quinta-feira, 9 de maio de 2013

GUERREIRO DE LANÇA

Guerreiro de lança de maracatu rural
Tradição que se cultiva desde a infancia

Em Nazaré da Mata, no carnaval de 2005, num encontro regional de Maracatus Rurais, registrei a nobreza do olhar e da expressão deste menino-brincante, orgulhoso das suas vestes de guerreiro de lança de um grupo de maracatu rural. Uma das mais legítimas expressões do Carnaval de Pernambuco, o maracatu rural tem origem na Zona da Mata, em meio aos canaviais dos engenhos de cana-de-açucar. Consiste num cortejo formado por rei e rainha, damas do paço, guerreiros de lança e outras figuras folclóricas oriundas de folguedos como o bumba-meu-boi (mateus e catirina, burrinha e caçador). A orquestra do folguedo é predominantemente percussiva (caixas de guerra, tambores, cuícas e ganzás) mas caracteriza-se pelo uso do trombone (por isso é também chamado "maracatu de trombone").  Tudo isso é comandado por um "mestre" que canta loas de improviso, repetidas pelo contra-mestre e coro das baianas, com suas características vozes esganiçadas pouco inteligíveis no calor das sambadas e dos desfiles.

9 comentários:

  1. Caro Fred, que interessante esses folguedos regionais! Provavelmente, sao resquícios da cultura africana, ne?
    Esse garoto com sua indumentária de guerreiro de lança, parece um príncipe nativo.
    Um abraço,
    Ligia

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    1. há, sim, raízes africanas nessa espécie do gênero maracatu, Lígia. Mas estão presentes também a cultura portuguesa (com personagens do bumba-meu-boi) e indígena (caboclos de lança) tudo sob o largo manto da nossa própria cultura da zona da mata canavieira, com seus repentistas improvisando loas. É uma riqueza cultural só !

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  2. A descrição, que fazes, embora sucinta, desenrola toda uma ação teatral a que adoraria assistir. Interessante como a corte está entranhada - poderíamos falar em inconsciente coletivo? - em várias manifestações populares com reis, rainhas e todo o séquito apesar do longínquo tempo do Império e da falta de visibilidade dos costumes imperiais, restritos a quem vivesse na capital.
    maria-maria

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    1. Na mosca, Maria-Maria ! Você sempre antenada nas coisas da cultura.. quando quiser conhecer essa nossa (e outras mais) tradição, disponha aqui de um guia solícito. Abraço !

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  3. Prezado Fred: que linda a foto, linda sua descrição sobre o Maracatu, coisa nossa, folclore maravilhoso pelo qual tenho paixão.
    Infelizmente, como no nosso país as coisas estão num rumo que parece levar a todos para o inferno, há poucos dias a Polícia prendeu traficantes de drogas usando lanças de Caboclos recheadas de cocaína. Diga se não é para matar de tristeza?
    Um abraço!

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    1. É Zulma ! Esse Brasil de hoje está maltratando muito com os brasileiros que o amam verdadeiramente. Nossa pobre nação, também vítima dos maus homens e dos tempos sombrios que vivemos...

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  4. Olá Fred,
    A foto é maravilhosa, a expressão do garoto é demais!!!
    E é louvável essa sua vocação para fotografar e repassar a cultura.
    Meu abraço,
    Dalinha

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    1. Obrigado, parceira e amiga ! Devolvo em dobro os elogios a você que também cuida com zelo das nossas tradições.

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  5. Engraçado Maestro: a gente fica tão alienado quando vive nos grandes centros, né nao? A gente se isola! A gente vive do trabalho para a mesa do restaurante ou do bar depois do banco da escola. Quer traçar um paralelo de diferenciação entre um lugar e outro? Compare um poema de Cora Coralina com o de Manuel Bandeira ou de Vinícius de Moraes. Quanta cultura diferente que jamais chegará até nós tem no RGS? Como vivem os "oriundi" da Europa que chegaram ao interior do Paraná e de Santa Catarina?
    Quanta e como é a cultura africana vivida na Bahia? Cultura musical, cultura alimentar, cultura disso ou daquilo. No interior do Maranhão existe um município de nome Guimarães, que fica a poucos minutos de Alcântara, onde foi instalado o CLA (Centro de Lançamento de Alcântara). Em Guimarães, existe uma comunidade negra que até hoje conserva quase tudo da cultura negra africana. É o povoado de Damásio. Ali eles vivem e moram da mesma forma que viviam os antepassados do começo dos séculos 19 e 20. Eu, conscientemente, não culpo nem responsabilizo esse "desconhecimento" dessas coisas aos gestores nacionais. Entendo que, num país de dimensões continentais como o nosso, "abraçar e mostrar" tudo isso é muito difícil. Beijos Maria-Maria, Zulma, Dalinha. José Ramos.

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