Surgiu um dia, na programação do Canal 6, TV Rádio Clube do Recife, um programa patrocinado por um chocolate em pó : Os Patrulheiros Toddy.
Na verdade, o seriado que dava nome ao programa versava sobre as aventuras e desventuras de um pelotão de Rangers do Texas, modernos cowboys com seus chapelões característicos, revólveres à cinta e muita valentia, para entusiasmar as crianças e adolescentes que os assistiam.
(Foto extraída do Blog Anos Dourados) |
Como toda criança da época, fomos mais ou menos colonizados por estórias desse tipo, que não eram de todo desprezíveis, porquanto incutiam nos jovens valores morais como a coragem, o amor à lei e à ordem e a vontade de ajudar o seu semelhante.
Pedro Augusto, nosso irmão, era o quinto na ordem de idade e o terceiro dos cinco filhos homens da casa.
Maior fã dos Patrulheiros, entre nós, não perdia um episódio do seriado por nada neste mundo e sabia de cor o hino e as gesticulações próprias dos cowboys que formavam o pelotão de “rangers”.
Um belo dia, o apresentador local do programa, devidamente uniformizado, anunciou que haveria o sorteio de um traje completo por semana, para formar uma turma de patrulheiros-mirins.
Pedro entusiasmou-se e pediu a Mãezinha pra guardar todos os rótulos de Toddy daí por diante... aliás, pediu o mesmo aos tios e tias mais próximos e até mesmo à vizinhança.
Tanto mobilizou o pessoal que conseguiu, de imediato, vários rótulos do produto os quais, devidamente envelopados com seus dados escritos no verso, foram enviados pelo correio para a emissora, a fim de concorrer ao cobiçado prêmio.
Nos sorteios, éramos todos um só coração a torcer por Pedro. E a coisa terminou por funcionar... certa vez, após o capítulo do seriado, o apresentador trouxe para o meio do palco a urna cheia de cartas e sorteou o ganhador que não foi outro, senão nosso mano: alegria e gritaria geral, muitos abraços, beijos e tapinhas nas costas do nosso herói.
Pedro Augusto, com nossos pais |
Na semana seguinte, lá estava, no Estúdio da Televisão, nosso Pedrão, vestido a caráter, de calças compridas e camisa também de mangas compridas caqui, chapéu de feltro de na cabeça, estrela de xerife no peito, um belo cinto de couro largo, recheado de balas prateadas, um revólver colt no seu coldre de couro lavrado e um belo par de botas marrons e bem lustrosas.
Junto a outros meninos que já haviam ganhado uniformes e liderados pelo apresentador, cantaram o hino dos Patrulheiros e levaram ao delírio a platéia caseira: “Nós somos os Patrulheiros Toddy, a Lei juramos defender...”
Daí por diante, sempre que brincávamos de “cowboy” Pedrão era o líder... quem discutiria a autenticidade da sua autoridade de xerife texano, diante de um uniforme daquele ?!... Quem desafiaria um revólver tão real e que, por cima, disparava tiros de espoleta de papel, é verdade, mas que soavam como tiros de verdade e ainda deixavam no ar um cheirinho de pólvora como nunca sentimos ?...
(do meu livro de crônicas "Caçador de Lagartixas)
(do meu livro de crônicas "Caçador de Lagartixas)
Caro amigo Fred. Permita-me assim chamar porque, realmente, se lhe chamo de amigo saiba que nesta qualidade são poucos e cabem na mão. Os outros são bons conhecidos. E para ser amigo não necessita, tenha certeza, de viver no mesmo prédio ou ficar perto ou longe. Amigo é para sempre. Eu sou amigo e admirador. Cordeiro
ResponderExcluirAmigo Cordeiro: A recíproca é verdadeira e muito me honra ter um amigo assim. Realmente hoje em dia poucas pessoas podem se dar ao luxo de amizades sinceras. Tenho recebido e curtido bastante seus emails e apresentações, sempre de bom gosto. Um grande abraço pra vc e para toda a ilustre família.
ResponderExcluirNão conheci o Pedrão(era assim que nós dos Tártaros o chamava)como Patrulheiro Toddy, entretanto, tivemos o prazer e a honra de tê-lo como amigo e companheiro acima de tudo.Empresário incansável,imbatível e batalhador, conseguiu vultosos e importantes contratos enfrentando os grandes concorrentes, revelando-se logo cedo ser um Grande Patrulheiro dos seus intuitos.(nunca ganhamos tanto dinheiro, chegou a assustar).
ResponderExcluirFalar de Pedrão muito me comove. Não foi grande somente no tamanho; como filho, irmão, pai, enfim, como um ser humano maravilhoso que muito nos engrandeceu.Com certeza hoje ele é um Patrulheiro do Supremo Criador.
Grande abraço a todos seus familiares!
Walter Neves
Amigo Walter (Gordo): seu comentário muito me sensibilizou. Pedrão não nos sai um dia sequer do pensamento, pelo grande irmão que foi e pelo coração imenso que possuiu, desprendido de tudo e sempre pensando na família e no trabalho. Obr pela homenagem e pelo reconhecimento ao nosso querido Pedro Augusto!
ResponderExcluirCaro Fred,
ResponderExcluirAcabei de descobrir seu blog e ler sua nota e, sinceramente, chorei com a história do Pedrão.
Acontece que a história é idêntica ao ocorrido em minha família, onde mandamos várias cartinhas com rótulo de Toddy, em nome do nosso irmão caçula, José Cláudio. Ele também foi sorteado e recebeu o uniforme completo de Patrulheiro.
Acontece que, há quinze dias atrás, meu mano faleceu e fazia anos que eu não o encontrava, pois moramos em cidades distantes.
Valeu, amigo. Chorar até que faz bem para um velho sentimentalóide como eu.
Um abração prá você.
Paulão.
Paulão, meu caro amigo.
ExcluirPrimeiramente peço desculpas por somente agora ter lido sua emocionada declaração.
Devido a muito "trabalho" com o blog, mais um outro em que sou colunista e também a um jornal impresso, onde tenho coluna sobre música, mais as obrigações caseiras, passo às vezes um tempão sem reler os posts já publicados. Mas hoje, por acaso e pra rever a foto do meu mano querido junto com meus pais, que também já partiram, li seu comentário e também me emocionei. Tenho certeza de que os Patrulheiros Toddy Pedrão e Paulão estão lá por cima, cavalgando pelas pradarias celestiais e rindo muito dessas brincadeiras que nos coloriram a infância, com sonhos de feitos heróicos dos Rangers do Texas. Grande abraço emuita Paz e Saúde !
excelente post e website gostei !
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