ESCOLA RISONHA E FRANCA
Pra quem tem mais de 60
e ainda tem memória
vale a pena recordar
um pouco da nossa história
da meninada feliz
que teve tudo o que quis
nos tempos da palmatória
A mãe acordava a gente
botava pra tomar banho
e um cafezinho quente
um sanduíche de queijo
uma fruta e mais um beijo
No caminho da escola
encontrava a turma amiga
um sempre levava a bola
no recreio, sem intriga,
a gente se divertia.
atrás da bola corria
raramente tinha briga
Na bolsa de couro, antiga
iam os livros e o caderno
lapiseira, cola e tinta
tabuada, o meu inferno,
não aturava Gramática
e nem sequer Matemática
Eu gostava de História
também de Geografia
em Ciências me virava
hoje o que eu mais queria
é que o tempo voltasse
e essa rotina passasse
a ser o meu dia-a-dia
Minha cartilha rasgou-se
a farda virou um trapo
os sapatos já não cabem
da bolsa só um farrapo
minha farda desbotou
minha esperança acabou
da velhice eu não escapo..
A primeira professora
a gente jamais esquece
eu me lembro com saudade
e a lembrança me aquece
De Dalu e de Ceminha
Siluca e Dona Carminha
e elevo a Deus uma prece
Que Ele as proteja todas
que me deram acolhida
ensinando-me o caminho
do Saber que elucida
abrindo tantas janelas
que a luz entrando por elas
iluminou minha Vida
Caro amigo Fred, pra quem nao aturava Gramática, voce se saiu bastante bem, ne nao?
ResponderExcluirParabens pela linda homenagem poética!
Grande abraço,
Ligia
Amiga Lígia.. Realmente regras gramaticais não são meu forte. E sei que ainda erro, apesar de tentar escrever corretamente e de fazer da escrita, hoje em dia, o meu trabalho e o meu prazer. Abração!
ResponderExcluirEita tempão bão, Maestro! Me alembro que, naquele tempo, levava a merenda de casa para o colégio. Filho pobre de pais pobres. Hoje a meninada (inclusive a nossa, a que veio de nós) tem cantina na escola, com pizza, coxinha, suco disso e daquilo, refrigerante, iogurte e tudo mais. Eu, pobre coitado, levava um pedaço de pão com açúcar dentro. Às vezes, levava também apenas uma banana. Na hora do recreio, comia e depois bebia água. Mas estou aqui, né não? DETALHE: na escola todos eram tão pobres que, às vezes, daquele meu pedaço de pão com açúcar, eu dividia com um ou outro. Os tempos mudaram! E como mudaram! DETALHE 2 : nenhum da família virou ladrão. Nenhum da família nunca roubou nada de ninguém. Nenhum da família virou homossexual ou prostituta. Nenhum da família jamais entrou pela porta de uma delegacia de polícia. Isso nos ensinaram meus pais e me edificou a primeira professora (ensinava todas as matérias): Mundica. Que Deus a tenha sempre ao lado dele. José Ramos o Enxugadordegelo.
ResponderExcluirPois então eu tenho muita sorte, Seu Zé Ramu.. No Grupo Escolar Martins Júnior, onde estudei (era mantido pelo Estado) a merenda servida era muito boa: um sanduíche de queijo e um copo de leite. Todo mundo gostava demais. Idem na Escola Pe.Donino, que era também mantida por uma chamada Caixa Escolar. No Grupo, que era perto da Fábrica da Torre, 90% dos meus colegas eram filhos de operários da Fábrica. Meus filhos já estudaram em escolas particulares, mas nunca lancharam em cantina. Levavam o lanche de casa, sempre. Afinaol, somos do mesmo tempo, praticamente. E que tempo bom.. Por isso que dá saudade.
ResponderExcluirVoltei. Eu não alcancei escola servindo ou oferecendo merenda. Isso é coisa nova. A gente tinha que levar a merenda, de casa. Quando muito, se comprava bolacha ou pão em algum comércio, mandava passar manteiga ou colocar doce de goiaba dentro e levava. Eu sempre estudei (em todos os níveis) em escola pública, e aprendi - porque sempre quis aprender. Estou no segundo casamento. No primeiro casamento, duas filhas, cariocas, moram em Fortaleza com a mãe. No segundo casamento, duas moças (uma Jornalista e uma Enfermeira) que estudaram sempre em escola particular e foram para a universidade pública; um rapaz (formado em Nutrição), da mesma forma, estudou em escola particular. A mãe pagou e ele fez Nutrição em universidade particular. Eu não tive esse privilégio e, provavelmente meus olhares são diferentes não apenas pelas mudanças que aconteceram no mundo. Certamente, pela rigidez da minha criação, a retidão dos meus tempos - filho não podia "achar" nada na rua, ainda que fosse um lápis, que os pais mandavam voltar e colocar no lugar onde achou - principalmente de criança. Sempre fui uma criança feliz porque meus pais permitiram isso. Eu brinquei. Brinquei muito e com quase todo tipo de brincadeira. Sempre fiz meus próprios brinquedos - pode ser que, por isso os pais não proibiam nem se preocupavam. Sempre tive limites. Hora de chegar de festas ou quaisquer outras diversões - independentemente da idade - porque a casa tinha apenas uma chave na porta de entrada. A mãe, que passava o dia na labuta doméstica, não se permitia levantar para abrir porta, na madrugada, para seu ninguém. Depois que saí de casa - certamente para testar o que os pais ensinaram, minha vida mudou apenas no limite. Mas continuei sem achar que "agora" poderia fazer aquilo que os pais não permitiam. A boa educação e os bons costumem se mantiveram. Sempre. Aprendi a fazer diferença entre o "mandar" um(a) filho(a) fazer, e o "pedir por favor" para esse mesmo filho (a). E qualquer um deles sabe quando estou "pedindo por favor" ou quando estou "mandando". Eu sempre lhes ensinei isso, porque os meus pais também me ensinaram. Assim Fred, 90% do que aprendi e pratico na vida, aprendi com os meus pais. Meu pai era Comunista, fervoroso, rigoroso, dedicado - e Professor por profissão. Minha mãe, descendente de índios, criava os filhos como se pássaros fossem; como se cada um tivesse a estrutura de um pé de ipê, mas que sempre precisariam de água, terreno e carinho. Mas aprendeu, também, a frequentar e a se comportar em ambientes considerados chiques. Eu tenho um hobby: cozinhar. Ela mesma, para valorizar o que ensinou, sempre disse que eu ganharia mais dinheiro como cozinheiro que como Jornalista. Sei lá, né não?
ResponderExcluirÉ, José.. como eu disse devo ter tido mais sorte quanto à merenda no Grupo. Talvez porque naquele tempo os políticos eram bem mais, muito mais, honestos. E a verba ia pra merenda mesmo. Estudei no Martins Júnior em 1951 a 1952. Depois fomos morar em Casa Forte e ali fui para a Escola Padre Donino, entre 1953 e 1955. Quanto ao mais, nossa vida é bem semelhante. Sou o terceiro de treze filhos e lá em casa não havia moleza. Disciplina, educação reta e muito amor de pais e irmãos, foi o segredo, sempre.
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