Guerreiro de lança de maracatu rural Tradição que se cultiva desde a infancia |
Em Nazaré da Mata, no carnaval de 2005, num encontro regional de Maracatus Rurais, registrei a nobreza do olhar e da expressão deste menino-brincante, orgulhoso das suas vestes de guerreiro de lança de um grupo de maracatu rural. Uma das mais legítimas expressões do Carnaval de Pernambuco, o maracatu rural tem origem na Zona da Mata, em meio aos canaviais dos engenhos de cana-de-açucar. Consiste num cortejo formado por rei e rainha, damas do paço, guerreiros de lança e outras figuras folclóricas oriundas de folguedos como o bumba-meu-boi (mateus e catirina, burrinha e caçador). A orquestra do folguedo é predominantemente percussiva (caixas de guerra, tambores, cuícas e ganzás) mas caracteriza-se pelo uso do trombone (por isso é também chamado "maracatu de trombone"). Tudo isso é comandado por um "mestre" que canta loas de improviso, repetidas pelo contra-mestre e coro das baianas, com suas características vozes esganiçadas pouco inteligíveis no calor das sambadas e dos desfiles.
Caro Fred, que interessante esses folguedos regionais! Provavelmente, sao resquícios da cultura africana, ne?
ResponderExcluirEsse garoto com sua indumentária de guerreiro de lança, parece um príncipe nativo.
Um abraço,
Ligia
há, sim, raízes africanas nessa espécie do gênero maracatu, Lígia. Mas estão presentes também a cultura portuguesa (com personagens do bumba-meu-boi) e indígena (caboclos de lança) tudo sob o largo manto da nossa própria cultura da zona da mata canavieira, com seus repentistas improvisando loas. É uma riqueza cultural só !
ExcluirA descrição, que fazes, embora sucinta, desenrola toda uma ação teatral a que adoraria assistir. Interessante como a corte está entranhada - poderíamos falar em inconsciente coletivo? - em várias manifestações populares com reis, rainhas e todo o séquito apesar do longínquo tempo do Império e da falta de visibilidade dos costumes imperiais, restritos a quem vivesse na capital.
ResponderExcluirmaria-maria
Na mosca, Maria-Maria ! Você sempre antenada nas coisas da cultura.. quando quiser conhecer essa nossa (e outras mais) tradição, disponha aqui de um guia solícito. Abraço !
ExcluirPrezado Fred: que linda a foto, linda sua descrição sobre o Maracatu, coisa nossa, folclore maravilhoso pelo qual tenho paixão.
ResponderExcluirInfelizmente, como no nosso país as coisas estão num rumo que parece levar a todos para o inferno, há poucos dias a Polícia prendeu traficantes de drogas usando lanças de Caboclos recheadas de cocaína. Diga se não é para matar de tristeza?
Um abraço!
É Zulma ! Esse Brasil de hoje está maltratando muito com os brasileiros que o amam verdadeiramente. Nossa pobre nação, também vítima dos maus homens e dos tempos sombrios que vivemos...
ExcluirOlá Fred,
ResponderExcluirA foto é maravilhosa, a expressão do garoto é demais!!!
E é louvável essa sua vocação para fotografar e repassar a cultura.
Meu abraço,
Dalinha
Obrigado, parceira e amiga ! Devolvo em dobro os elogios a você que também cuida com zelo das nossas tradições.
ExcluirEngraçado Maestro: a gente fica tão alienado quando vive nos grandes centros, né nao? A gente se isola! A gente vive do trabalho para a mesa do restaurante ou do bar depois do banco da escola. Quer traçar um paralelo de diferenciação entre um lugar e outro? Compare um poema de Cora Coralina com o de Manuel Bandeira ou de Vinícius de Moraes. Quanta cultura diferente que jamais chegará até nós tem no RGS? Como vivem os "oriundi" da Europa que chegaram ao interior do Paraná e de Santa Catarina?
ResponderExcluirQuanta e como é a cultura africana vivida na Bahia? Cultura musical, cultura alimentar, cultura disso ou daquilo. No interior do Maranhão existe um município de nome Guimarães, que fica a poucos minutos de Alcântara, onde foi instalado o CLA (Centro de Lançamento de Alcântara). Em Guimarães, existe uma comunidade negra que até hoje conserva quase tudo da cultura negra africana. É o povoado de Damásio. Ali eles vivem e moram da mesma forma que viviam os antepassados do começo dos séculos 19 e 20. Eu, conscientemente, não culpo nem responsabilizo esse "desconhecimento" dessas coisas aos gestores nacionais. Entendo que, num país de dimensões continentais como o nosso, "abraçar e mostrar" tudo isso é muito difícil. Beijos Maria-Maria, Zulma, Dalinha. José Ramos.