quinta-feira, 1 de novembro de 2012

CAÇADOR DE LAGARTIXAS - REPOST

Deu trabalho, mas um dia ficou pronto
Não adianta discutir.. menino é menino, em qualquer circunstância.  Antigamente, aliás, a meninice durava muito mais tempo que hoje.  Uma afirmação aparentemente temerária  como essa, é facilmente comprovável por alguém que tenha 50 anos ou mais. 

Apesar de ter meu trabalho, meu próprio dinheiro e relativa independência, aos 14 anos de idade, nunca abdiquei do meu direito de ser criança.  Assim, aproveitei ao máximo as brincadeiras da idade e até estiquei-as pela adolescência afora, enquanto pude.  Não necessariamente tentando tornar-me um Peter Pan, de quem sou fã, assistindo ainda hoje, em dvd o antológico desenho animado de Walt Disney, com o mesmo prazer que experimentei ao vê-lo na tela do Cine Trianon, nos idos de 1953, 54, por aí..

Mas, é interessante lembrar essa minha vida dupla entre o homem-feito, com emprego registrado em carteira de trabalho de menor e tudo, e o menino de pés no chão, correndo pelas ruas de Casa Forte e do Poço da Panela.

Autografando no lançamento do livro
Com o mesmo entusiasmo eu brincava e trabalhava, não fazendo muita distinção entre a obrigação e o lazer porque, em ambas as situações, o que contava era o prazer. Além de empinar papagaios atormentei, ( e hoje me arrependo disso) as lagartixas do meu bairro.  Fazia laços para apanhá-las, com o talo das folhas de coqueiro.  Retirava da folha a parte verde, sobrando o talo central.  Na pontinha dele, fina e maleável, fazia o laço e partia para as minhas aventuras de caçador. 

Engraçado, como há poucas lagartixas hoje em dia por aí... os edifícios, as ruas calçadas, o barulho e o movimento da cidade, foram expulsando esses bichinhos simpáticos, que punham ovos à vontade nos quintais do meu tempo e ainda se prestavam a conversar conosco:
- Lagartixa, você é uma bobona ?  
E elas assentiam, balançando a cabeça pra baixo e pra cima.



lagartixa na Chapada Diamantina
(Sem quintais, pra onde fugiram as lagartixas?  São uma espécie em extinção ?)

Embora essas preocupações me aflijam hoje, naquele tempo nem passavam pela minha cabeça.  O desafio era chegar perto delas, sem assustá-las, ariscas que eram, colocar bem devagar o laço à frente das suas cabeças e, num movimento rápido e preciso, finalizar a operação, prendendo-as pelo pescoço.

Mas, de uma coisa podem ter certeza: jamais matei alguma, nas minhas caçadas infantis.  Como nesses programas de pesca esportiva de hoje, tão comuns nas estações de TV, tão logo as capturava, eu as soltava para, se elas deixassem, capturá-las em seguida e soltá-las outra vez.

10 comentários:

  1. O Caçador de Lagartixa
    Este eu li e reli, aprovo e recomendo!
    É tudo de BOMMMMMMMM!
    Dulce

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  2. Ô Fred! E depois... íam para a panela?

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  3. Meu caro Anônimo.. Vc acaba de me prestar um grande favor.. Esqueci de compor o resto da postagem, falando sobre o destino das lagartixas.
    Vou consertar aqui, mas fica a surpresa, hehehe
    Abraço !

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  4. Oi, Fred! Passei aqui pra dizer olá e que vou atualizar o meu blog logo logo... Nao tive tempo mesmo, estava estudando muito, mas agora já dá pra voltar. Vejo sempre seus posts. Abraço.

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  5. Oi Juli ! Vc estava fazendo falta mesmo.. Seu Blog é bom demais.. Volte e não saia nunca mais, garota!

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  6. Essa passagem da lagartixa rendeu um comentário no blog do Ricardo Moura. Aproveitei pra contar uma presepada do ano do vestibular.
    Fernando Ramos

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  7. Rapaz.. O Ricardo nunca mais me alertou dos posts novos.. vou até dar uma conferida agora no blog dele.. pensei que ele tinha encerrrado. Gosto muito das suas histórias de Carpina, a velha Floresta dos LEões.

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  8. Caríssimo Fred, essa lagartixinha da foto (na Chapada Diamantina) é uma lagartixa-de-lajeiro, ou de lajedo (Tropidurus semitaeniatus), comum em áreas de afloramento rochoso. Tem o corpo mais achatado, o que lhe facilita se esconder nas brechas estreitas do lajeiro.
    A lagartixa comum, conhecida por lagartixa-preta (Tropidurus hispidus) não tem aquela linha branca longitudinal no dorso e é mais gordinha. Vive também nas cidades, mas não está em extinção. Um amigo, que mora num sítio em Olinda, as alimenta com macarrão cozido!!
    Abraço,
    Galileu Coelho

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    1. Grande Prof. Galileu: cada comentário seu é uma aula. E desta vez não é sobre seres alados, mas sobre minhas amigas lagartixas, que eu tanto perturbei quando criança. De qualquer maneira, não lhes fazia mal e até as ajudava a praticar umas sessões de exercício aeróbico, não é mesmo ? hahahaha.. Muito obrigado pela presença, meu caro !

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  9. Não tive a honra de ler o livro ainda, mas gostaria de saber como adquiri-lo. Certamente será uma deliciosa leitura com as feições do sertão e o questionamento de um ser urbano sobre as coisas desse mundo nordestino.

    Boa semana, Fred Monteiro.

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