser seu guardião. E de certa forma, de guardar também as memórias de Bivô Joaquim, de Vovô Casimiro, do meu pai Frederico e de todos os irmãos.
Aqui, a entrevista com o Waldecy, que cuida de "pacientes" de todas as idades e origens. Louvado seja o Artesão das Horas que trouxe vida ao nosso relógio !
O valor das pessoas esta na intensidade com que vivem e abraçam seus projetos. Por isso existem criaturas inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis e você FRED é uma dessas pessoas!
ResponderExcluirVolto a dizer: Você é o CARA!
Dulce
Meu Deus que emoção ver essa lembrança viva de nossa vida!!!!!!!!!!!
ResponderExcluirEstá lindo Ied ,tão lindo quanto tua alma e teu espírito.
PARABÉNS, vou repetir o que Dulce falou . VOCÊ É O CARA. Bjs ,obrigada por mais esse momento de vida as lembranças dos Monteiros da Cruz. BJSSSSSSSSSSS.
QUE ORGULHO DE VC!!!!!!!!!!!!!!
Ruth
Muito bom, Tu é o CARA msm, Tio!!!
ResponderExcluirPedrinho.
É maravilhoso ver os corações dos "filhos" voltados aos seus "pais" ou, em outras palavras, os descendentes guardando ternas recordações de seus ancestrais.
ResponderExcluirSenti saudades de um relógio da casa de minha avó. Cuido que estava com uma prima, já falecida. Vou rastreá-lo. Quem sabe não virá fazer a alegria da minha casa? Parabéns pelo blog! Fernando Ramos
ResponderExcluirQUERIDO IRMÃO
ResponderExcluirO carinho,o cuidado e a dedicação que PAPAI teve junto a este relógio nos motivou a criar este vínculo tão forte, pois o tempo passou e ele seguiu cumprindo o seu papel com maestria. Ninguém melhor do que você para transportá-lo a outras geraçoes. Muito obrigada.Se Deus quiser estaremos juntos por um longo tempo ouvindo suas sonoras e inesquéciveis badaladas.Beijos Leninha
Na minha casa tinha um relógio que foi do nosso avô Casimiro. Contam que ele foi comprado quando tio Carlos nasceu. Quando meu pai se foi não consegui manter o relógio funcionando e achei que por direito deveria ser entregue a tio Carlos. Mas logo depois tio Carlos também se foi. Ivania e o caçula do nosso tio estão cuidando de uma parte da minha vida e da vida da Val. Que eles possam ter boas lembranças do nosso relógio.
ResponderExcluirÉ bem capaz, então que seja o relógio de mesa que ficava no buffet da casa dela no Cordeiro. Tinha um carrilhão belíssimo que tocava igual ao Big-Ben. E outra: ele dava os quartos de hora, as meias-horas e horas.. Eu dormi muitas vezes na casa de Dindinha e achava lindo o som daquele relógio. Ele deve estar lá tocando bem bonito.
ResponderExcluirEu lembro do relógio de mesa mas não é esse. Era um de parede mesmo. Vou procurar alguma foto em que ela apareça pra te mandar junto com a de Dedé. Preciso de scaner urgente!
ResponderExcluirMande o que tiver Nair.. restam poucas lembranças do tempo do Engenho Barra do Dia, hoje uma mera invasão de sem-terras.. Uma pena. Quanta história bonita se foi por ali!
ResponderExcluirMeu caríssimo primo Fred, ja falei do seu blog a vários parentes! A longevidade dos Monteiro da Cruz é conhecida por muitos! Graças a Deus! Minha Bisavó Maria Rita, falava muito do Barra do Dia! E minha vó Maria da Conceição ( conhecida como Lilia) também, falava com carinho especial do seu avô, Joaquim Monteiro da Cruz, que este fez questão que ela casasse na sua residencia ( Palacete da Soledade) onde hoje é umpredio da Universidade Católica. Meu tataravô foi um dos maiores patronos da Igreja da Soledade! Ele na ocasião do casamento estava paraplégico! E por isto quiz que a cerimonia fosse celebrada ali. Maria Rita ( por nos chamada de Mae Dinda, era católica fervorosa, e legou a fé a todos da familia). Minha mãe herdou os dotes culinários luso palmarense dos Monteiro da Cruz! Ela tem um restaurante chamado Pe de Serra, homenagem ao engenho Pe de Serra que era do meu outro tataravô Sebastião Alves( vulgo Bengala Santa) assim foi eternizado! Parabéns por tudo primo, se assim posso chama-lo? Meu e-mail é poggisergio@hotmail.com e wz-100@reci.diplo.de. Forte abraço Sergio
ResponderExcluirCaro primo.. A tecnologia é sempre um grande favor que o Tempo nos traz. Não fosse a internet e suas facilidades, nós não estaríamos agora a conversar virtualmente sobre os nossos ancestrais e todo o orgulho que temos da nossa família. Foi um prazer enorme saber que esse pequeno texto tocou o coração de alguns parentes distantes no espaço mas juntos e entrelaçados por este sentimento mais forte que é a FAMÍLIA. Respondi também à sua mensagem por email e juntei lá o nosso Hino. Um dobrado para Banda Sinfônica que compus chamado 'MONTEIRO DA CRUZ'. É seu também.. Grande abraço do primo Fred.
ResponderExcluir