sábado, 23 de julho de 2011

MINHAS DUAS MÃES


Quem chega no meu estúdio de gravação não pode deixar de ver este simples porta-retratos em cima da minha mesa de trabalho.  E sempre pergunta, extasiado com a  beleza dessas duas mulheres: Quem é essa criança tão linda?  Quem é esta senhora tão bela?

Eu, orgulhoso, dou sempre a mesma resposta, mesmo que já a tenha dado centenas e centenas de vezes, nos mais de 10 anos que o retrato está lá:  - São minhas mães !!  -????  Mães ?!  Mãe só tem uma.. E eu, rápido e mais orgulhoso ainda:  - Mas sou um privilegiado ! Eu tenho duas.. Minha mãe natural é a pequenininha.. Maria.. Ela teria hoje 87 anos, não tivesse voltado ano passado, para encontrar meu Pai, que também se foi.  Maria, minha mãe, estava nesta foto com dois aninhos, apenas..

Mas esta senhora que a segura nos braços, esta senhora de sóbrio semblante, olhos carinhosos e uma meiguice sem par, também é minha mãe..  Criou Maria e ajudou-a a criar todos os seus 13 filhos, o terceiro dos quais sou eu, seu afilhado.  Dedé era o seu nome.. De batismo e documentos, era Maria Josefa da Conceição.   Palmarense, como meu pai Frederico, nascida e criada no Engenho Barra do Dia..  Teria hoje seus 118 ou 120 anos, não sei bem ao certo; tinha aproximadamente a idade da minha avó Maria Anna.

Nunca vi criatura mais meiga e amorosa que Dedé.. Não me lembro, em todo o tempo que convivi com ela, de uma palavra amarga, de uma frase ríspida. Era minha madrinha de batismo e minha protetora em todas as molecagens que eu aprontava.. Defendia-me a  toda hora e escondia os meus mal-feitos.  Ensinou-me a gostar do frevo e do maracatu.. E em sua homenagem, compus um maracatu que foi vitorioso no Festival de Músicas Carnavalescas da Prefeitura, no ano 2001.   Chama-se "Estrela do Poço" e vocês podem ouví-lo no player abaixo..

Dedé era devota de Yemanjá e ao mesmo tempo muito católica nas suas devoções a Nossa Senhora da Saúde, que tem sua capela multicentenária no nosso bairro do Poço da Panela. Sonho com ela, tanto quanto sonho com Maria.  Elas devem estar trocando receitas celestiais e quando  um dia eu for encontrá-las tenho a certeza que vai ter uns bolinhos de goma maravilhosos me esperando por lá...




4 comentários:

  1. Meu pai falava com muito carinho da Dedé. Um dos álbuns dele tem uma foto dela com vocês brincando em volta. Será que você tem essa foto? Vou tentar reproduzir pra você. Beijos

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  2. oi nairzinha.. me manda, pelo amor de deus..será um tesouro pra mim..vc sabe que eu só tenho uma foto da minha infância (com um ano e meio) que me foi dada por vovó anna.. a enchente de 1975 destruiu todas as fotos da família..

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  3. Ola Sr Fred! Me chamo Sergio Gomes Poggi Aubert, sou trineto de Joaquim Monteiro da Cruz, pelo lado da irmã do Tio Casimiro que minhas tias todas falam muito! Chamavam ele de Tio Miro! Minha bisavó era Maria Rita Monteiro da Cruz, e minha vó Maria da Conceiçao, a filha dela...Tenho algumas informações de Joaquim Monteiro da Cruz! Sabia que ele tinha um navio? Chamado Azurara! Em homenagem a terra natal dele em Portugal, perto do porto...O navio naufragou no ultimo quartel do seculo XIX... e por ai vai...Forte abraço! Tinha muita vontade de conhecer o engenho barra do dia...Minha vó falava muito dele...Nasceu também em Palmares, morreu aos 95 anos em 2005 e minha bisavó Maria Rita com 107 no final da decada de 80... Forte abraço Sergio

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    1. Sérgio, meu caro amigo! Vc (permita-me a intimidade de parente)não imagina a felicidade que me proporcionou com esse contato ! Eu estou para fazer uma viagem a Portugal, ano que vem, e entre outras coisas queria muito procurar as origens da nossa família por lá. Tia Ritinha (sua bisavó) era muito querida por nós, do ramo de Frederico Monteiro da Cruz, meu pai..E também nosas tias mais velhas irmãs de Tia Ritinha e de Vovó Anna (Maria Anna). Eram elas Ermelinda (Bilú), Tia Jesus (Maria de Jesus), as que me lembro mais. Vou recuperar uma foto bem antiga de toda a família, posando na escada da entrada da casa-grande do Engenho Barra do Dia. Está entre outras fotos e vídeos que fiz para lembrar meus pais que faleceram há cerca de dois anos atrás. Tia Ritinha, acho que foi a mais longeva delas. Vovó Anna faleceu com 102 anos, em 1998. Há um post sobre ela aqui também. Gostaria muito de ter seu e-mail para que pudessemos nos comunicar e nos conhecer pessoalmente. Tenho um amor muito grande por nossa família e isso é vital para mim. Foi um prazer enorme essa sua comunicação. Viva a Internet, meu caro primo !!!

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