quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

DOUTOR, EU NÃO SOU POETA !


Nessa atividade diária com a poesia de cordel, de dois anos pra cá, tenho aprendido -e muito- com amigos poetas já consagrados.  
O Jornal da Besta Fubana é um polo de desenvolvimento e luta pela manutenção desSa tradição maravilhosa que os poetas nordestinos não deixam morrer.
A literatura de cordel é uma marca na cultura do Nordeste brasileiro que interessa a estudiosos e pesquisadores da literatura universal, tanto pelo seu aspecto folclórico, como do ponto de vista histórico.
Fincou raízes por aqui de tal maneira que é difícil dissociar seus elementos com os da cultura ibérica de onde evoluiu e aqui aportou trazido pelos colonizadores.
Apaixonei-me de tal modo por essa arte que sempre admirei desde a infância, ouvindo os emboladores, cantadores, repentistas em geral, mas nunca havia tentado escrever poesia de cordel. 
Até que, instigado pelo movimento cordelista abundante no Jornal da Besta Fubana, que congrega gente de todo o Brasil, passei a praticar e estudando sempre as formas e modos de versejar, tentando sempre obedecer às rígidas regras dessa arte, tenho hoje algum reconhecimento dos meus pares.
E uma forma de agradecer a eles é divulgar as suas glosas, no meu espaço literário, que são os blogs SETE INSTRUMENTOS e PROSA & RIMA (este desativado, no momento) e também na minha coluna do JBF (Mascate das Lembranças).
Trago então um mote do caro poeta JESUS DE RITA, de Acari, RN, que foi glosado pelo nosso grupo de apaixonados por cordel, destacando Maria de Lourdes Catunda, de Ipu (CE), a nossa querida DALINHA CATUNDA.
O mote é: "Doutor eu não sou poeta, sou curioso somente."  Vamos às glosas:



Jesus de Rita de Miúdo

Queria cumprir a meta
De viver só de poesia
Mas descobri outro dia
DOUTOR, EU NÃO SOU POETA.
Isso muito me afeta
Chegando a ser comovente
Meu esforço diligente
Pra fazer verso perfeito
Mas creio que não tem jeito
SOU CURIOSO SOMENTE.  

Dalinha Catunda 

Nunca tiro o meu da reta
Na hora de versejar.
Não tenho medo de errar
DOUTOR, EU NÃO SOU POETA.
Mas est’arte predileta,
Remexe com minha mente
É mágica e envolvente,
E ninguém me contradiz
Porém sou só aprendiz
SOU CURIOSO SOMENTE.

 Fred Monteiro

Eu atiro a minha seta
mas não acerto no alvo
porque além de ser calvo
DOUTOR, EU NÃO SOU POETA
pois nesta arte seleta
só tem cabra inteligente
daquele tipo de gente
que é difícil encontrar
por isso posso afirmar:
SOU CURIOSO SOMENTE !

Jesus de Rita

Minha alma se inquieta
Triste está meu coração
Pois cheguei à conclusão
DOUTOR, EU NÃO SOU POETA.
Sou apenas um atleta
Aplicado e penitente
Vivendo o meu presente
Aprendendo bem ligeiro
Não sou um Fred Monteiro
SOU CURIOSO SOMENTE.

Fred Monteiro

Eu posso ser até atleta
pois corri a Maratona
sete dias por semana
MAS DOUTOR, NÃO SOU POETA
Passo o chapéu na coleta
pra servir ao indigente
que eu sou neste repente
eu juro e não acreditam
e peço que me repitam:
SOU CURIOSO SOMENTE !

Jesus de Rita

Mas como bom estafeta
Sou atalaia de linha
Aprendendo com Dalinha
DOUTOR, QUERO SER POETA.
Meu espírito arquiteta
Um prédio de bela frente
Com mil versos num repente
Sempre em boa companhia
Pois nessa engenharia
SOU CURIOSO SOMENTE.

Fred Monteiro

Me interessei nessa meta
de glosar esse bom mote
eu sei que sou um pixote,
DOUTOR, EU NÃO SOU POETA..
sou somente “versão Beta”,
Esforçado e persistente,
destemido e renitente,
posso ser, e eu admito
mas digo, muito contrito:
SOU CURIOSO SOMENTE !

Mauricio Santos 

Tentei atingir a meta
Mas não passei do tentar
E sou franco ao declarar
DOUTOR, EU NÃO SOU POETA
Por isso peguei a reta
E saltei do meu batente
Me afastei do repente
Segui outra profissão
Pode anotar meu patrão
SOU CURIOSO SOMENTE

3 comentários:

  1. Pode ir minha glosa?
    Pra mim é queda certa
    Resistir à tentação
    De entrar nessa canção
    DOUTOR, NÃO SOU POETA
    Mas me jogo na festa
    E balanço a mente
    Arranco um repente
    Na marra, vou chorando
    E reconheço, suando
    SOU CURIOSO SOMENTE

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    1. Primo, você já era poeta antes de nascer. Curioso sou eu, que comecei ainda agora. Abração, Zezinho!

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