quinta-feira, 22 de março de 2012

MEMÓRIAS DO F STUDIO 2 - ORIANO DE ALMEIDA, PIANISTA

Não é todo dia que a gente tem a oportunidade de conhecer ou até conviver com um Gênio.
Eu tenho muita sorte na vida. Conheci e tive a oportunidade, em alguns casos, de conviver com alguns.
Um deles, o maior intérprete brasileiro da obra de Chopin: Oriano de Almeida.

Paraense de nascimento (1921) tornou-se natalense em virtude da mudança dos seus pais para Natal ainda bebê. Iniciou seus estudos musicais com seu tio, o Maestro Waldemar de Almeida, tendo estudado com a grande pianista Magdalena Tagliaferro.

Oriano tornou-se mundialmente conhecido por conhecer e executar com perfeição a obra de Frederic Chopin, a tal ponto de atingir o estrelato respondendo no famoso programa de TV “O Céu é o Limite”, sobre a obra do compositor, ganhando notoriedade internacional em inúmeros concertos por vários países do mundo.

Após um trágico atropelamento, nos anos 80, perdeu os movimentos do braço direito, interrompendo assim sua brilhante trajetória de virtuose do piano.

Oriano de Almeida
(cortesia do Blog do Braga)
Conheci Oriano de Almeida e com ele convivi por quase dois meses, quando, apresentado ao Mestre pela também virtuose Elyanna Caldas, então diretora do Conservatório Pernambucano de Música, fui convidado a remasterizar para o áudio digital a sua obra gravada.  Isso porque fazia  poucos meses que eu havia remasterizado uma fita gravada por Elyanna em homenagem ao centenário de nascimento do compositor paulista Aurélio Gregori.  Sobre Elyanna Caldas voltarei um dia em outro post. 

Ao todo, compilei em 4 CDs dezenas de peças que Oriano guardava gravadas em fitas cassetes bastante antigas.  As gravações originais em fita magnética foram feitas no Estúdio da Rádio MEC.   Exigente, o Mestre sempre discutia e observava o trabalho de filtragem de ruídos e chiados das fitas o timbre do instrumento, etc.  Os originais, já bastante usados, apresentavam aquele chiado de fundo característico e me consumiram dezenas de horas de trabalho no estúdio, até chegar ao resultado final que ele considerou o ideal.

Capa de um dos cds.

Oriano, então já com a saúde debilitada, em virtude de problemas cardíacos, estava hospedado num Hotel  em Casa Forte, próximo ao meu estúdio, e assim nos vimos e por muitas vezes conversamos sobre o andamento do trabalho.

Em 2004, fiquei bastante triste com a notícia da sua morte, por câncer.   Um fim melancólico da carreira artística de um dos maiores músicos brasileiros de todas as épocas. Reproduzo aqui Aquele Realejo de Pigalle, de sua autoria.

5 comentários:

  1. Grande honra ter conhecido esse moço, viu? Os discos são lindos...Mas o meu preferido é o das Valsas. A Valsa de Paris é de chorar!!
    Salve, Oriano!
    Tati

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  2. É Tati.. Oriano era um gênio, um ser especial. Um desses que, de tão grande, às vezes é pouco observado por quem está prestando atenção nos alvos fáceis mais embaixo, oferecidos por quem não olha pra cima e não visa tanto a perfeição quanto se preocupa com os resultado$$$. Acho que me fiz compreender, hehehe

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  3. Fred Monteiro da Cruz, gostaria de te agradecer pelas palavras elegiosas direcionadas ao meu falecidi tio Oriano Correa de Almeida, irmão do meu pai Ossiam Correa de Almeida. Existem tantas coisas escritas sobre as pessoas que desconhecemos que quando acessamos a internet descobrimos como elas foram importantes, para muitos e para o seu país.

    Um grande abraço,

    Raymundo Almeida.

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  4. Caro Raymundo: tive a honra e o prazer de conviver por 3 meses com o Maestro e grande virtuose Oriano de Almeida. Uma gênio, de personalidade marcante. Fiz no meu estúdio a digitalização de suas fitas cassete, gravações bem antigas, do Estúdio da Rádio MEC e da Rádio Transamérica, mais uma transcrição de um LP e outras fitas de concertos que ele promoveu na residência do então Governador do Rio Grande do Norte. Muito perfeccionista e metódico, Oriano me impressionou com sua imensa cultura pianística e sua execução primorosa como um dos maiores intérpretes do mundo da obra de Chopin. Também me marcaram as suas composições belíssimas da fase em que morou em Paris e o seu trabalho regional. Infelizmente, nesses tempos amargos para a música brasileira, infestada de péssimos "artistas" que nunca viram pela frente uma partitura musical e apelam para os mais abjetos motivos em busca de dinheiro fácil, nesses pagodes e "forrós" de mau-gosto, está mais do que na hora de resgatarmos os nossos verdadeiros gênios. Gênios que -a exemplo de Oriano - são esquecidos por quem devia exaltá-los. Eu tenho um profundo pesar por isto que acontece, em todo o Brasil. Aqui em Pernambuco, faço o que posso para louvar nossos grandes compositores e músicos. Mas, paciência... remar contra a corrente é uma tarefa inglória. Conte comigo para jamais deixarmos que se perca a memória musical do Mestre Oriano. Pode estar certo: seu Tio é um dos maiores nomes da música brasileira e esse galardão jamais lhe será retirado ! Um forte abraço extensivo a todos os familiares do Mestre !

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  5. Caro Fred,

    Quando menino, tive a oportunidade de ouvir o Oriano tocar, e ele me deixou profunda impressão, como pianista e como pessoa. Gostaria imensamente de ter seus registros fonográficos, sabes se eles estão disponíveis em formato digital (CD),e onde posso encontrá-los? Grato,
    A.Nascimento.

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