Um amigo músico da Banda Sinfônica estava saindo para o exercício da sua justificada aposentadoria compulsória, ao completar ano passado os seus 70 janeiros.
Meio atarantado com a idéia de partir “na marra” para o “otium cum dignitatis” de que fala o grande Cícero, expressão rebuscada mas às vezes odiada, o Américo (este é o seu nome) ficou ressabiado, como costuma acontecer nessas horas.
Chateado, aparecia lá pelo Estúdio de vez em quando e me falava da sua preocupação no seu novo "status quo".
Américo, Bombardino de Ouro, como eu costumo chamá-lo é um cara simples, de poucas palavras, humilde mesmo. Mas o som que tira do seu bombardino, tocando um frevo-de-bloco, um dobrado, um maxixe, é algo para se aplaudir.
Aquele som que, no meu tempo de menino, ouvindo as Bandas pelos Coretos do Recife e Olinda, eu aplaudia com fervor.
O Bombardino, para mim, está na Banda de Música como o Violoncello está na Orquestra Sinfônica. Um instrumento que fala como os humanos. O seu nome oficial, nos meios musicais é EUFONIUM ou EUFÔNIO. De origem grega, significa O SOM IDEAL, PERFEITO. Uma voz sonora que aconselha a Banda ou a Orquestra, naquele timbre que nos lembra um Pai cuidadoso. Um timbre que soa entre o tenor e o barítono, entre a energia de uma repreensão e o conselho de um amigo.
Assim, para expressar o meu respeito pelo músico e pelo bombardino, compus, em homenagem a ambos, um Maxixe, a que dei o nome de “Americando”.
Gravei esta música, arranjada por Edson Cunha, com os amigos da “Bandinha do Fred” (é assim que o Hugo Martins denomina a Banda que formei lá no F Studio) e além da percussão, fiz questão de tocar o Banjo-tenor, com aquele “sacolejo” que somente o banjo sabe transmitir. Então, para relembrar os Anos 20, 30, do século passado, vai aqui minha homenagem ao “Bombardino de Ouro”.
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